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Religião, Coesão Social e Sistema Político na América Latina

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“tem um Deus dos exércitos e um Deus da guerrilha, um Deus dos ditadores eum Deus dos tiranos vermelhos, um Deus terrível e um Deus dos direitos do homem,um Deus capitalista e um Deus indigenista etc...” (Meyer, 2005: 39).Ultimamente, porém, observa-se uma retração católica do político. Sem estarligada a nenhum sistema ou partido político em particular, a Igreja entende que suaintervenção <strong>na</strong> política <strong>na</strong> atualidade se justifica sobretudo quando estão em jogo adefesa dos direitos humanos e questões sociais (Meyer, 2005). A doutri<strong>na</strong> social daIgreja seria a fonte inspiradora da Igreja e dos políticos católicos <strong>na</strong> busca da justiçasocial e <strong>na</strong> defesa dos direitos humanos, sobretudo dos pobres e dos trabalhadores.Diferente é a situação dos evangélicos e sua relação atual com a política emalguns países latino-americanos (Brasil, Guatemala, Peru, México), onde algumasdenomi<strong>na</strong>ções, sobretudo pentecostais, tentam capturar o Estado, segundo a expressãode Sanchis, por vias democraticamente eleitorais, com:“formação de bancadas denomi<strong>na</strong>cioi<strong>na</strong>is, campanhas fundamentadas noscarismas institucio<strong>na</strong>is dos candidatos (o padre fulano, o pastor sicrano, o bispo...fulano, militante carismático), opções oficiais de Igrejas por determi<strong>na</strong>das candidaturas,obediência eleitoral solicitada dos fiéis, partidos com nomes religiosos, perspectivas deconquista do poder executivo no mais alto nível, ambição de transformar através dasconquistas políticas as identidades <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is: do “Brasil católico”, por exemplo, passara um “Brasil Evangélico” (Sanchis, 2007, inédito).De fato, <strong>na</strong>s últimas décadas os evangélicos, pentecostais sobretudo,abando<strong>na</strong>ram os slogans “tu não participarás” e “crente não se mete em política”, eassumiram os slogans “irmão vota em irmão” e “um crente vota em um crente”(Freston, 2003). Dessa forma, eles encetaram esforços tanto no sentido de inserir seusmembros em cargos eletivos quanto de capitalizar seu potencial político nos períodos decampanha eleitoral. E isto, como no caso do Brasil, mas não somente, tem sido com talênfase que o cientista político Joanildo Burity chega a afirmar que “os partidos ecandidatos que não levam em consideração os grupos religiosos em seu discurso eestratégia correm sério risco de se complicarem ou inviabilizarem eleitoralmente”(Burity, 1997: 46).A explicação para o ingresso evangélico, especialmente pentecostal, <strong>na</strong> políticainstitucio<strong>na</strong>l, recai sobre razões de ordem simbólica e de ordem prática. Ou seja,verifica-se, de um lado, uma leitura pentecostal de que a política está desmoralizadadevido à corrupção, malversação de verbas públicas, apropriação, desvio e uso ilícito de48

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