PÃO E CERVEJA por FABIANA ARREGUY Fabiana Arreguy Jornalista, criadora e editora da Rádio Web Pão e Cerveja. Colunista na Rádio CDL FM de MG, coluna Pão e Cerveja. Colunista do jornal Estado de Minas, assinando o espaço Líquido e Certo. Colunista da <strong>Revista</strong> PQN Notícias, página PQN com Cerveja. Sócia benemérita da AcervA Mineira. Sommelier de Cerveja pela Doemens Akademie de Munique e SENAC/SP. Criadora, desenvolvedora e professora do Curso Introdução ao Estudo da Cerveja - SENAC/MG. Professora do curso de pós-graduação em Tecnologia Cervejeira - UNI-BH. Juiz de concursos nacionais e internacionais de cerveja. A PRIMEIRA CERVEJA ESPECIAL NUNCA SE ESQUECE Você seria capaz de dizer qual foi a primeira cerveja especial, diferente, que tomou em sua vida? Essa é uma pergunta que costumo fazer em palestras e aulas que dou por aí. Muita gente é capaz de se lembrar de viagens ao exterior e das cervejas que tomou lá fora. Outras são taxativas em dizer que as de trigo Erdinger, pioneiras a chegar no <strong>Brasil</strong>, foram sua iniciação no mundo das especiais. Eu não duvido, desde que sejam pessoas com menos de 30 anos de idade. Pois aquelas que, na década de 1980, já estavam na faixa etária permitida para beber, acabam se esquecendo de listar a sua verdadeira primeira experiência com outras cervejas. Duvida? Na década de 80 havia no <strong>Brasil</strong> torcidas organizadas para rótulos de cerveja. Quem era do time Skol, não tomava Brahma ou Antartica. “Brahmeiros” não tocavam em copos habitados por Antartica. Os bebedores da Antartica passavam longe da Brahma. Naquela época, as três marcas eram de fato concorrentes, não pertenciam ao mesmo grupo como hoje. E assim o consumidor brasileiro praticava o democrático direito de escolha, ainda que fosse pelo mesmo tipo de cerveja. Acontece que na briga por espaço, outras marcas tentavam se impor, lançando rótulos bem parecidos para entrar na concorrência. Assim aconteceu com o grupo Schincariol, e com a própria Coca-Cola, que também entrou na disputa por uma fatia do mercado de cerveja brasileiro. A ideia de uma cerveja da Coca-Cola veio de um visionário empresário mineiro. Luiz Pôssas era o representante e distribuidor do refrigerante em Minas Gerais. Em determinado momento, ele percebeu que para conseguir fechar com os bares desse imenso estado brasileiro, precisava ter uma cerveja, pois as demais marcas eram atreladas a outros refrigerantes. A prática de dominar os pontos de venda, ainda hoje utilizada pelos grandes grupos, era moeda corrente naquele tempo. E não entrava na concorrência quem não se adaptasse a ela. Foi assim que surgiu a cerveja Kaiser. Na concepção da nova cerveja, o empresário mineiro foi buscar, de fato, na Alemanha, um produto que fosse diferenciado. Só que na voracidade do mercado a marca foi sendo desmoralizada, execrada pelo público, totalmente crente que ela dava dor de barriga. Antes dessa desmoralização, porém, a Kaiser conseguiu atingir positivamente o consumidor. A primeira sacada, e isso deveria ser exemplo para algumas agências de publicidade atuais, foi mudar a lógica das propagandas de cerveja. Em vez de mulheres louras, de biquíni (mulheres “maiores” naquele tempo, é verdade), a agência DPZ criou um anti-personagem. Um senhor, na casa dos 50 anos, baixinho, barrigudo, de bigode e boina para garoto-propaganda da marca. Era puro nonsense, mas fazia o contraponto perfeito ao slogan criado: Kaiser, uma grande cerveja. E para arrematar o conjunto, um jingle forte, utilizando-se de melodia conhecida, repetia: “A Kaiser é uma grande cerveja, ninguém pode negar!”. Era uma expectativa saber qual seria a próxima aventura do “ baixinho da Kaiser” nas propagandas. Todo esse preâmbulo tem apenas uma razão de ser, uma vez que desejo falar sobre a primeira cerveja diferente e especial que muitos tomaram e se esqueceram: Kaiser Bock. Um estilo autenticamente alemão, centenário, muito característico e que não existia no <strong>Brasil</strong> dos anos 80. Foi ela, com certeza, a primeira cerveja diferente de muitos que hoje apreciam as artesanais. A Kaiser Bock foi criada com o intuito de ser uma sazonal, só vendida nos meses de inverno no <strong>Brasil</strong>. E essa foi mais uma bela sacada: criar o desejo no consumidor por algo que não estava disponível sempre. Não estou aqui tecendo juízo de valor sobre a qualidade dessa cerveja, embora deva confessar que eu gostava bastante dela e esperava ansiosa por seu lançamento nos meses de julho. Há cerca de 3 anos a Kaiser, hoje pertencente ao grupo Heineken, produziu uma leva especial de sua Bock e presenteou vários jornalistas, blogueiros e formadores de opinião com um engradado ‘‘ composto por seis garrafinhas. Receber aquele presente me transportou para outro tempo e me fez reencontrar a primeira cerveja especial da minha vida! Kaiser Bock. Um estilo autenticamente alemão, centenário, que não existia no <strong>Brasil</strong> dos anos 80. Foi ela, com certeza, a primeira cerveja diferente de muitos que hoje apreciam as artesanais. 20 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>
AGENDA DE EVENTOS CERVEJEIROS EVENTOS CERVEJEIROS EM 2<strong>01</strong>6 2<strong>01</strong>6 será repleto de festivais cervejeiros espalhados pelo país. Mas por enquanto, apenas alguns deles estão 100% confirmados para o primeiro semestre. Confira: SOMMERFEST Blumenau/SC Parque Vila Germânica De 7 a 29 de janeiro (todas as quintas e sextas) Mais informações: www.sommerfestblumenau.com.br FESTIVAL BRASILEIRO DA CERVEJA Blumenau/SC Parque Vila Germânica De 9 a 12 de março Mais informações: www.festivaldacerveja.com DAMA BIER FEST Piracicaba/SP Cervejaria Dama Bier Dia 27 de fevereiro Mais informações: www.facebook.com/DamaBierFest TREMBIER FESTIVAL Tiradentes/MG Largo das Forras De 28 de abril a <strong>01</strong> de maio Mais informações: www.facebook.com/TremBierFestival <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong> 21