12.07.2015 Views

Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>uma</strong> pessoa? Imaginemos a seguinte situação: <strong>de</strong> repente, começa-se acategorizar, isto é, usar como categoria <strong>de</strong> subjetivação, <strong>para</strong> pensar o serh<strong>uma</strong>no, a realização ou não do sexo oral. Que nome seria dado a essa,digamos, “orientação <strong>sexual</strong>”? Mas antes, faria essa prática o referente<strong>para</strong> pensarmos <strong>uma</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> orientação <strong>sexual</strong>? Ou seja, por que osórgãos sexuais, cito pênis e vagina, foram eleitos como referência <strong>para</strong>se pensar a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>? Afinal, só o ato <strong>sexual</strong> com penetração é capaz<strong>de</strong> nos dar prazer?Um pouco <strong>de</strong> história. Descobri-me gay há pelo menos vinte anos.Sempre senti que tinha <strong>de</strong>sejo por pessoas do mesmo sexo biológico queo meu. Entretanto, a minha saída da análise vem junto com esse textoaqui do Guy Hocquengheim 25 , o qual <strong>de</strong>scobri a partir <strong>de</strong> <strong>uma</strong> frase emum capítulo do livro editado pela Suely Rolnik, quando da passagem doGuattari pelo Brasil em 1986 26 . Esta frase está lá... quando o professorLuís Mott lembra ao Guattari a frase do Guy Hocquengheim dizendoque o “buraco do meu cu é revolucionário”. Isso foi libertador <strong>para</strong> mim!Porque isso significa dizer que eu faço o que eu quiser do meu cu e eunão preciso me culpabilizar por isso. Assim como eu posso fazer o queeu quiser da minha boca, da minha xoxota ou <strong>de</strong> qualquer outra partedo meu corpo, e assim por diante. Eu acho que é um pouco disso quea gente está aqui <strong>para</strong> falar. Não quer dizer, em absoluto, que “dar ocu” seja a solução <strong>para</strong> resistir à soberania da normativa heteros<strong>sexual</strong>.Mas, ao contrário, isso serve <strong>para</strong> nos lembrar <strong>de</strong> que o prazer erótico é,sobretudo, na sua base e fundação, polimorfo, aquém e além <strong>de</strong> qualquernormativa externa, obe<strong>de</strong>cendo apenas aos fluxos e agenciamentos queo produzem contextualmente.Assim, se pudéssemos falar <strong>de</strong> “<strong>uma</strong> palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m” no campo<strong>de</strong> investigação da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> seria, portanto, a questão da polimorfia,a qual resulta em multiplicida<strong>de</strong>s. Agora, pergunto-me: por queprecisamos dar nomes e palavras <strong>para</strong> isso? Em troca do quê? Por quenós precisamos fazer da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> <strong>uma</strong> categoria <strong>de</strong> subjetivação ouum instituto como tantos que têm por aí? Por que ainda existe opressãosobre práticas sexuais não heteronormativizadas? Essa questão, inclusive,25 A contestação homos<strong>sexual</strong>. São Paulo: Brasiliense, 1980. 150 p.26 Suely Rolnik e Felix Guattari. Micropolítica. Cartografias do Desejo. Vozes, Petrópolis, 198651

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!