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Religião, Coesão Social e Sistema Político na América Latina

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Estados Unidos, predomi<strong>na</strong>ntemente evangélico, detém 8 santos e 5 beatosreconhecidos oficialmente pelo Vaticano, e o Ca<strong>na</strong>dá 10 santos e 11 beatos. Essaaparente incongruência faz parte da própria história do cristianismo onde, como se sabe,a canonização de um santo extrapola o âmbito espiritual e ingressa <strong>na</strong> órbita do político.Seja como for, vale recordar que em todos os países da <strong>América</strong> Lati<strong>na</strong>, além dos santosoficiais há toda uma leva de santos populares, não oficiais, que são venerados pelaspopulações locais com a mesma devoção daqueles reconhecidos pela hierarquiaeclesiástica.Porém, a <strong>América</strong> Lati<strong>na</strong> não é mais - e, a bem da verdade, nunca foi - umaregião de uma única cultura religiosa, leia-se católica. As igrejas evangélicas, porexemplo, estão <strong>na</strong> região desde o século XVIII e recolhem atualmente 12% dasidentidades religiosas, cerca de 70% delas sendo do segmento pentecostal, sobre o qualnos ocuparemos mais abaixo. Vê-se que a Guatemala, com 39% da população 6 , eHonduras, com 28,7%, despontam como os países mais evangélicos do continentelatino-americano. Isto significa que catolicismo e cristianismo não são mais sinônimos,como fora outrora. Hoje “é facultado ao povo ser cristão, e, ao mesmo tempo, escaparlegitimamente da influência da Igreja Católica” (Sanchis, 1994: 37).Mesmo assim, estamos sempre no campo cristão, o qual congrega 91% dasidentificações religiosas dos indivíduos latino-americanos. Por isso mesmo, não éexagerado extrapolar toda a <strong>América</strong> Lati<strong>na</strong> a observação feita ainda em 1997 porAntônio Flávio Pierucci, relativamente ao Brasil. Dizia ele:“Eu acho que no Brasil a diversidade religiosa ainda é muito peque<strong>na</strong>. (...) Daschamadas “grandes religiões da humanidade” ou “religiões mundiais”, quais são as quenos fertilizaram com idéias e instituições, quais as que nos tem formado pra valer?Temos o cristianismo, e só. (...) Costumo falar, de brincadeira, que o destino (religioso)do cidadão brasileiro (religioso) não é <strong>na</strong>da invejável – é converter-se de católico emprotestante” (Pierucci, 1997: 259-260).As religiões outras que constam em vários países latino-americanos referem-seao judaísmo, às religiões indíge<strong>na</strong>s, às religiões orientais, às religiões afro-america<strong>na</strong>s(Candomblé, Umbanda, Santeria, Vodu, etc), às espíritas, e a um conjunto dereligiosidades que a literatura denomi<strong>na</strong> de “religiões populares” e práticas “místicoesotéricas”ou de “novos movimentos religiosos”. Trata-se de religiões minoritárias, doponto de vista político e demográfico, algumas conhecendo um certo declínio de fiéis(afro-america<strong>na</strong>s), outras recorrendo aos sincretismos como estratégia de se manteremenquanto religiões relativamente autônomas (espíritas, orientais e, é claro, também as10

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