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Religião, Coesão Social e Sistema Político na América Latina

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É neste contexto cultural que para muitos argentinos ainda hoje o peronismo e areligião se qualificam reciprocamente, apóiam-se mutuamente, os elementos auferidosnum campo sendo utilizados em outro, seja ele tanto do pentecostalismo quanto docatolicismo, <strong>na</strong> sua relação com o peronismo. Porém, <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong>, bem como noUruguai, mas diferentemente do Brasil, como veremos, uma tal aproximação não setraduz diretamente <strong>na</strong> eleição de agentes religiosos nos parlamentos. Isto se deve ao fatode que nos dois países platinos,“o sistema eleitoral é comparativamente mais exigente do que o brasileiro emrelação tanto à quantidade de votos necessários à eleição de um deputado quantorelativamente a seu grau de articulação com uma formação política (...). Assim, é aprópria estrutura do sistema político no Brasil que oportuniza a presença das religiõesno parlamento de uma forma mais generosa do que oferece a institucio<strong>na</strong>lidade política<strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong> e no Uruguai” (Semán e Martin, 2006: 27-29).Igualmente, outra aproximação importante ocorre <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong> <strong>na</strong> associaçãoentre religião e <strong>na</strong>ção, que formam parte de um contraponto “no qual a religião católicaé um bem “<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l” e a pátria é tanto uma entidade “sagrada” como objeto debendição” (Semán, 2000: 295). Só que pátria é, acima de tudo, “el pueblo”, “el barrio”,“la gente de aqui” (Id. Ibid.: 298). Aparece, então, outra importante dimensão doencontro do peronismo com a religião, pentecostal ou católica. Trata-se do dever detodos de “ayudar al necesitado”, isto é, <strong>na</strong> ação visando à melhoria da qualidade de vidadas pessoas das camadas mais desfavorecidas. Embora proliferem <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong> asinstâncias informais de ajuda recíproca, elas também existem no âmbito das igrejas,enquanto práticas religiosas não destituídas de referências políticas, sobretudoperonistas.Tais atividades de ajuda que, repito, ocorrem tanto nos meios pentecostaisquanto católicos, expandem-se entre vizinhos e familiares que ao acio<strong>na</strong>r suas redes desolidariedade criam refeitórios infantis, “mantém associações de mulheres quecooperam <strong>na</strong> produção de bens domésticos de consumo próprio e de venda (pão,têxteis)” (Id. Ibid.: 274), organizam serviços de apoio escolar para os seus membros,“concretizaram o projeto de instauração de rádios de freqüência baixa que implicaramum forte envolvimento das suas respectivas comunidades” (Id. Ibid.). Além disso, écomum as igrejas e templos se encarregarem de controlar as vaci<strong>na</strong>ções, a assistênciamédica das crianças em idade escolar; elas também mantém parcerias com as prefeiturase com as associações de moradores dos bairros.24

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