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Religião, Coesão Social e Sistema Político na América Latina

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pobre e a metade desta cifra é composta de pessoas que se encontra em estado demiséria. De acordo com Ricardo Peñafiel, é sobretudo junto a esta população que odiscurso bolivariano de Chavez obtém sucesso e isto se deve à sua capacidade dearticulação de certos imaginários - notadamente o de povo, de Deus e de pobreza - queadquirem força e efeitos instituintes do social (Peñafiel, 2006).Chavez proclamou, por exemplo: “Eu já não sou mais eu, eu sou o povo que estáaqui de pé, com sua coragem e sua dignidade escrevendo de novo sua história, o povode Bolivar” (13/04/2003). Neste caso, afirma Peñafiel, o povo consiste numa figura delegitimação, povo é ator (Id. Ibid.).Segundo a pesquisa realizada em 2003 por André Corten e sua equipe daUniversidade de Quebec, em Montreal, a Venezuela figura, como foi reiterado acima,no lado oposto ao do México. Enquanto o imaginário dos fiéis, sobretudo católicos,deste último país, é fracamente impreg<strong>na</strong>do do religioso instituído, os imagináriosreligiosos instituídos contam bastante tanto entre os católicos quanto entre osevangélicos das camadas baixas venezuela<strong>na</strong>s, e mesmo entre os universitários deinstituições públicas e privadas do país (Corten et alii, 2007).Corten acrescenta que se, por um lado, <strong>na</strong> Venezuela se é bastante permeável aosimaginários religiosos, se é também bastante tipificado em matéria política, sobretudo<strong>na</strong> confiança depositada no Estado, diferentemente do México, como vimos, ou deoutros países latino-americanos, cuja média é de 40% entre os católicos e pouco menosentre os evangélicos a considerar, por exemplo, que “o Estado é o inimigo do povo”. NaVenezuela a porcentagem cai para 20% entre os católicos e para 12% entre osevangélicos. Isto significa que “mais de dois terços dos Venezuelanos consideram oEstado como um amigo” (Corten et alii, 2007: 11). Esta tendência venezuela<strong>na</strong> semanifesta, também, <strong>na</strong> baixa aceitação da afirmação de que “para ser um bom políticotem que ser um pouco malandro” (são 25% neste país contra uma média de 41% nosdemais países). A tendência específica dos venezuelanos também aparece <strong>na</strong> crença <strong>na</strong>sleis. Note-se que 70% dos estudantes venezuelanos se posicio<strong>na</strong>m favoravelmente àafirmação de que “a lei se aplica da mesma maneira aos ricos e aos pobres, aospoderosos e às pessoas comuns”. A título de comparação, a porcentagem se situa entre17% e 26% entre os estudantes dos demais países.Assim sendo, <strong>na</strong> Venezuela,42

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