13Há várias espécies arbóreas nativas da Caatinga que podem ser utilizadas narecuperação de áreas degradadas. Dentre elas, destaca-se a pioneira jurema preta (Mimosatenuiflora), uma leguminosa arbórea aculeada comum na Caatinga, produtora de lenha de altopoder calorífico e de folhas, ramos finos e frutos consumidos pelos animais de criação.Populações nativas desta espécie apresentam, em média, 17% de indivíduos sem acúleos, e assementes dessas plantas inermes nativas geram até 50% de progênie com este fenótipo, asquais, plantadas em plantios puros proporcionam até 90% de progênie inerme (ARRIEL et al.,1995; BAKKE et al., 1995; ARRIEL et al., 2000). Outra espécie nativa que se destaca é afavela (Cnidoscolus quercifolius), uma euforbiácea lenhosa colonizadora de sítios inóspitos daCaatinga, cujas folhas secas, ricas em proteína e sementes constituem forragem muitoapreciada pelos animais. O caráter inerme na favela está presente em raros indivíduos adultos.Já foram identificadas matrizes nativas com e sem espinhos capazes de produzir até 20% deprogênie inerme (CAN<strong>DE</strong>IA, 2005). À semelhança do que foi feito com a jurema preta, oaumento da frequência gênica para o caráter inerme está em curso através da formação debosques puros de favelas sem espinhos para a produção de sementes melhoradas para estecaráter.Plantas sem acúleos ou espinhos facilitam o manejo produtivo das espécies, evitamferimentos e facilitam a circulação de homens e animais. Porém, a recessividade do caráterinerme pode diminuir o crescimento e a produção dos indivíduos com esse fenótipo(CAN<strong>DE</strong>IA, 2005), provavelmente resultante de depressão endogâmica (CLEMENT, 1997).Isto deve ser averiguado para se decidir so<strong>br</strong>e a recomendação de uso de indivíduos inermesnos sistemas de produção e na recuperação de áreas degradadas da Caatinga.Este trabalho comparou o plantio das variedades de jurema preta com e sem acúleos,bem como das variedades de favela com e sem espinhos, ambas espécies arbóreas nativas, narecuperação de áreas degradadas de Caatinga, acompanhando o crescimento das variedadesplantadas, a cobertura do solo e a forragem produzida pelas espécies herbáceas e arbóreas,bem como os atributos químicos e físicos do solo.
142 Referencial teórico2.1 Áreas degradadas: conceitos e processos de recuperaçãoHá séculos o meio ambiente é afetado pelas atividades humanas, resultando emextensas áreas degradadas, caracterizadas por níveis r<strong>edu</strong>zidos de resiliência (VALCARCEL;SILVA, 1997) ou de alguma propriedade ecológica, tais como a produtividade primária ou adiversidade de espécies (BRASIL, 1981; IBAMA, 1990; KOBIYAMA et al., 2001; ALVESet al., 2009).O processo de degradação ambiental inicia-se, muitas vezes, com a remoção parcialda vegetação lenhosa, podendo atingir um ponto máximo com a formação de extensas áreasdesertificadas. Na Caatinga, a coleta de lenha e madeira, para suprir a crescente demanda porprodutos florestais, e a queima da galhada, com a finalidade de limpar a área para a formaçãode campos agrícolas e pastagens, provocam desmatamento, fragmentam o ecossistemaflorestal, r<strong>edu</strong>zem a biodiversidade e exaurem o solo, podendo provocar altos níveis dedegradação ao ambiente (BRASIL, 1981; SOUZA, 2006; GALINDO et al., 2008).A regeneração natural da vegetação é um processo lento, direcional e contínuo decolonização e substituição de espécies. Pode ser acelerada pela remoção dos fatoresdegradantes e pela semeadura ou plantio de espécies facilitadoras da sucessão vegetal, porémos resultados dessas ações podem ser incertos, especialmente em áreas com níveis altos dedegradação. A escolha de espécies adaptadas às condições locais é muito importante para osucesso da recuperação da área degradada, as quais deverão ser de rápido crescimento,fornecer a<strong>br</strong>igo à fauna, produzir serapilheira em quantidade significativa e apresentaradaptação às restrições locais do solo, o qual, geralmente, encontra-se química e fisicamentedepauperados (REIS et al., 1999; RODRIGUES, 1999; CHADA et al., 2004; FERREIRA etal., 2010).2.2 Caracterização de duas espécies da Caatinga para utilização na recuperação deáreas degradadasO Bioma Caatinga estende-se por 844.453 km 2 , que equivalem a 54% da regiãonordeste do Brasil e aproximadamente 11% do território nacional. Alguns autores indicamque é o terceiro bioma mais antropizado, após os biomas Mata Atlântica e Cerrado, e outrosindicam como o segundo, à frente do Cerrado, com 30,4% (na primeira hipótese) e 51,7% (na
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