edição de 22 de abril de 2019
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editorial<br />
Armando Ferrentini<br />
aferrentini@editorareferencia.com.br<br />
Divagações <strong>de</strong> Páscoa<br />
embrando um gran<strong>de</strong> caminhão com <strong>de</strong>feito na parte elétrica, o Brasil amea-<br />
pegar, mas não pega. Quando tudo prometia estar resolvido com a mudança<br />
Lça<br />
no comando do país em consequência das eleições <strong>de</strong> novembro, o que mais temos<br />
assistido é uma sucessão <strong>de</strong> <strong>de</strong>sentendimentos entre os po<strong>de</strong>res da República<br />
e <strong>de</strong>stes com segmentos importantes da população brasileira, daí resultando um<br />
Brasil diariamente em sobressalto, na iminência <strong>de</strong> uma crise que não chega a se<br />
configurar, porque logo <strong>de</strong>pois é produzido outro sobressalto, chamando a atenção<br />
da opinião pública para si.<br />
Já não restam dúvidas <strong>de</strong> que há uma manifesta má vonta<strong>de</strong> contra o presi<strong>de</strong>nte<br />
Bolsonaro, pontificando nos motivos o fato <strong>de</strong> ter sua origem na carreira militar,<br />
embora <strong>de</strong>la tenha se afastado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há muito.<br />
Nesse julgamento prevalece um erro crasso, pois <strong>de</strong> há muito <strong>de</strong>ixara o Exército,<br />
optando pela carreira política, on<strong>de</strong> completou cerca <strong>de</strong> 30 anos como parlamentar.<br />
Além do mais, há que se reconhecer que sua eleição <strong>de</strong>u-se no segundo turno,<br />
competindo com um candidato que não <strong>de</strong>ve ter prestado sequer o serviço militar<br />
obrigatório quando jovem. Queremos dizer com isso que o presi<strong>de</strong>nte Bolsonaro<br />
venceu e chegou on<strong>de</strong> chegou por força <strong>de</strong> uma maioria nas urnas, que não merece<br />
comparação – pelo menos sob esse viés <strong>de</strong>mocrático – com o sucedido nos idos <strong>de</strong><br />
março <strong>de</strong> 1964.<br />
Ainda na última semana, se havia errado em interferir na Petrobras, evitando o aumento<br />
no diesel, teve a humilda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecer o que foi batizado <strong>de</strong> erro grosseiro<br />
por parte <strong>de</strong> alguns experts na matéria, voltando atrás por aconselhamento do<br />
seu ministro Paulo Gue<strong>de</strong>s.<br />
Não estamos aqui <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> forma irrestrita o presi<strong>de</strong>nte Bolsonaro, mas procurando<br />
expor uma análise <strong>de</strong> que o grosso das críticas a ele proce<strong>de</strong> muito mais<br />
dos <strong>de</strong>rrotados nas eleições, o que é muito natural, do que propriamente da população<br />
que nele acreditou, sufragando-o como presi<strong>de</strong>nte da República.<br />
Isto posto, enquanto Bolsonaro luta para melhor enten<strong>de</strong>r as circunstâncias do seu<br />
cargo, <strong>de</strong>senrolam-se outras crises e muitas dificulda<strong>de</strong>s que apresentam como<br />
consequência imediata o famoso stop and go na economia, gerando incertezas e<br />
inibindo gran<strong>de</strong>s investidores internacionais <strong>de</strong> acreditar em nosso país.<br />
Já estamos próximos <strong>de</strong> fechar o primeiro quadrimestre do ano e o que se vê é ainda<br />
um quadro pouco animador, com os diversos segmentos da economia aguardando<br />
dias melhores, que ninguém po<strong>de</strong> prever com segurança quando ocorrerão.<br />
Enquanto isso, lamentáveis <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> egoísmo e até arbitrarieda<strong>de</strong> pipocam<br />
nos outros dois po<strong>de</strong>res da República, com o Legislativo <strong>de</strong>batendo-se contra<br />
a reforma da Previdência, que até mesmo a garotada terminando o ensino primário<br />
já começa a enten<strong>de</strong>r que se faz necessária.<br />
Como se isso não bastasse, o Judiciário, na sua expressão maior que é o STF,<br />
abre uma crise inteiramente <strong>de</strong>snecessária abdicando dos direitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa nos<br />
quais seus membros são mestres, para uma insensata <strong>de</strong>sforra contra o princípio<br />
constitucional da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão, que horroriza e ajuda a atravancar um<br />
pouco mais a economia, pela incerteza que o episódio gera a respeito das instituições.<br />
O correto seria ignorarmos esses absurdos entreveros, mas isso é impossível <strong>de</strong>vido<br />
à origem dos mesmos e à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem acelerados e repetitivos, como<br />
aliás tem acontecido. O mais grave <strong>de</strong>sse comportamento é a incerteza que produz<br />
junto à opinião pública e os agentes do <strong>de</strong>senvolvimento, por provocar um clima<br />
<strong>de</strong> insegurança e <strong>de</strong> abuso <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, condições intoleráveis para quem ousa<br />
