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Altayb/iStock<br />
Realismo<br />
esperançoso<br />
“O fim da esperança é o<br />
começo da morte”.<br />
Charles <strong>de</strong> Gaulle<br />
Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />
Imagino André Lahóz Mendonça <strong>de</strong> Barros,<br />
diretor <strong>de</strong> redação <strong>de</strong> Exame, olhando<br />
para seu computador e preparando-se<br />
para escrever a Carta ao Leitor da edição<br />
especial, a mais aguardada <strong>de</strong>ntre todas<br />
as edições das publicações <strong>de</strong> negócios, <strong>de</strong><br />
Melhores & Maiores.<br />
Lá fora, nas <strong>de</strong>mais redações e publicações<br />
sobreviventes da Abril, a tesoura<br />
acelerada come e <strong>de</strong>vora. André tem à sua<br />
frente a pesquisa realizada pela consultoria<br />
<strong>de</strong> gestão Betânia Tanure. Uma fotografia<br />
do “mood” dos empresários no Brasil.<br />
André lembra Ariano Suassuna e uma<br />
<strong>de</strong> suas melhores frases: “O otimista é um<br />
tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo<br />
é ser um realista esperançoso”. Esse é André.<br />
Imagino, também, os <strong>de</strong>mais queridos<br />
amigos e sobreviventes <strong>de</strong> uma sucessão <strong>de</strong><br />
cortes na Abril, assim somos todos aqueles<br />
que continuam amando o Brasil e alimentando<br />
um realismo esperançoso.<br />
Esperançosos, eles, André e queridos<br />
amigos da Abril. Esperançosos nós, que o<br />
Brasil acor<strong>de</strong> e, finalmente, corresponda a<br />
todas as apostas feitas nos brasileiros pela<br />
generosida<strong>de</strong> do universo, pelas bênçãos<br />
<strong>de</strong> um possível Deus, pelas graças concedidas<br />
<strong>de</strong> uma natureza exuberante e esperando<br />
que façamos, minimamente, a nossa<br />
parte. Betânia Tanure registrou, no correr<br />
do mês <strong>de</strong> julho, percepções e sentimentos<br />
<strong>de</strong> 341 dirigentes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas sobre<br />
o que nos aguarda.<br />
51% <strong>de</strong>les revelaram-se pessimistas ou<br />
muito pessimistas com a situação. Ruim.<br />
Mas melhor do que i<strong>de</strong>ntificava pesquisa<br />
<strong>de</strong> dois anos atrás, em que esse contingente<br />
totalizava 69%. Ou, é ruim, mas, já foi pior.<br />
À medida que as perguntas aumentam<br />
o horizonte <strong>de</strong> tempo, os sentimentos vão<br />
melhorando. Em dois anos a soma <strong>de</strong> otimistas<br />
e muito otimistas correspon<strong>de</strong>m<br />
a 40% das respostas. E, em quatro anos,<br />
o número sobe para 62%. E ao traçarem o<br />
perfil do presi<strong>de</strong>nte i<strong>de</strong>al, virtu<strong>de</strong>s e competências,<br />
valorizam quase que na mesma<br />
proporção: honestida<strong>de</strong> e ética, capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> articulação e negociação, e, capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança e gestão. Para esses dirigentes<br />
as reformas mais importantes são: a tributária<br />
e a política.<br />
Outra constatação relevante da pesquisa<br />
é que há um ano nenhum dos entrevistados<br />
consi<strong>de</strong>rava a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> juntar<br />
suas empresas a outras, mas, hoje, esse entendimento<br />
ganha corpo. Ao contrário <strong>de</strong><br />
uma queda dos que <strong>de</strong>fendiam, no passado,<br />
a diversificação <strong>de</strong> negócios, como medida<br />
<strong>de</strong> recuperação.<br />
Colocam mais ou menos no mesmo nível<br />
a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma dosimetria melhor<br />
em todas as ações <strong>de</strong> racionalização e revitalização<br />
da e na empresa; <strong>de</strong> melhorar<br />
os resultados no menor prazo possível; <strong>de</strong><br />
conseguir graus maiores <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> interna<br />
em pensamento e ação; <strong>de</strong> ganhos<br />
<strong>de</strong> eficácia operacional; <strong>de</strong> comunicação<br />
<strong>de</strong> excepcional qualida<strong>de</strong> com todos os<br />
stakehol<strong>de</strong>rs e perseguir incessantemente<br />
a inovação... Assim, não é, não está, e não<br />
continuará fácil nos próximos meses.<br />
Que a Abril saia da UTI e volte um dia<br />
a ser uma empresa saudável; que Exame<br />
continue cumprindo o extraordinário papel<br />
que vem <strong>de</strong>sempenhando em todas as<br />
décadas <strong>de</strong> sua existência; e que nós, brasileiros,<br />
finalmente correspondamos ao<br />
presente que recebemos da natureza, com<br />
competência, trabalho, progresso e justiça<br />
social. E que em 2019, o André escreva a<br />
Carta ao Leitor <strong>de</strong> Maiores & Melhores sem<br />
a pressão dos corredores <strong>de</strong> uma empresa<br />
quase em estado terminal e na UTI. Bem<br />
antecipadamente, um Feliz Ano Novo a todos;<br />
precisamos e merecemos; ou, não?<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
famadia@madiamm.com.br<br />
56 <strong>27</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark