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Eyond thE linE<br />
Unsplash<br />
Marketing ESG<br />
As agências <strong>de</strong>vem preservar as melhores<br />
práticas <strong>de</strong> governança, dando importância<br />
a controles, compliance e relações éticas<br />
Alexis Thuller PAgliArini<br />
administração <strong>de</strong> negócios e a produção<br />
<strong>de</strong> bens tiveram, historicamente,<br />
A<br />
ciclos e fases. Do capitalismo selvagem<br />
ao capitalismo consciente, a humanida<strong>de</strong><br />
conviveu com empresas que sempre visaram<br />
ao lucro, mas que o buscavam (e continuam<br />
buscando) <strong>de</strong> diferentes maneiras.<br />
Houve fases em que os empregados foram<br />
tratados como meras peças da engrenagem<br />
produtiva, sendo submetidos a regimes<br />
<strong>de</strong> trabalho exaustivo e <strong>de</strong>sumano.<br />
Charles Chaplin retratou muito bem a revolução<br />
industrial da década <strong>de</strong> 1930, expondo<br />
o trabalho estafante das linhas <strong>de</strong> montagem,<br />
no filme Tempos Mo<strong>de</strong>rnos.<br />
Por décadas, a figura do patrão ganancioso<br />
e muitas vezes inescrupuloso foi o retrato<br />
da administração <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas.<br />
Com o passar do tempo, a organização<br />
<strong>de</strong> empregados em torno <strong>de</strong> sindicatos e representantes<br />
<strong>de</strong> classe trouxe o surgimento<br />
<strong>de</strong> um contraponto importante, exigindo<br />
dos administradores uma atitu<strong>de</strong> mais<br />
respeitosa em relação a seus empregados.<br />
Mas essa cobrança não permaneceu intramuros,<br />
extrapolou as <strong>de</strong>pendências das<br />
empresas e chegou aos consumidores, que<br />
também passaram a exigir uma postura respeitosa<br />
<strong>de</strong>sses administradores, que foram<br />
impelidos a pensar não somente nos sharehol<strong>de</strong>rs,<br />
mas também nos stakehol<strong>de</strong>rs.<br />
Ou seja: não há nada errado com o lucro<br />
– ele continua sendo a essência do capitalismo<br />
–, mas ele <strong>de</strong>ve ser obtido observando<br />
respeito entre todos os stakehol<strong>de</strong>rs e a<br />
socieda<strong>de</strong>, como um todo. Recentemente,<br />
observamos um certo retrocesso nesse processo<br />
<strong>de</strong> respeito holístico. Alguns lí<strong>de</strong>res<br />
políticos partiram para uma gestão pouco<br />
empática e beligerante, propondo uma administração<br />
mais egoísta.<br />
Esse mau exemplo – que felizmente está<br />
saindo <strong>de</strong> cena – po<strong>de</strong> ter influenciado alguns<br />
lí<strong>de</strong>res empresariais, mas o que parece<br />
prevalecer é uma volta à trilha original,<br />
<strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento econômico mais<br />
consciente e respeitoso. E começam a se<br />
sobressair os princípios representados por<br />
três letras: ESG. Em inglês: Environmental/<br />
Social/Governance. Em português: Meio<br />
ambiente/Responsabilida<strong>de</strong> Social/Governança.<br />
Esta sigla virou um must entre os<br />
gran<strong>de</strong>s fundos e grupos <strong>de</strong> investidores,<br />
que além, obviamente, do lucro cobram<br />
das empresas total observância às melhores<br />
práticas nesses três pontos fundamentais<br />
da administração para merecerem seu<br />
investimento.<br />
Trazendo os princípios para o marketing,<br />
não é <strong>de</strong> hoje que já se <strong>de</strong>staca a responsabilida<strong>de</strong><br />
social e ambiental refletida<br />
nas campanhas e ações <strong>de</strong> marketing. Logicamente,<br />
tomando todo o cuidado com o<br />
greenwashing.<br />
Não basta comunicar o respeito ao meio<br />
ambiente e à responsabilida<strong>de</strong> social. É<br />
preciso praticar esses princípios.<br />
Se o público flagra uma dissonância entre<br />
discurso e prática, o tiro sai pela culatra.<br />
O que há <strong>de</strong> novo na área <strong>de</strong> marketing<br />
é a extensão do termo Social e a importância<br />
da Governança.<br />
A responsabilida<strong>de</strong> social, agora, permeia<br />
o respeito à diversida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma ampla,<br />
e igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros, mas também<br />
as boas práticas nas relações com todos,<br />
preservando a sustentabilida<strong>de</strong> econômica<br />
<strong>de</strong> todos os players e não somente a da<br />
empresa.<br />
Permeia também a relação com colaboradores,<br />
buscando seu bem-estar, sem exigências<br />
exageradas. Mas a maior novida<strong>de</strong><br />
mesmo é o lado da Governança.<br />
Entre os prestadores <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong><br />
marketing, principalmente as agências,<br />
sempre prevaleceu um ambiente administrativo<br />
mais solto, muitas vezes beirando<br />
ao <strong>de</strong>scontrole. Por fazer parte da indústria<br />
criativa, sempre se privilegiou uma forma<br />
menos rigorosa <strong>de</strong> tocar os negócios, com o<br />
receio <strong>de</strong> engessar o processo.<br />
Infelizmente, não dá mais. As agências<br />
precisam ter consciência <strong>de</strong> que, antes <strong>de</strong><br />
serem centros <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>, são empresas<br />
e, como tal, <strong>de</strong>vem preservar as melhores<br />
práticas <strong>de</strong> governança, dando importância<br />
a controles, compliance e relações<br />
éticas. A sintonia aos princípios da sigla<br />
ESG é necessária para todos e <strong>de</strong>ve nortear<br />
também as ações <strong>de</strong> marketing.<br />
Alexis Thuller Pagliarini é presi<strong>de</strong>nte-executivo da<br />
Ampro (Associação <strong>de</strong> Marketing Promocional)<br />
alexis@ampro.com.br<br />
22 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark