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série espeCial<br />
Criação das agências vive uma das<br />
gran<strong>de</strong>s transformações da história<br />
Setor é impactado pelos dados e tecnologia, e está <strong>de</strong>safiado a retomar<br />
a ousadia sob um cenário <strong>de</strong> pluralida<strong>de</strong> em que o achismo ficou para trás<br />
FELIPE TURLÃO<br />
criação das agências vivencia uma das<br />
A principais transformações <strong>de</strong> sua história<br />
e a reportagem do PROPMARK ouviu<br />
algumas das gran<strong>de</strong>s li<strong>de</strong>ranças da área<br />
para refletir sobre as novas perspectivas<br />
dos profissionais. Em meio a uma série <strong>de</strong><br />
quatro reportagens especiais, a mídia foi<br />
tema <strong>de</strong> matéria já publicada, enquanto<br />
planejamento e atendimento também terão<br />
suas projeções analisadas nas edições<br />
seguintes.<br />
As opiniões do mercado convergem na<br />
sensação <strong>de</strong> que a criação <strong>de</strong> hoje tem um<br />
papel muito mais complexo e abrangente.<br />
E isso traz impactos muito profundos a<br />
um setor acostumado com formatos mais<br />
estáticos <strong>de</strong> trabalho que perduraram por<br />
décadas. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprovação<br />
por dados <strong>de</strong> que uma i<strong>de</strong>ia foi brilhante<br />
ou terrível <strong>de</strong>ixou todos mais apreensivos<br />
e com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reinventar muitos<br />
processos e matar algumas certezas no <strong>de</strong>partamento<br />
criativo. “O achismo e o ‘feeling’<br />
foram aposentados pelas inúmeras<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> meios, infinitas tecnologias<br />
disponíveis e revolução nos dados.<br />
Isso exigiu novos conhecimentos, distintos<br />
backgrounds e perfis absolutamente diversos.<br />
Novos chapéus, novas cabeças e, consequentemente,<br />
mais dores <strong>de</strong> cabeça para<br />
qualquer lí<strong>de</strong>r”, resume Sérgio Gordilho,<br />
copresi<strong>de</strong>nte e CCO da África.<br />
Nesse contexto, a li<strong>de</strong>rança precisa ser<br />
exercida <strong>de</strong> forma muito diferente que no<br />
passado, até porque, o ato <strong>de</strong> criar segue<br />
igual, mas a forma <strong>de</strong> fazê-lo mudou completamente.<br />
“A i<strong>de</strong>ia boa sempre vai mexer<br />
com as pessoas. E lí<strong>de</strong>r criativo é aquele que<br />
consegue construir um ambiente para que<br />
o maior número <strong>de</strong>las floresça. E isso in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
da época. Hoje, mais do que nunca,<br />
o lí<strong>de</strong>r criativo é aquele que não procura<br />
<strong>de</strong>sculpas, mas encontra soluções. Não tenho<br />
dúvida que muitas li<strong>de</strong>ranças que hoje<br />
estão à frente <strong>de</strong> nossa indústria são muito<br />
mais preparadas e capacitadas do que as<br />
do passado. Não porque são melhores, mas<br />
porque tiveram <strong>de</strong> se adaptar, se tornando<br />
mais completos”, <strong>de</strong>staca o executivo.<br />
Essa adaptação mencionada por Gordilho<br />
vislumbra uma criação, por exemplo,<br />
com mais acesso a dados sobre o consumidor,<br />
que tem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar mensagens<br />
personalizadas e <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar<br />
uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mídias muito maior que<br />
há alguns anos. O leque <strong>de</strong> opções, acom-<br />
Fotos: Divulgação<br />
Luiz Sanches: “Os talentos são tão bons quanto antes”<br />
panhado <strong>de</strong> uma profunda transformação<br />
no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio das agências e da<br />
própria crise econômica do país, levou o setor<br />
da criação a um momento <strong>de</strong> inflexão,<br />
que soa como um dos principais <strong>de</strong>safios<br />
para a retomada da força do mercado publicitário.<br />
“Em outros momentos, as agências<br />
ousavam mais. Hoje, existe uma baixa<br />
Larissa Magrisso: “Quanto mais diverso um time, melhor”<br />
“A nossA gerAção<br />
nAsceu no crowdfunding:<br />
todo mundo colAborA<br />
pArA construir umA<br />
únicA coisA”<br />
autoestima do mercado, e essa capacida<strong>de</strong><br />
está se per<strong>de</strong>ndo. Os talentos são tão bons<br />
quanto antes, mas precisamos sair mais<br />
da casinha, <strong>de</strong> nosso porto seguro. Temos<br />
<strong>de</strong> conquistar os nossos clientes supreen<strong>de</strong>ndo-os<br />
e sendo ousados o suficiente,<br />
para não per<strong>de</strong>rmos valor”, conclama Luiz<br />
Sanches, sócio e diretor-geral <strong>de</strong> criação da<br />
AlmapBBDO.<br />
A falta <strong>de</strong> ousadia <strong>de</strong>tectada pelo profissional<br />
po<strong>de</strong> ter relação com um cenário<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrimento do potencial das novas<br />
mídias. O momento é <strong>de</strong> adaptação a uma<br />
nova forma <strong>de</strong> se pensar a criação. Antes,<br />
lembra Sanches, as agências focavam seu<br />
trabalho na entrega <strong>de</strong> excelência em não<br />
mais que quatro mídias. O escopo aumentou,<br />
e a gran<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia precisa trabalhar como<br />
uma paleta <strong>de</strong> cores. “Com muito mais lugares<br />
para a criativida<strong>de</strong> se manifestar, o profissional<br />
precisa apren<strong>de</strong>r on<strong>de</strong> ela precisa<br />
ser mais colorida. Vivemos em um mundo<br />
mais frio, e as histórias que sabemos contar<br />
ajudam a aproximar as pessoas”, afirma.<br />
Fim do mad men<br />
Na prática, o criativo precisou se tornar<br />
mais multidisciplinar e, algo inadimissível<br />
há algumas décadas, se enten<strong>de</strong>r como<br />
uma das roldanas <strong>de</strong> um processo maior<br />
para viabilizar projetos <strong>de</strong> comunicação.<br />
“A nossa geração nasceu no crowdfunding:<br />
todo mundo colabora para construir uma<br />
única coisa”, reflete Paulo Coelho, copresi<strong>de</strong>nte<br />
e CCO da DM9DDB. “Todo o processo<br />
ficou mais complexo quando comparado<br />
com o passado. Hoje, você tem muito mais<br />
pontos <strong>de</strong> contato no processo <strong>de</strong> criação. E<br />
nesse cenário não existe mais um lí<strong>de</strong>r criativo<br />
autoral. O que existe é o representante<br />
10 <strong>27</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark