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Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

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que nós viemos falar, não sei <strong>para</strong> que serve <strong>uma</strong> conversa com umcoletivo tão qualificado como vocês –, que diz respeito à criminalizaçãoda homofobia, n<strong>uma</strong> aposta na punição e na apenação pela via privação<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Quero afirmar que esse é um equívoco e que essa é <strong>uma</strong>linha muito problemática <strong>para</strong> a perspectiva dos direitos h<strong>uma</strong>nos e dastransformações culturais em direção a <strong>uma</strong> <strong>socieda<strong>de</strong></strong> justa.Eu sou do movimento pelo fim possível das prisões. O que foifeito <strong>para</strong> excluir não serve <strong>para</strong> incluir! Penso que os hospícios, osmanicômios e as prisões são instituições que têm a ver com a repressãoe com a manutenção <strong>de</strong>ssas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s oprimidas e guetizadas. Pensoque temos um sistema global <strong>de</strong>ntro da produção capitalística <strong>de</strong>ssasopressões. Então, não creio ser possível avançar dizendo: “Eu me livroda minha opressão produzindo outras opressões”. Não acredito nisso, eacho que nós temos aí um importante problema. É a mesma discussãocom as companheiras feministas em relação ao tema da Lei Maria daPenha. “Prisão é a solução. Vamos pren<strong>de</strong>r as pessoas que <strong>de</strong>srespeitamas pessoas”. Esse <strong>de</strong>sejo vingativo <strong>de</strong> fazer retribuir sobre o outro a dore o sofrimento, <strong>para</strong> coibir a violência, não me parece sustentável doponto <strong>de</strong> vista da coerência ética.A prisão é <strong>uma</strong> invenção da mesma <strong>socieda<strong>de</strong></strong> que inventou essasoutras guetizações todas e ela, efetivamente, nós o sabemos, não nosconduz a nenhum tipo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> laço social. O que foi feito<strong>para</strong> excluir não serve <strong>para</strong> incluir. Nós não po<strong>de</strong>mos seguir dando essaresposta. Eu estou dialogando aqui com a proposta que acha que tem <strong>de</strong>pren<strong>de</strong>r: “Tem <strong>de</strong> pren<strong>de</strong>r. Prisão inafiançável”. Como se nós pudéssemos,mediante esse artifício da ameaça com o pior, produzir o melhor, criar <strong>uma</strong>coibição. Não acredito nessa via. Acho que, n<strong>uma</strong> perspectiva <strong>de</strong> educaçãoe transformação social, o Estado po<strong>de</strong> agir, como <strong>de</strong>tentor do monopólioda violência, em relação aos que produzem sofrimento <strong>para</strong> outrem poroutras vias, como penalizar por multa, investir n<strong>uma</strong> justiça restaurativa,reeducadora... Ou seja, o Estado tem muitas formas <strong>de</strong> produzir o laçosocial, <strong>de</strong> reconstruir, <strong>de</strong> propor reconstrução do laço social.Queria, portanto manifestar minha discordância com essa parte,indicando ao CFP que neste ponto lute contra a homofobia, mas não<strong>de</strong>scarte seus compromissos <strong>de</strong> crítica ao sistema penal nem a lutapelo fim possível das prisões, apontando a perspectiva do investimento225

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