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Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

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comum: o homos<strong>sexual</strong> que transa o tempo todo e indiscriminadamente.Qual a origem <strong>de</strong>ste estereótipo? Em que ele se baseia? Esse estereótipoestá encarnado em nós como verda<strong>de</strong>. Apren<strong>de</strong>mo-lo pelo tom <strong>de</strong> voz<strong>de</strong> professores e professoras da faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Psicologia</strong> quando elesensinam, por exemplo, o que é perversão.E vocês pensam que isso está <strong>de</strong>satualizado? Este ano, em <strong>uma</strong> <strong>de</strong> minhasaulas, chegou <strong>uma</strong> aluna <strong>para</strong> mim, chorando muito e dizendo que <strong>de</strong>pois<strong>de</strong> três anos teria <strong>de</strong> largar a terapia <strong>de</strong>la, porque, ela dizia, estava vendoessas questões aqui conosco na sala <strong>de</strong> aula 37 . E ela dizia que a psicóloga<strong>de</strong>la falou que o “homos<strong>sexual</strong>ismo” é um problema sério, porque, no fundo,as pessoas homossexuais são narcisistas, promíscuas e que, por conta <strong>de</strong>ssenarcisismo, ten<strong>de</strong>m realmente a ter um futuro <strong>de</strong> solidão infeliz. Ela estavatriste e ela dizia o seguinte: “Eu vou largar a minha terapeuta”. Então, essediscurso homofóbico na clínica psicológica não é <strong>de</strong>satualizado, isso estásuperatual, isso está em vocês, isso está em mim, está em todos nós.Assim, criou-se na história <strong>de</strong> construção das teorias psicológicastodo esse imaginário sobre a promiscuida<strong>de</strong> e a perversão comoatributos inerentes à homos<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>. Inclusive, em relação às <strong>para</strong>dasLGBT, o discurso <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>s pessoas que partici<strong>para</strong>m da <strong>para</strong>da em SPneste ano dizia o seguinte: “Aquilo lá está <strong>uma</strong> <strong>de</strong>pravação!” Aí eu ficopensando o seguinte: esse é um olhar moralista em relação à ParadaLGBT, mas ao mesmo tempo, pensemos o país on<strong>de</strong> nós vivemos. Nadaacontece por acaso, tudo acontece <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu contexto. Então, selá nos EUA, a Parada LGBT parece marcha nupcial, pois tudo está bemorganizado em setores, isto é, tem o bloco dos SM, dos pais gays, dasmães lésbicas, dos gays com <strong>de</strong>ficiência auditiva etc., eu não acho issonem bom nem ruim, mas, a partir <strong>de</strong> um olhar que se interroga sobre aética do corpo e o direito que se está reivindicando na Parada LGBT <strong>de</strong>SP, eu me pergunto: Qual é o direito? Não seria justamente o direito <strong>de</strong>se expressar <strong>sexual</strong>mente, em plena luz do dia, como o fazem as pessoasheterossexuais, que po<strong>de</strong>m se beijar à vonta<strong>de</strong> em ponto <strong>de</strong> ônibus,lanchonete, fila <strong>de</strong> cinema etc.? O direito a existir à luz do dia? A nãoter <strong>de</strong> se escon<strong>de</strong>r das reprimendas homofóbicas? É essa a leitura que37 Refiro-me à disciplina obrigatória do curso <strong>de</strong> graduação em <strong>Psicologia</strong> da Unesp, campus <strong>de</strong> Assis, <strong>de</strong>nominada“<strong>Psicologia</strong>, gêneros e processos <strong>de</strong> subjetivação”, a qual divido com meu colega Prof. Dr. Wiliam Siqueira Peres, emque falamos sobre homofobia, entre tantos outros assuntos relativos ao tema.62

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