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Propaganda Julho 2016

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“Não foi do dia para a noite, nem<br />

com um insight único e fulminante,<br />

mas posso dizer que depois de alguns<br />

meses, resolvi minha contradição<br />

interna com a meditação”<br />

tar atenção na sua respiração é prestar atenção no agora. Atenção<br />

plena, em todos os sentidos e com todos os sentidos. Esse<br />

é um ótimo ponto de partida. Eu não venho de uma família de<br />

budistas, muito menos de meditadores.<br />

Meu primeiro contato com o “místico” foi aos 19 anos, com a<br />

Ayahuasca (conhecida como Santo Daime), num centro espiritualista<br />

em São Paulo. Era uma época na qual a minha juventude<br />

buscava respostas. Estava insatisfeito com meu trabalho, projetos,<br />

clientes. Talvez isso fosse somente reflexo da minha pouca<br />

idade, mas talvez fosse o início da minha revolução pessoal. Ao<br />

longo da minha vida e da minha carreira, aprendi técnicas muito<br />

importantes para atingir um estado mínimo de equanimidade<br />

mental. Um estado em que, sim, tenho momentos de raiva,<br />

de alegrias, e estresse, mas sempre, e digo sempre mesmo, sem<br />

apego a isso. Tem uma passagem de Buda que diz: “sentir raiva<br />

dos outros é como beber um veneno e esperar que a outra<br />

pessoa morra”. Nossa cura e nosso veneno são um só – o que<br />

define um ou outro é a medida. Com esse pequeno<br />

histórico que introduzi, vou te dar a chave que usei<br />

na minha situação: aprendi a ressignificar minhas<br />

ações. Aprendi a ter gratidão por ser um buscador da<br />

consciência, que está frente a frente com um cliente<br />

importante, que tem um potencial enorme para fazer<br />

muito pelo mundo.<br />

Veja bem. Sou um cliclista assumido. E o mundo está<br />

passando por mudanças. As marcas, hoje em dia,<br />

têm um papel social muito mais evidente do que 10<br />

anos atrás. E dito isso, só existem dois caminhos. Um<br />

deles é trabalhar todo dia com um peso nas minhas<br />

costas, negando que existe um mundo de possibilidades<br />

positivas a serem feitas. O outro caminho é dar<br />

significado à minha posição, ao meu cliente, aos ciclos<br />

urbanos de mudança e tentar, de coração aberto,<br />

mesmo, reverter o fluxo. Perceber que o carro não é<br />

o vilão, mas sim o modo como o estamos utilizando<br />

que é nocivo à sociedade. Lendo a minha conclusão,<br />

parece um raciocínio fácil de chegar, mas meditei<br />

muito sobre esse assunto para poder trabalhar feliz e<br />

com amorosidade. Ressignifiquei meu trabalho, minha<br />

função. Posso fazer a diferença, se assim desejar<br />

e tiver verdade na palavra.<br />

Tenho plena convicção de que a publicidade é um<br />

setor em que a vaidade e os egos são enormes. E isso<br />

pode ser muito cruel durante alguns anos. Mas pouco<br />

a pouco, degrau por degrau, vamos começando a liberar<br />

essas amarras para iniciar um novo ciclo dentro<br />

dessa profissão. Os clientes estão mudando, os produtos<br />

estão mudando, os consumidores também. Talvez<br />

seja hora de nós também começarmos essa mudança,<br />

que parte de dentro para fora, num processo longo e<br />

transformador, mas que traz uma recompensa valiosa,<br />

para dentro e fora do mercado publicitário.<br />

propaganda | junho <strong>2016</strong> 59

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