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Revista Beer Brasil - Edição 01 - JAN2016

A Revista Beer Brasil é uma nova publicação da Editora Hophead, focada no mercado de cervejas artesanais, em oportunidades de negócios, e em temas como harmonização, dicas de degustação, novos rótulos, eventos, entrevistas, e todo e qualquer outro assunto relevante ao mundo cervejeiro.

A Revista Beer Brasil é uma nova publicação da Editora Hophead, focada no mercado de cervejas artesanais, em oportunidades de negócios, e em temas como harmonização, dicas de degustação, novos rótulos, eventos, entrevistas, e todo e qualquer outro assunto relevante ao mundo cervejeiro.

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ESPECiAL GRoWLERS<br />

por AdRiANE BALdiNi<br />

Quando a cervejaria surgiu, a ideia inicial era a de<br />

expandir a marca com um toque a mais sobre<br />

receitas de cervejas tradicionais. “Começamos a ser<br />

bem conhecidos nos estados de Santa Catarina,<br />

Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio - estados onde também há<br />

microcervejarias como a minha. Porém, percebemos que em<br />

nossa própria cidade, poucos sabiam que Bodebrown é de<br />

Curitiba. Então, nossa meta foi ao de olhar, daquele ponto em<br />

diante, ao nosso entorno”, diz Samuel, que começou a pensar<br />

em novas alternativas para atingir o público local.<br />

Certo dia,<br />

ao visitar a<br />

Das Bier em<br />

Santa Catarina,<br />

Samuel<br />

conheceu<br />

a rotina da<br />

microcervejaria,<br />

que vendia a<br />

maior parte da<br />

produção em<br />

growlers - que<br />

nada mais é do<br />

que um recipiente<br />

com tampa usado<br />

para transportar<br />

cerveja, geralmente<br />

feitos de vidro,<br />

cerâmica ou inox. Ele<br />

ficou encantado com<br />

todo<br />

aquele cenário: a<br />

grande praticidade de vender<br />

cerveja e, principalmente, com as pessoas de lá, que se<br />

entrosavam acompanhados dos filhos pequenos, parecendo<br />

todos ser de uma grande e única família.<br />

Outro fator que influenciou o mestre cervejeiro a investir no<br />

growler foi a grande dificuldade em relação à linha de envase<br />

– algo que, segundo ele, é absolutamente problemático (e<br />

embrionário) em qualquer cervejaria artesanal. A que se<br />

encontra atualmente na fábrica é de origem chinesa, da<br />

década de 1980, e, segundo Samuel, “parece um Frankestein”.<br />

O envase é um dos grandes culpados pelo custo elevado<br />

da garrafa, pois deve-se considerar custos de tampa, rótulo,<br />

garrafa, mão de obra especializada para operá-la, controle de<br />

qualidade, pasteurização e empilhamento. “Isso que a garrafa<br />

pode ficar, dependendo da cerveja, até seis meses em uma<br />

prateleira para ser vendida. Boa parte da qualidade sensorial<br />

do produto, infelizmente, pode se perder”, lamenta Samuel.<br />

A consciência dele dizia que o consumidor poderia encontrar<br />

uma cerveja muito melhor do que é encontrada nas garrafas,<br />

então, porque não entregaria um produto assim? O desafio<br />

era trazer os curitibanos para dentro da fábrica, além de<br />

apenas buscarem as aulas que ensinam a fabricação de<br />

cerveja caseira e a venda de insumos para tal.<br />

Então, há três anos, a Bodebrown iniciou a venda da cerveja<br />

no growler. No começo, se bateram bastante pois a fila<br />

vivia grande devido ao processo mecanizado (e lento) no<br />

enchimento do growler. Ainda, segundo ele, erraram na<br />

questão da substituição dos vasilhames, no qual o cliente<br />

trazia o dele e levava outro. Os problemas logo apareceram:<br />

sempre aparecia alguém que não tinha cuidado com a<br />

limpeza do recipiente, outro deixava um growler impecável e<br />

levava um trincado<br />

ou desgastado pra<br />

casa. Decidiram<br />

segurar um<br />

pouco as vendas<br />

e, por meio de<br />

experiências<br />

que assistiram<br />

nas fábricas da<br />

Stone e Sierra<br />

Nevada, nos<br />

EUA, e outras<br />

na Alemanha,<br />

escolheram<br />

padronizar<br />

a venda dos<br />

vasilhames<br />

escolhendo<br />

o recipiente<br />

de vidro com<br />

a rosca tipo<br />

flip top.<br />

“No começo, foi um dilema para saber se importávamos<br />

ou não os recipientes. Como incentivar o consumo de uma<br />

cerveja não pausterizada por meio de um recipiente em que<br />

o consumidor não está habituado? A quantidade mínima de<br />

importação era de um contâiner, mas, encaramos mesmo<br />

assim”, lembra ele, rindo.<br />

Samuel disse que a fábrica iniciou uma verdadeira<br />

transformação cultural para que a venda dos primeiros<br />

growlers oficiais da Bodebrown fosse um sucesso. O<br />

primeiro passo foi o de abrir a cervejaria aos consumidores<br />

– claro, todos os visitantes vestidos de acordo com as<br />

normas das regras de sanitização – com o objetivo de<br />

mostrar que, para se ter um uma cerveja em sua condição<br />

mais plena, era pelo growler que ele a teria da maneira<br />

mais fresca possível. “Comparo a venda do growler com<br />

a de uma panificadora: em um determinado horário,<br />

o consumidor sabe quando o pão estará fresco. E é<br />

exatamente essa sensação que eu quero passar com<br />

a cerveja saída do tanque: de frescor, dele conhecer a<br />

plenitude da receita”, diz ele.<br />

Com o passar do tempo, as pessoas se habituaram a<br />

buscar um chope fresco com os amigos e a esposa. Uns<br />

trazem os filhos, engatam um breve bate-papo, degustam<br />

pães e queijos e levam a cerveja por meio do growler<br />

28 <strong>Revista</strong> <strong>Beer</strong> <strong>Brasil</strong>

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