12.07.2015 Views

Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Nenhum indivíduo nasce “sexuado” e tanto a sexuação quanto asubjetivação e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> são produtos finais das relações que o recémnascidoestabelece com os outros (BUTLER, 1990). O fato <strong>de</strong> nascermos“<strong>sexual</strong>mente indiferenciados” faz que as diferentes expressões da<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> sejam tributárias das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r – heterossexuais –responsáveis, entre outras coisas, pela homofobia.Se, como nos informa a psicanálise (FREUD, 1915), a pulsão <strong>sexual</strong> nãotem objeto fixo <strong>de</strong> satisfação, ninguém está ao abrigo <strong>de</strong> ser interpelado(a)por um objeto que evoque moções pulsionais homossexuais. Entretanto,a hegemonia discursiva dominante, que impõe a forma “correta” da<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, inibe toda expressão da pulsão <strong>sexual</strong> que escape à normasocialmente construída. Ao criar <strong>uma</strong> camisa <strong>de</strong> força do tipo “ou xou y”, ou heteros<strong>sexual</strong> ou homos<strong>sexual</strong>, a organização simbólica nãoapenas impe<strong>de</strong> <strong>uma</strong> flui<strong>de</strong>z pulsional menos conflitual, como impõeum discurso dogmático estigmatizante, que classifica os sujeitos comonormais ou <strong>de</strong>sviantes a partir <strong>de</strong> sua orientação <strong>sexual</strong>.Penso que é justamente neste ponto que alg<strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> ação po<strong>de</strong> serfeita. Ao longo <strong>de</strong> meu trabalho teórico-clínico, tenho sido chamado a darconferências em escolas sobre questões do cotidiano ligadas à <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>.Observo que os projetos <strong>de</strong> “educação <strong>sexual</strong>” não propiciem espaço <strong>para</strong>que as <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>s (insisto no plural) sejam discutidas, fazendo que nãosurtam efeito algum. O silêncio acerca da existência das <strong>diversida<strong>de</strong></strong>spo<strong>de</strong> fazer que <strong>uma</strong> corrente libidinal passe a ser sentida pelo sujeitocomo <strong>de</strong>sviante. Ao sublinhar <strong>uma</strong> <strong>de</strong>terminada forma <strong>de</strong> manifestaçãopulsional, o imaginário social, no qual a escola está imersa, está não apenasimpedindo o curso sadio das pulsões sexuais, mas talvez – e isto po<strong>de</strong> serperverso – direcionando a futura orientação <strong>sexual</strong> da criança.Discutir e <strong>de</strong>sconstruir os argumentos que sustentam a existência <strong>de</strong><strong>uma</strong> <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> normal é a única maneira <strong>de</strong> propiciar um enfrentamentoà patologização e à homofobia. Que este encontro permita assentar asbases <strong>para</strong> esta empreitada.Obrigado pela atenção <strong>de</strong> vocês.237

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!