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edição de 27 de agosto de 2018

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markeTing & negóciOs<br />

jovan_epn/iStock<br />

O futuro da TV é...<br />

mais televisão – Parte 1<br />

O aparente sucesso da NewTV volta a<br />

fazer os sonhadores <strong>de</strong> plantão a pensar<br />

no fim da TV como a conhecemos<br />

Rafael Sampaio<br />

Está ocorrendo <strong>de</strong> novo: uma startup do<br />

mundo digital mexe com os <strong>de</strong>vaneios<br />

dos que sonham acordados com um mundo<br />

pós-televisão no mo<strong>de</strong>lo que conhecemos<br />

há 70 anos. Mas, apesar <strong>de</strong> sua aparente<br />

disruptiva inovação e imenso potencial, a<br />

nova proposta ten<strong>de</strong> a ter o mesmo fim <strong>de</strong><br />

tantas “ameaças” ao predomínio da TV no<br />

entretenimento e informação popular e na<br />

publicida<strong>de</strong>: ela será <strong>de</strong>vidamente <strong>de</strong>vorada<br />

pela TV.<br />

Revivendo um mito milenar, o enigma<br />

da esfinge será uma vez mais <strong>de</strong>cifrado<br />

pela TV e não será por ela <strong>de</strong>vorada. Muito<br />

pelo contrário. Neste mês <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> está<br />

havendo um frisson no mundo do entretenimento<br />

e da mídia americana com o lançamento<br />

da NewTV, uma iniciativa li<strong>de</strong>rada<br />

por dois monstros sagrados <strong>de</strong>sses setores:<br />

Jeffrey Katzenberg (ex-Disney e atual<br />

DreamWorks) e Meg Whitman (ex-CEO da<br />

eBay e da HP).<br />

A dupla comandou o levantamento <strong>de</strong><br />

um capital inicial <strong>de</strong> US$ 1 bilhão para sua<br />

nova proposta, uma produtora <strong>de</strong> conteúdo<br />

audiovisual em formato <strong>de</strong> curta-<br />

-metragem, que preten<strong>de</strong> revolucionar a<br />

programação nas modalida<strong>de</strong>s digitais, em<br />

especial o mobile. Pela ficha corrida <strong>de</strong>les,<br />

o valor levantado e a constante aposta na<br />

explosão do mobile como alternativa <strong>de</strong> informação,<br />

entretenimento e publicida<strong>de</strong>, já<br />

há previsões <strong>de</strong> mais uma alternativa para<br />

“acabar com a TV”.<br />

Mesmo consi<strong>de</strong>rando a espetacular lista<br />

<strong>de</strong> investidores na startup – empresas<br />

como Disney, eOne, Fox, ITV, Lionsgate,<br />

MGM, NBCUniversal, Sony Pictures, Viacom,<br />

WarnerMedia, Alibaba, Goldman Sachs,<br />

JPMorgan Chase e Liberty Global – e a<br />

ficha corrida <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s sucessos <strong>de</strong> seus<br />

lí<strong>de</strong>res, as coisas precisam ser vistas <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> uma perspectiva mais realista. Para<br />

começar, o primeiro alvo <strong>de</strong> valor a ser levantado<br />

era <strong>de</strong> US$ 2 bilhões e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano<br />

passado os executivos da NewTV visitaram<br />

cerca <strong>de</strong> 200 dos maiores produtores mundiais<br />

<strong>de</strong> conteúdo audiovisual. A “revolução”<br />

chega com menos força, portanto. Outra<br />

análise relevante a ser feita é consi<strong>de</strong>rar<br />

que três das principais “ameaças” à TV nos<br />

EUA pouco afetaram sua força. O Google e<br />

o Facebook não obtiveram parte significativa<br />

dos US$ 70 bilhões anuais absorvidos<br />

em publicida<strong>de</strong> pela televisão americana e<br />

o Netflix vem pagando cerca <strong>de</strong> US$ 12 bilhões<br />

por ano por conteúdo originalmente<br />

produzido pela TV.<br />

No caso da audiência, a análise histórica<br />

dos números da Nielsen, que mensura a TV<br />

americana, indica que as cerca <strong>de</strong> 5 a 6 horas<br />

<strong>de</strong> consumo diário médio da TV por lar<br />

na década <strong>de</strong> 1960 (a primeira era <strong>de</strong> Ouro<br />

da TV) atingiu seu pico <strong>de</strong> quase 9 horas<br />

entre 2010 e 2012 e hoje está na casa <strong>de</strong> 7<br />

horas e 50 minutos diariamente – contra<br />

cerca <strong>de</strong> 1 hora da combinação <strong>de</strong> Netflix,<br />

YouTube, Facebook e similares, incluindo<br />

o que se assiste nos mobiles.<br />

Tudo isso ocorre após 25 anos do início<br />

da era da internet, <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> dos<br />

americanos terem acesso ao sinal <strong>de</strong> alta<br />

velocida<strong>de</strong> há 15 anos e <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma década<br />

do novo paradigma do mobile.<br />

Como alguns analistas mais criteriosos<br />

da mídia e do entretenimento nos EUA<br />

comparam, os tubarões que iriam comer<br />

a TV têm se revelado peixinhos ornamentais<br />

no que se refere ao consumo e receita<br />

do entretenimento, informação e esporte<br />

no formato audiovisual. Ou seja, tem mais<br />

chance <strong>de</strong> os produtores tradicionais <strong>de</strong><br />

conteúdo para TV absorverem a <strong>de</strong>manda<br />

<strong>de</strong>sses formatos em curta-metragem – inclusive<br />

reciclando seus clássicos – e <strong>de</strong> as<br />

subsidiárias da TV tradicional se transformarem<br />

nos principais players da “nova”<br />

mobile TV.<br />

Um dos segredos <strong>de</strong>ssa resiliência da TV<br />

po<strong>de</strong> estar na relação entre qualida<strong>de</strong> e duração<br />

<strong>de</strong> sua programação e os comerciais<br />

nela veiculados, que será o tema da próxima<br />

coluna.<br />

Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />

rafael.sampaio@uol.com.br<br />

38 <strong>27</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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