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Religião, Coesão Social e Sistema Político na América Latina

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Durante o regime militar (1964-1985) a Igreja, enquanto instituição, numprimeiro momento apoiou o golpe militar, sob o pretexto de ter ele evitado aimplantação do comunismo no Brasil. Poucos anos depois, porém, a partir de 1968,mudou de posição e até o início dos anos 80, ela se tornou "uma adversária resoluta dosregimes de exceção e uma das forças motrizes <strong>na</strong> luta pela democratização" (Lowy,1997: 198), aparecendo “aos olhos da sociedade civil e dos próprios militares como oprincipal adversário do regime de exceção..." (Id. Ibid.: 202).A posição crítica da Igreja Católica em relação ao regime militar deveu-se a umasérie de fatores, entre eles a influência do Vaticano II e da Conferência de Medellín(1968), a repressão contra setores da Igreja e, sobretudo, segundo M. Lowy, ao papel da"base" religiosa, ou seja,“os meios cristãos – laicos ou membros do clero, militantes da JUC e da JOC,religiosos e religiosas, intelectuais e trabalhadores – ativamente engajados no combatecontra o regime de exceção, que foram, sem dúvida, o "motor" da transformação dainstituição. (Lowy, 1997: 203).Após a abertura política a Igreja continuou vigilante no trato da coisa pública, detal sorte que hoje se pode afirmar “que há uma tradição, constituída e amadurecida, devoz ativa e de presença permanente da Igreja no que se refere à coisa pública, isto é, àvida política em seu sentido mais amplo e abrangente” (Gómez de Souza, 2004: 86).Relativamente à participação direta de membros do clero católico <strong>na</strong> políticabrasileira, nos distintos níveis, vale recordar que o padre Diogo Feijó chegou à condiçãode Regente do Império entre os anos de 1835 e 1837. Talvez seja este o mais alto postopolítico ocupado por um clérigo <strong>na</strong> política <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. No mais, em praticamente todosos estados da federação, em um momento ou outro da política regio<strong>na</strong>l, algunssacerdotes comparecem como candidatos a cargos eletivos, em diferentes níveis. Noentanto, o insucesso é elevado e se deve sobretudo à resistência existente tanto nosmeios sociais católicos à candidatura de sacerdotes a cargos políticos quanto <strong>na</strong>hierarquia católica em permitir e apoiar os membros do clero a participarem diretamentedo político institucio<strong>na</strong>l. Enfim, e não sem menor importância, registre-se também quenão foi criado em nosso país um forte partido democrata-cristão que agluti<strong>na</strong>sse apresença político-partidária dos católicos, diferentemente de países como Itália, Chile eVenezuela. Este fato por certo tem sua importância <strong>na</strong> dificuldade de eleição, seja demembros do clero seja de fiéis católicos <strong>na</strong> vida política <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (Gómez de Souza,2004: 86). Porém, como ressalta este autor, embora tenhamos hoje a presença de27

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