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“Não foi do dia para a noite, nem<br />
com um insight único e fulminante,<br />
mas posso dizer que depois de alguns<br />
meses, resolvi minha contradição<br />
interna com a meditação”<br />
tar atenção na sua respiração é prestar atenção no agora. Atenção<br />
plena, em todos os sentidos e com todos os sentidos. Esse<br />
é um ótimo ponto de partida. Eu não venho de uma família de<br />
budistas, muito menos de meditadores.<br />
Meu primeiro contato com o “místico” foi aos 19 anos, com a<br />
Ayahuasca (conhecida como Santo Daime), num centro espiritualista<br />
em São Paulo. Era uma época na qual a minha juventude<br />
buscava respostas. Estava insatisfeito com meu trabalho, projetos,<br />
clientes. Talvez isso fosse somente reflexo da minha pouca<br />
idade, mas talvez fosse o início da minha revolução pessoal. Ao<br />
longo da minha vida e da minha carreira, aprendi técnicas muito<br />
importantes para atingir um estado mínimo de equanimidade<br />
mental. Um estado em que, sim, tenho momentos de raiva,<br />
de alegrias, e estresse, mas sempre, e digo sempre mesmo, sem<br />
apego a isso. Tem uma passagem de Buda que diz: “sentir raiva<br />
dos outros é como beber um veneno e esperar que a outra<br />
pessoa morra”. Nossa cura e nosso veneno são um só – o que<br />
define um ou outro é a medida. Com esse pequeno<br />
histórico que introduzi, vou te dar a chave que usei<br />
na minha situação: aprendi a ressignificar minhas<br />
ações. Aprendi a ter gratidão por ser um buscador da<br />
consciência, que está frente a frente com um cliente<br />
importante, que tem um potencial enorme para fazer<br />
muito pelo mundo.<br />
Veja bem. Sou um cliclista assumido. E o mundo está<br />
passando por mudanças. As marcas, hoje em dia,<br />
têm um papel social muito mais evidente do que 10<br />
anos atrás. E dito isso, só existem dois caminhos. Um<br />
deles é trabalhar todo dia com um peso nas minhas<br />
costas, negando que existe um mundo de possibilidades<br />
positivas a serem feitas. O outro caminho é dar<br />
significado à minha posição, ao meu cliente, aos ciclos<br />
urbanos de mudança e tentar, de coração aberto,<br />
mesmo, reverter o fluxo. Perceber que o carro não é<br />
o vilão, mas sim o modo como o estamos utilizando<br />
que é nocivo à sociedade. Lendo a minha conclusão,<br />
parece um raciocínio fácil de chegar, mas meditei<br />
muito sobre esse assunto para poder trabalhar feliz e<br />
com amorosidade. Ressignifiquei meu trabalho, minha<br />
função. Posso fazer a diferença, se assim desejar<br />
e tiver verdade na palavra.<br />
Tenho plena convicção de que a publicidade é um<br />
setor em que a vaidade e os egos são enormes. E isso<br />
pode ser muito cruel durante alguns anos. Mas pouco<br />
a pouco, degrau por degrau, vamos começando a liberar<br />
essas amarras para iniciar um novo ciclo dentro<br />
dessa profissão. Os clientes estão mudando, os produtos<br />
estão mudando, os consumidores também. Talvez<br />
seja hora de nós também começarmos essa mudança,<br />
que parte de dentro para fora, num processo longo e<br />
transformador, mas que traz uma recompensa valiosa,<br />
para dentro e fora do mercado publicitário.<br />
propaganda | junho <strong>2016</strong> 59