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mkt<br />
FrienddlyMolly/iStock<br />
Fotos do fundo do poço:<br />
clientes amargurados<br />
“Jamais espere por uma crise para<br />
<strong>de</strong>scobrir o que é importante em sua vida”.<br />
Platão<br />
Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />
Gradativamente, <strong>de</strong>vagarinho, aos poucos,<br />
a crise vai indo embora. Um crescimento<br />
<strong>de</strong> 3% ou mais neste ano, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />
dos resultados das eleições, um crescimento<br />
maior e mais consistente a partir <strong>de</strong><br />
2019. E, agora, que vamos nos <strong>de</strong>spedindo<br />
do fundo do poço, alguns institutos <strong>de</strong> pesquisa<br />
e consultorias revelam fotografias tiradas<br />
no pior momento.<br />
Tomara que, <strong>de</strong>sta vez, tenhamos aprendido<br />
a lição. Tomara que, <strong>de</strong>sta vez, ao<br />
emergir, o façamos com mangas arregaçadas<br />
e <strong>de</strong>cididos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 518 anos, a construir<br />
um país <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. Tomara que tenha<br />
caído a ficha ou brotado a consciência que<br />
nosso país é muito gran<strong>de</strong>, rico e generoso<br />
– em si – para que continuemos a confiá-lo<br />
nas mãos incompetentes e inescrupulosas.<br />
Bandidos! Tomara que tenhamos criado<br />
vergonha e juízo. E essas pesquisas registrando<br />
todos os contorcionismos e mágicas<br />
que a maioria dos brasileiros vem precisando<br />
fazer nos últimos três anos, para sobreviver<br />
com um orçamento mega-apertado.<br />
Com um dinheiro que praticamente<br />
não existe. E, assim, como <strong>de</strong>corrência,<br />
segundo pesquisa da McKinsey, três em<br />
cada quatro brasileiros mudaram seu comportamento<br />
<strong>de</strong> compra nos últimos anos.<br />
Comprando menos, em quantida<strong>de</strong>; um<br />
ou dois <strong>de</strong>graus abaixo no tocante à marca.<br />
Um terço abriu mão dos locais tradicionais<br />
e preferidos para as compras, provisoriamente,<br />
migrou para lugares relativamente<br />
próximos, mas com produtos e marcas <strong>de</strong><br />
ticket menor.<br />
Daí o sucesso efêmero e provisório dos<br />
atacarejos. Mais adiante, quando a crise<br />
passar, o atacarejos voltarão às origens,<br />
fornecendo para pequenos estabelecimentos<br />
comerciais e ambulantes em geral. Dois<br />
em cada três brasileiros passaram a dar<br />
uma atenção maior às etiquetas <strong>de</strong> preço.<br />
Com isso, as compras <strong>de</strong>moraram um pouco<br />
mais. Tornaram-se mais cansativas e<br />
entediantes. Um em cada quatro abriu mão<br />
das marcas preferidas, na expectativa <strong>de</strong><br />
um reencontro mais adiante.<br />
Consumiram com o coração apertado e<br />
a consciência intranquila. Felicida<strong>de</strong> zero.<br />
Mas, antes <strong>de</strong> partir, <strong>de</strong>ram uma olhadinha<br />
nas marcas <strong>de</strong> confiança dizendo, quase<br />
como Drummond disse sobre o amor: “Provisoriamente<br />
não cantaremos o amor, que<br />
se refugiou mais abaixo dos subterrâneos...”,<br />
mas, quando <strong>de</strong>r, volto a te buscar<br />
com a mesma emoção e maior felicida<strong>de</strong>.<br />
Um em cada dois passou a ficar mais atento,<br />
valorizar e frequentar com uma assiduida<strong>de</strong><br />
muito maior do que antes, momentos<br />
<strong>de</strong> liquidações e promoções do varejo e do<br />
comércio eletrônico. Retornando para suas<br />
casas frustrados pelo constrangimento <strong>de</strong><br />
compras quase que compulsórias. Um em<br />
cada cinco <strong>de</strong>cidiu resistir.<br />
Absolutamente incapazes <strong>de</strong> serem infiéis<br />
com suas marcas <strong>de</strong> preferência e do<br />
coração, se necessário, reduzem na quantida<strong>de</strong>,<br />
mas não abrem mão da marca em<br />
hipótese alguma. Optaram pelo sacrifício;<br />
mas, trair, jamais! E você, querido amigo e<br />
leitor, como você se reconhece, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
três anos <strong>de</strong> secura e ari<strong>de</strong>z? Mais alguns<br />
meses e teremos uma nova chance <strong>de</strong> reescrever<br />
nossa história e <strong>de</strong> planejar nosso<br />
futuro. Muito distante ainda <strong>de</strong> um sistema<br />
político mo<strong>de</strong>rno e compatível com todas<br />
as conquistas trazidas pela tecnologia, que<br />
provavelmente já estarão presentes nas<br />
eleições <strong>de</strong> 2022, mas é o que temos para<br />
este ano e no horizonte próximo. Nos últimos<br />
100 anos ganhamos quase mais 40<br />
<strong>de</strong> vida. Muitos <strong>de</strong> nós, portanto, como é<br />
meu caso, já se encontram nas horas extras<br />
<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ssa conquista. Na chamada<br />
prorrogação. Não temos o direito, muito<br />
menos po<strong>de</strong>mos errar novamente. Prorrogação<br />
com morte súbita... Vou procurar fazer<br />
minha parte, conto com você.<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
famadia@madiamm.com.br<br />
46 5 <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark