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Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

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misoginia. Alg<strong>uma</strong>s pessoas acham que misoginia é aversão à mulher. Euacredito que misoginia é aversão ao gênero feminino, haja vista que todosos homossexuais, quando são crianças e são reprimidos... qual é a primeiraofensa e repressão que nós sofremos? “Pare <strong>de</strong> chorar. Você está igual a <strong>uma</strong>mulherzinha”. Isso <strong>de</strong>ixa bem claro on<strong>de</strong> está a origem do preconceito. Antesdo meu preconceito por ser travesti ou da minha i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> com a possívelhomos<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> – na infância nós ainda não <strong>de</strong>tectamos bem – eu souvítima <strong>de</strong> misoginia, eu sou a personificação do <strong>de</strong>sprezo com que a mulheré vista em <strong>socieda<strong>de</strong></strong>. Eu não falo isso com felicida<strong>de</strong>; é com muita tristeza,porque sou enxergada como homem, a classe dominante, vencedora.O meu pior preconceito por ser travesti é “Você renunciou a ser homem<strong>para</strong> se tornar <strong>uma</strong> mulher? Para viver como <strong>uma</strong> mulher?” E o maistriste ainda é, às vezes, a gente ver que a mulher retribui esse preconceitocontra as travestis que é fundamentado no ódio a sua própria figura. Amulher <strong>de</strong>spreza “Não é mulher <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>”, e a discussão não é essa.Na campanha do 29 <strong>de</strong> janeiro do ano passado, nós tivemos doistipos <strong>de</strong> materiais e foram quatro dias <strong>para</strong> pensar em um slogan<strong>para</strong> a campanha. Ao final <strong>de</strong> muita discussão, muito quebra-pau –como é peculiar nas nossas reuniões <strong>de</strong> diretoria <strong>para</strong> se chegar a umveredicto –, o que venceu, a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> várias formas, acho que foimuito legal e foi muito bom <strong>de</strong> ver sua aceitação. O tema era “Mulher<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> respeita os travestis”. Eram dois materiais diferentes. Odo homem era “Respeitar os travestis e transexuais não te faz menoshomem. Te faz mais h<strong>uma</strong>no”. Na da mulher vinha em cima a frase“A união entre mulheres e travestis findará com todo machismo eopressão ao gênero feminino”.Entendo que a primeira consciência que mulheres heterossexuais oumulheres a<strong>de</strong>quadas biologicamente, travestis, transexuais têm <strong>de</strong> ter éum entendimento do respeito ao feminino, do respeito ao gênero, <strong>para</strong>aí, a partir daí, nós pensarmos em discutir machismo. Enquanto nãoa<strong>para</strong>rmos as arestas do nosso gênero, da nossa fragilida<strong>de</strong>, eu achoque vai ficar muito difícil nós conseguirmos implementar <strong>uma</strong> discussãoreal contra o machismo, contra a opressão, contra a <strong>de</strong>svalorização dogênero feminino.A questão da travestilida<strong>de</strong> também é muito importante ser discutidanesse espaço, porque <strong>uma</strong> das minhas gran<strong>de</strong>s preocupações é –70

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