investir.<br />
A solução? Não sabemos. A impressão que temos é a <strong>de</strong> que entramos em um enorme<br />
buraco sem saída. É tamanha a incerteza que se apossa da maioria dos brasileiros,<br />
que até para redigirmos estas consi<strong>de</strong>rações lemos e relemos várias vezes percorrendo<br />
com redobrado cuidado o vernáculo, para que não sejamos as próximas<br />
vítimas da prepotência alheia.<br />
Se isso significa a verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>mocracia, ela precisa ser reinventada.<br />
***<br />
Conhecido publicitário que prefere não ser aqui i<strong>de</strong>ntificado indagou-nos recentemente<br />
sobre por que os famosos empresários publicitários da geração anterior a<br />
atual conseguiam interferir no marketing dos seus clientes-anunciantes, a ponto <strong>de</strong><br />
mudar suas rotas a serem percorridas e terem gran<strong>de</strong> influência no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong>ssas empresas.<br />
O ponto central <strong>de</strong>sse questionamento, resumindo, refere-se à gran<strong>de</strong> intromissão<br />
das agências, duas ou três décadas atrás, no marketing dos seus clientes, orientando-os<br />
para o rápido sucesso e a sua manutenção.<br />
Segundo o nosso observador, ele também um empresário do meio, hoje isso não<br />
mais ocorre e aí resi<strong>de</strong> o ponto do seu questionamento: se estava dando certo, por<br />
que mudou?<br />
Para nós é uma questão aberta, cada leitor interessado que viveu essa época não tão<br />
distante, on<strong>de</strong> as agências <strong>de</strong> propaganda tinham mais autonomia e po<strong>de</strong>res sobre<br />
as contas que atendiam, po<strong>de</strong> se manifestar aqui neste espaço.<br />
Uma primeira opinião <strong>de</strong> nossa responsabilida<strong>de</strong> é a <strong>de</strong> que os clientes evoluíram,<br />
não se ocupando apenas da produção e venda dos seus produtos ou serviços, mas<br />
também <strong>de</strong>ssa palavra mágica que não aceita tradução direta para o português e<br />
que se escreve marketing.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento dos mercados em geral fez com que os empresários dos diversos<br />
setores do mercado procurassem se aprofundar melhor nessa transformação<br />
cuja semente foi plantada no chamado pós-guerra (1945), mas que teve outros fatores<br />
a ela agregados, com <strong>de</strong>staque para o avanço da tecnologia industrial e, para<br />
nós, das comunicações, época em que o fenômeno televisão <strong>de</strong>u gran<strong>de</strong> impulso à<br />
distribuição do conhecimento.<br />
As empresas se fortaleceram com o aumento do cabedal <strong>de</strong> conhecimento dos seus<br />
dirigentes e isso refletiu sobretudo na abrangente área do marketing, dando início<br />
embora lentamente à diminuição do que antes era atribuição obrigatória ou até<br />
mesmo voluntária dos agentes publicitários.<br />
Esse avanço consolidou o comportamento das empresas anunciantes, diminuindo<br />
em consequência a influência “marqueteira” das agências, que passaram a se<br />
agarrar mais no que <strong>de</strong> melhor faziam e cada vez mais sabem fazer: comunicação<br />
publicitária, que hoje requer incalculável expertise, tendo em vista o crescimento<br />
digital e a mutação inexorável do analógico para o mesmo.<br />
***<br />
Encerradas as inscrições para o Marketing Best <strong>2019</strong>, esta semana o júri formado<br />
pelos membros da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Marketing, presidida pelo nosso colaborador<br />
Francisco Madia <strong>de</strong> Souza, escolherá os cases vencedores. A divulgação será<br />
feita no fim da próxima terça, dia 23, no online do PROPMARK.<br />
A cerimônia <strong>de</strong> entrega dos troféus às empresas responsáveis pelos cases vencedores<br />
ocorrerá na noite <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> maio, no Tom Brasil, encerrando com show dos Titãs.<br />
Nessa ocasião, receberá também seu prêmio <strong>de</strong> Marketing Citizen do Ano a presi<strong>de</strong>nte-executiva<br />
da ABA (Associação Brasileira <strong>de</strong> Anunciantes), Sandra Martinelli.<br />
***<br />
A agência VML, presidida por Fernando Taralli, fechou acordo com o PROPMARK<br />
para patrocinar com exclusivida<strong>de</strong> a cobertura do Cannes Lions <strong>2019</strong>, pela nossa<br />
equipe <strong>de</strong> jornalistas. O patrocínio compreen<strong>de</strong> o online e o impresso do nosso<br />
jornal.<br />
***<br />
Nesta terça (23), na Livraria da Vila (Alameda Lorena, 1.731), a partir das 18:30 horas,<br />
Antoninho Rossini lançará e autografará seu mais recente livro, Mano Véio, contando<br />
a trajetória <strong>de</strong> Amorim Filho, maior divulgador das manifestações culturais<br />
nor<strong>de</strong>stinas em todo o Brasil.<br />
Antoninho Rossini foi editor do PROPMARK, ainda em sua primeira fase, sob o antigo<br />
título <strong>de</strong> Asteriscos.<br />
4 <strong>22</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> - jornal propmark