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Orientações para o professor - Editora FTD

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detectados em sua comunidade, de forma individual e coletiva; atuação firme e consciente contraqualquer tipo de injustiça e mentiras sociais; valorização do patrimônio sociocultural, próprio ede outros povos, incentivando o respeito à diversidade; valorização dos direitos conquistados pelacidadania plena, aí incluídos os correspondentes deveres, sejam dos indivíduos, dos grupos e dospovos, na busca da consolidação da democracia.ConclusãoAo desenvolver a discussão sobre algumas das questões básicas que se colocam <strong>para</strong> o ensinode História, optamos por sugerir uma série de considerações a respeito de dois blocos de questões:os conteúdos e os conceitos. Com certeza, não são questões consensuais entre historiadorese <strong>professor</strong>es de História. Não foi intenção definir conceitos ou sugerir os conteúdos que os alunosdeverão dominar no transcorrer da escolaridade básica. Mas, sim, a de constatar aquilo que estámais consolidado na área, tanto em relação à necessidade de se realizarem seleções de conteúdos– o que já é feito de forma concreta e diversificada na prática da organização escolar – quanto emrelação às considerações sobre os conceitos mais usuais na área de História. A partir dessas consideraçõesé possível iniciar um debate construtivo <strong>para</strong> corrigir, confirmar, ampliar e sugerir outraspossibilidades.Bezerra, Holien Gonçalves. “Ensino de História: conteúdos e conceitos básicos”. In: Karnal, Leandro (org.).História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 41-8.■■Miscigenação e cultura mestiçaNossas confusões em torno da questão do negro estão na base das nossas confusões sobre anossa própria identidade como povo. Nossas misturas raciais foram invocadas, por muito tempo,como motivo de pessimismo em relação ao país. Uma visão positiva do Brasil como sociedademestiça só começou a conquistar os intelectuais nas primeiras décadas do século XX. Pode-se reconheceralgumas antecipações em Lima Barreto, mas, ainda assim, em determinados momentos,este mestiço talentosíssimo foi levado a ver, no mulato em geral, alguém condenado ao fracasso. Oreconhecimento do Brasil como país plurirracial, com um vigoroso processo de miscigenação, sócomeçou nos anos 20, com o movimento modernista, em especial com o grande talento de Máriode Andrade, ele próprio um mestiço, e, pouco depois, com Gilberto Freyre. Não será demais lembrarque os anos 20 e 30 são também os da afirmação do samba como música nacional, de todo opaís, não só dos morros do Rio.Com Mário e Gilberto, começávamos a perceber que estávamos nos tornando uma sociedadenão apenas racialmente miscigenada, mas também culturalmente mestiça. Uma sociedade onde amatriz negra é fundamental. Descobríamos também o sentido nacional do barroco que, como observaFernando Henrique Cardoso, “fez ver que a nação híbrida que se gestava nos trópicos já erasuficientemente madura <strong>para</strong> produzir soluções autóctones, <strong>para</strong> dialogar com diferentes matrizesestéticas”. Criação de negros e mestiços geniais, como o Aleijadinho e o Mestre Valentim, o barroco“antecipou no plano artístico a maioridade do Brasil”.O <strong>para</strong>digma da sociedade branca durou em nosso imaginário mais do que merecia sua históricainverossimilhança. Embora nosso catolicismo consagre imagens de santos negros e, em muitoslugares do Brasil, os orixás se liguem aos santos da Igreja, predominou em nosso imaginário o<strong>para</strong>digma da sociedade branca importado por uma elite que se envergonhava de um povo em quenegros, mulatos e cafuzos eram maioria. Uma elite que se envergonhava, sobretudo, de não ser, elaprópria, tão branca quanto gostaria.15

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