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edição de 27 de agosto de 2018

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série espeCial<br />

Criação das agências vive uma das<br />

gran<strong>de</strong>s transformações da história<br />

Setor é impactado pelos dados e tecnologia, e está <strong>de</strong>safiado a retomar<br />

a ousadia sob um cenário <strong>de</strong> pluralida<strong>de</strong> em que o achismo ficou para trás<br />

FELIPE TURLÃO<br />

criação das agências vivencia uma das<br />

A principais transformações <strong>de</strong> sua história<br />

e a reportagem do PROPMARK ouviu<br />

algumas das gran<strong>de</strong>s li<strong>de</strong>ranças da área<br />

para refletir sobre as novas perspectivas<br />

dos profissionais. Em meio a uma série <strong>de</strong><br />

quatro reportagens especiais, a mídia foi<br />

tema <strong>de</strong> matéria já publicada, enquanto<br />

planejamento e atendimento também terão<br />

suas projeções analisadas nas edições<br />

seguintes.<br />

As opiniões do mercado convergem na<br />

sensação <strong>de</strong> que a criação <strong>de</strong> hoje tem um<br />

papel muito mais complexo e abrangente.<br />

E isso traz impactos muito profundos a<br />

um setor acostumado com formatos mais<br />

estáticos <strong>de</strong> trabalho que perduraram por<br />

décadas. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprovação<br />

por dados <strong>de</strong> que uma i<strong>de</strong>ia foi brilhante<br />

ou terrível <strong>de</strong>ixou todos mais apreensivos<br />

e com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reinventar muitos<br />

processos e matar algumas certezas no <strong>de</strong>partamento<br />

criativo. “O achismo e o ‘feeling’<br />

foram aposentados pelas inúmeras<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> meios, infinitas tecnologias<br />

disponíveis e revolução nos dados.<br />

Isso exigiu novos conhecimentos, distintos<br />

backgrounds e perfis absolutamente diversos.<br />

Novos chapéus, novas cabeças e, consequentemente,<br />

mais dores <strong>de</strong> cabeça para<br />

qualquer lí<strong>de</strong>r”, resume Sérgio Gordilho,<br />

copresi<strong>de</strong>nte e CCO da África.<br />

Nesse contexto, a li<strong>de</strong>rança precisa ser<br />

exercida <strong>de</strong> forma muito diferente que no<br />

passado, até porque, o ato <strong>de</strong> criar segue<br />

igual, mas a forma <strong>de</strong> fazê-lo mudou completamente.<br />

“A i<strong>de</strong>ia boa sempre vai mexer<br />

com as pessoas. E lí<strong>de</strong>r criativo é aquele que<br />

consegue construir um ambiente para que<br />

o maior número <strong>de</strong>las floresça. E isso in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da época. Hoje, mais do que nunca,<br />

o lí<strong>de</strong>r criativo é aquele que não procura<br />

<strong>de</strong>sculpas, mas encontra soluções. Não tenho<br />

dúvida que muitas li<strong>de</strong>ranças que hoje<br />

estão à frente <strong>de</strong> nossa indústria são muito<br />

mais preparadas e capacitadas do que as<br />

do passado. Não porque são melhores, mas<br />

porque tiveram <strong>de</strong> se adaptar, se tornando<br />

mais completos”, <strong>de</strong>staca o executivo.<br />

Essa adaptação mencionada por Gordilho<br />

vislumbra uma criação, por exemplo,<br />

com mais acesso a dados sobre o consumidor,<br />

que tem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar mensagens<br />

personalizadas e <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar<br />

uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mídias muito maior que<br />

há alguns anos. O leque <strong>de</strong> opções, acom-<br />

Fotos: Divulgação<br />

Luiz Sanches: “Os talentos são tão bons quanto antes”<br />

panhado <strong>de</strong> uma profunda transformação<br />

no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio das agências e da<br />

própria crise econômica do país, levou o setor<br />

da criação a um momento <strong>de</strong> inflexão,<br />

que soa como um dos principais <strong>de</strong>safios<br />

para a retomada da força do mercado publicitário.<br />

“Em outros momentos, as agências<br />

ousavam mais. Hoje, existe uma baixa<br />

Larissa Magrisso: “Quanto mais diverso um time, melhor”<br />

“A nossA gerAção<br />

nAsceu no crowdfunding:<br />

todo mundo colAborA<br />

pArA construir umA<br />

únicA coisA”<br />

autoestima do mercado, e essa capacida<strong>de</strong><br />

está se per<strong>de</strong>ndo. Os talentos são tão bons<br />

quanto antes, mas precisamos sair mais<br />

da casinha, <strong>de</strong> nosso porto seguro. Temos<br />

<strong>de</strong> conquistar os nossos clientes supreen<strong>de</strong>ndo-os<br />

e sendo ousados o suficiente,<br />

para não per<strong>de</strong>rmos valor”, conclama Luiz<br />

Sanches, sócio e diretor-geral <strong>de</strong> criação da<br />

AlmapBBDO.<br />

A falta <strong>de</strong> ousadia <strong>de</strong>tectada pelo profissional<br />

po<strong>de</strong> ter relação com um cenário<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrimento do potencial das novas<br />

mídias. O momento é <strong>de</strong> adaptação a uma<br />

nova forma <strong>de</strong> se pensar a criação. Antes,<br />

lembra Sanches, as agências focavam seu<br />

trabalho na entrega <strong>de</strong> excelência em não<br />

mais que quatro mídias. O escopo aumentou,<br />

e a gran<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia precisa trabalhar como<br />

uma paleta <strong>de</strong> cores. “Com muito mais lugares<br />

para a criativida<strong>de</strong> se manifestar, o profissional<br />

precisa apren<strong>de</strong>r on<strong>de</strong> ela precisa<br />

ser mais colorida. Vivemos em um mundo<br />

mais frio, e as histórias que sabemos contar<br />

ajudam a aproximar as pessoas”, afirma.<br />

Fim do mad men<br />

Na prática, o criativo precisou se tornar<br />

mais multidisciplinar e, algo inadimissível<br />

há algumas décadas, se enten<strong>de</strong>r como<br />

uma das roldanas <strong>de</strong> um processo maior<br />

para viabilizar projetos <strong>de</strong> comunicação.<br />

“A nossa geração nasceu no crowdfunding:<br />

todo mundo colabora para construir uma<br />

única coisa”, reflete Paulo Coelho, copresi<strong>de</strong>nte<br />

e CCO da DM9DDB. “Todo o processo<br />

ficou mais complexo quando comparado<br />

com o passado. Hoje, você tem muito mais<br />

pontos <strong>de</strong> contato no processo <strong>de</strong> criação. E<br />

nesse cenário não existe mais um lí<strong>de</strong>r criativo<br />

autoral. O que existe é o representante<br />

10 <strong>27</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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