12.07.2015 Views

Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

incentivado, reprimido, e assim por diante. Faz parte <strong>de</strong>sse sistemao modo <strong>de</strong> viver a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, ou seja, o que seria <strong>uma</strong> <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>“normal” e, por extensão, <strong>uma</strong> <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> “patológica” (leia-se: aquelaque vai contra a socialmente aceita).Em nossa cultura, apren<strong>de</strong>mos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que nascemos, que a única<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> lícita, correta, aceitável, é o mo<strong>de</strong>lo heteros<strong>sexual</strong>. Ou seja, acultura é heterossexista. As expressões da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> que não se encaixamno mo<strong>de</strong>lo hegemônico são <strong>de</strong>scartadas e, como vimos, até mesmotratadas como doenças. O mo<strong>de</strong>lo homos<strong>sexual</strong> <strong>de</strong> viver a afetivida<strong>de</strong>e a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> faz parte das <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>s ditas <strong>de</strong>sviantes. Esse valornegativo, assim como o positivo em relação às heteros<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>s, éintrojetado pelo sujeito em constituição. Enten<strong>de</strong>mos então, facilmente,o porquê da homofobia entre os próprios homossexuais 102 .O discurso social constrói as referências simbólicas do masculinoe do feminino e dita os parâmetros que <strong>de</strong>finem a “<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>normal”. Consequentemente, o sujeito homos<strong>sexual</strong>, marcado pelosi<strong>de</strong>ais da <strong>socieda<strong>de</strong></strong>, se sente “<strong>de</strong>sviante”, posto que excluído dodiscurso dominante. Os homossexuais nascem em <strong>uma</strong> <strong>socieda<strong>de</strong></strong>cuja organização simbólica cedo lhes ensina que sua forma <strong>de</strong> viver a<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> é errada. Uma pessoa durante um processo analítico disse:“Primeiro aprendi que ser homos<strong>sexual</strong> era anormal. Depois, <strong>de</strong>scobrique era homos<strong>sexual</strong>. Ou seja, que eu era anormal. O que fazer?” Esse, einúmeros outros exemplos, traduzem a luta interna entre a verda<strong>de</strong> dosujeito e os valores socialmente introjetados.Como vimos, somos con<strong>de</strong>nados à i<strong>de</strong>ntificação por falta <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, e os processos i<strong>de</strong>ntificatórios são tributários do sistema<strong>de</strong> valores da cultura da qual emergem. É mediante todo esse processoque a cultura nos “h<strong>uma</strong>niza”, mostrando, ao mesmo tempo, sua<strong>diversida<strong>de</strong></strong> e <strong>de</strong>sconstruindo a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>uma</strong> natureza intrínseca ereguladora.102 - A introjeção da homofobia po<strong>de</strong> estar presente, por exemplo, naquelas pessoas que dizem que “a primeiracoisa que faço quando conheço alguém é dizer que sou gay”. Ora, acredito que ninguém tenha a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>falar, como apresentação, que é hétero. O mesmo vale em situações em que o sujeito reúne a família <strong>para</strong> contarque é gay e, ainda pior, <strong>de</strong>sculpar-se, às vezes em prantos, pelo <strong>de</strong>sgosto que traz à família. A esses exemplos,po<strong>de</strong>ria acrescentar vários outros.236

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!