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Religião, Coesão Social e Sistema Político na América Latina

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Com o retorno da democracia, porém, a Igreja perde influência e conflitosaparecem, por exemplo, durante o governo de Alfonsin (1983-1989), em razão daaprovação da lei do divórcio, sancio<strong>na</strong>da em junho de 1987. Mas, por ocasião dos doismandatos do governo de Menem (1989-1999), Igreja e governo se aproximamnovamente. No seu segundo governo Menem abre espaço para a Igreja em questões queconsidera primordiais, como moral, sexualidade e educação; em troca, a Igreja fazcríticas difusas à política econômica posta em prática pelo presidente. Mas, a partir demeados da década de 1990, uma parte do clero argentino começa a tomar distância dogoverno de Menem e a fazer críticas às políticas econômicas neo-liberais. Tambémparte do episcopado se posicio<strong>na</strong> contrária aos subsídios que a Igreja recebe do Estadopara recuperar a sua legitimidade religiosa e autoridade moral e, assim, obter maioreficácia <strong>na</strong> sociedade civil.O governo que segue, de Fer<strong>na</strong>ndo de la Rua (1999-2001), procura “combi<strong>na</strong>ruma operação de moderação do laicismo de seu partido com a afirmação do catolicismodo presidente” (Semán e Martin, 2006: 42). Mas, neste momento, a crise social, políticae econômica crescente provoca a emissão de documentos episcopais cada vez maiscríticos a ponto de - após uma sucessão de presidentes temporários - a Igreja Católicator<strong>na</strong>r-se um dos atores mais importantes da Mesa do Diálogo Argentino, que visava, nomais alto nível, “formular e entregar uma agenda de atividades, propostas erecomendações ao governo” (Id. Ibid., p. 43).Neste momento, a Igreja se distancia de sua trajetória junto ao menemismo, istoé, de uma proximidade em relação ao governo, e abre a possibilidade de uma ala dainstituição alicerçar a (re)fundação da Nação. Dessa forma, após apoiar os governosmilitares e os compromissos com o presidente Menem, a Igreja recupera sualegitimidade social. Ao lado de outras instituições, ela se coloca como sustentáculomoral da Nação. No entanto, a partir de maio de 2003, quando Nestor Kircher assume apresidência, eclode uma série de conflitos entre Igreja e governo, vindo a constituir-senuma “novidade histórica de conseqüências imprevisíveis <strong>na</strong>s relações entre catolicismoe estado <strong>na</strong> República Argenti<strong>na</strong>” (Id. Ibid.: 45).Os conflitos resultam de críticas da cúpula da Igreja ao governo - por exemplodizendo que para sair da crise não basta melhorar alguns indicadores econômicos - e,especialmente, das leis e programas oficiais levados a efeito acerca da saúde reprodutivae da moral sexual. Além disso, uma carta, endereçada pelo bispo Castrense, monsenhorAntônio Basseotto, a Ginés González Garcia, Ministro da Saúde, referente à moral18

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