que no dia seguinte eu acordasse normal, porque se todo mundo gostava<strong>de</strong> menina, todo mundo gostava <strong>de</strong> bola, só eu não, qual era o problema?Era eu, e isso <strong>para</strong> <strong>uma</strong> criança é muito cruel.Até quando a sua travestilida<strong>de</strong> aflora e você liga o “dane-se”. Vocêvai embora e quer ver gente, isso <strong>para</strong> mim é vital como respirar. Eusei que eu vou pagar todos esses preços, eu sei que vou assinar essecontrato <strong>de</strong> abrir mão <strong>de</strong> todos os meus sonhos e direitos, mas não dá<strong>para</strong> viver sem ser assim.Então, essa emergência, esse entendimento <strong>de</strong> que essas pessoastêm um gênero <strong>de</strong>finido, têm um gênero próprio, que não é ummodismo, que não é festa Por exemplo quando eu falo que não mecomparem a <strong>uma</strong> “Drag Queen”, mas falam “Mas você é <strong>de</strong>sfeminina”.Não me compare porque daí vira <strong>uma</strong> manifestação artística e eu nãosou <strong>uma</strong> manifestação artística, não transito em gêneros. Está certo,quando eu vou <strong>para</strong> casa eu tiro a maquiagem, porque tem muito barroaqui <strong>para</strong> tirar, mas não diferente da Ângela Bismark. Eu <strong>de</strong>smonto omeu personagem feminino e fico n<strong>uma</strong> “vibe” mais simples <strong>de</strong>ntro domeu outro personagem feminino, que é a dona <strong>de</strong> casa, a esposa, e jánão é a figura pública. É um <strong>de</strong>smontar, um transitar entre gêneros.Obviamente, eu digo que travesti não é homem e travesti não é mulher.Travesti é travesti. Travesti é <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> única, formulada <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> <strong>uma</strong> criação masculina, somada, em <strong>de</strong>terminado momento, a <strong>uma</strong>criação feminina.Alg<strong>uma</strong>s coisas são particulares aos travestis, a nossa facilida<strong>de</strong> empôr o nosso <strong>de</strong>sejo <strong>sexual</strong> em prática, nós sermos aquelas mulheresque caçam, que buscam. Nós temos essa nossa liberda<strong>de</strong> <strong>sexual</strong>, essanossa permissivida<strong>de</strong> que é peculiar. Isso é o encontro das águas domasculino com o feminino que cria <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> única. Quando voupôr em prática a minha <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, a minha vivência feminina, já existetoda <strong>uma</strong> estrutura psicológica formulada no masculino sobre o que euposso, o que eu não posso, sobre o que eu me permito ee o que eu nãome permito, e isso cria <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> única.A partir <strong>de</strong>sse entendimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> única, os formandos,os pais têm <strong>de</strong> ser orientados <strong>para</strong> que conheçam seus filhos, osrespeitem e entendam e se entendam, achando o melhor caminho<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse fenômeno. Não você tratar, como eu vi <strong>uma</strong> vez num74
programa, o programa Márcia, que tinha um psicólogo cuidando <strong>de</strong>alguns casos <strong>de</strong> homos<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>. , Acho super interessante você veresses programas porque é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver como o povão quenão está nem aí, que se presta, que se posiciona e o que pensa, éum gran<strong>de</strong> termômetro. E havia o psicólogo, um homos<strong>sexual</strong> e <strong>uma</strong>travesti. Para a mãe do homos<strong>sexual</strong>, o psicólogo falava que ela tinhaque enten<strong>de</strong>r, que ele trabalhava, que ele era um cara normal; <strong>para</strong> afamília da travesti, ele simplesmente disse: “Se você fosse homos<strong>sexual</strong>,disso você não teria culpa, mas ser travesti... Olha a que você estáexpondo a sua mãe”.Então, há dois pesos e duas medidas totalmente diferentes. Seexiste o entendimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> pessoa não ser homofóbica, não querdizer que a pessoa não seja transfóbica, porque há muita gente queadora o homos<strong>sexual</strong>, principalmente o gay <strong>de</strong> estimação. “Ah, eutenho um amigo gay. Ele vai sempre lá em casa. Só não po<strong>de</strong> levarnamorado, se tiver <strong>uma</strong> festa ele não po<strong>de</strong> beijar e tudo, mas eu adoroele, ele é gente finíssima. É, eu me dou com gays, não discrimino não,eu o cumprimento na padaria, sou super legal”. Existe esse gay <strong>de</strong>estimação, ou até outro tipo <strong>de</strong> gay <strong>de</strong> quem eu gosto também:“Ah, meu amigo é gay, o William é gay, mas ele nem parece, eu gostoassim, bem discreto. Ele e o casinho <strong>de</strong>le: você pensa que é sobrinho,ninguém nem percebe”.Agora <strong>uma</strong> travesti não, nem com esse falso posicionamento elavai ser aceita. Hoje em dia, é muito cruel, não ver você, não ver <strong>uma</strong>mulher a<strong>de</strong>quada como Beth. Vocês a<strong>de</strong>ntram, então, pela porta dopreconceito social, que é o que há <strong>de</strong> maior. Ah! a travesti é outramulher a<strong>de</strong>quada, mas a outra é psicóloga, outra é gestora no Rio,Então, enquadra-se melhor ela do que <strong>uma</strong> pessoa que não sejatran<strong>sexual</strong>, também é feinha, não seja arr<strong>uma</strong>da como a gente, nãoseja a nossa altura.É por isso que nós entramos. É muito triste o que a gente discutena reunião. E falam: ah mas você tem um <strong>de</strong>staque, você frequentaalguns lugares tristes. Triste é eu ter <strong>de</strong> vir aqui, o meu <strong>de</strong>staque,a minha posição social é <strong>para</strong> dizer que eu tenho menos direito,que socialmente eu sou menos, que socialmente as pessoas nãome aceitam, ter o tempo todo <strong>de</strong> solicitar parcerias <strong>para</strong> garantir o75
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