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Edição de 27 de setembro de 2021

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Alê Oliveira<br />

<strong>de</strong> estar junto; <strong>de</strong> se aproximar.<br />

Sinto que estamos discutindo<br />

pouco a questão da confiança. A<br />

Africa quer isso mais presente.<br />

Não acredito em agência que não<br />

é li<strong>de</strong>rada por um criativo. Brinco<br />

com o Marcio Santoro, com<br />

quem divido a posição <strong>de</strong> CEO,<br />

que somos garfo e faca. Se fôssemos<br />

um restaurante, seria como<br />

o chef <strong>de</strong> cozinha e o mâitre. Essa<br />

combinação <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> com<br />

negócios é o que tentamos na<br />

Africa. Além <strong>de</strong> formar profissionais<br />

para serem lí<strong>de</strong>res em outras<br />

agências. O mo<strong>de</strong>lo da Africa exige<br />

li<strong>de</strong>rança criativa.<br />

Por quê?<br />

A valorização dos criativos<br />

precisa ser retomada. Na área da<br />

mídia, <strong>de</strong> dados e até da área <strong>de</strong><br />

criação. Há pouca valorização da<br />

criativida<strong>de</strong>. As discussões são<br />

muito rasas. Quando um diretor<br />

<strong>de</strong> marketing não conhece quem<br />

cria as suas campanhas, o trabalho<br />

não vai ficar bom. Precisamos<br />

voltar e aplicar aprendizados do<br />

passado. As gran<strong>de</strong>s agências tinham<br />

criativos que mantinham<br />

relação com as marcas. O relacionamento<br />

<strong>de</strong> anos do Marcello<br />

Serpa com Havaianas e Volkswagen<br />

é uma coisa linda. Essa é uma<br />

ban<strong>de</strong>ira que <strong>de</strong>fendo. Se tem<br />

algo positivo no zoom, foi que<br />

muitos profissionais <strong>de</strong>scobriram<br />

nome e sobrenome <strong>de</strong> quem faz<br />

sua publicida<strong>de</strong>. A sala <strong>de</strong> zoom<br />

permite essa coisa mais <strong>de</strong>mocrática<br />

<strong>de</strong> ninguém ter crachá. Um<br />

dos aprendizados que tivemos<br />

com a pan<strong>de</strong>mia é o <strong>de</strong> manter as<br />

relações.<br />

Como foi sua experiência <strong>de</strong> trabalhar<br />

fora do Brasil?<br />

Fiquei em Nova York quase<br />

três meses tentando enten<strong>de</strong>r<br />

esse processo <strong>de</strong> os Estados<br />

Unidos estar sempre um passo à<br />

frente, agora na questão da vacinação.<br />

Passamos um período sem<br />

se relacionar. Há uma geração <strong>de</strong><br />

crianças que nunca tiveram um<br />

toque <strong>de</strong> outra criança. Olhar isso<br />

foi superpositivo. E também <strong>de</strong>scobrir<br />

se eu conseguiria trabalhar<br />

a distância. No meu caso, a conclusão<br />

é que é impossível.<br />

A publicida<strong>de</strong> brasileira é um dos<br />

vetores da economia criativa. Falta<br />

algo?<br />

Primeiro, não olhar para a história.<br />

Publicida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>fesa das<br />

marcas e respeito pela memória.<br />

I<strong>de</strong>ias estão sendo repetidas<br />

como se fossem inéditas. Respeitar<br />

quem ajudou a consolidar<br />

essa indústria é primordial. Essas<br />

pessoas passaram a bola para a<br />

gente. Não po<strong>de</strong>mos negar como<br />

se esses nomes não tivessem<br />

existido. O Brasil é o terceiro país<br />

mais criativo do mundo, segundo<br />

o último relatório do Cannes<br />

Lions, graças ao legado que herdamos.<br />

E o segundo?<br />

Ambição global. A Africa nunca<br />

se colocou apenas como uma<br />

agência brasileira. Não po<strong>de</strong>mos<br />

pensar pequeno. Para ser global<br />

não precisa sair do Brasil.<br />

E o terceiro ponto?<br />

O respeito entre as agências.<br />

A Africa só é o que é por causa<br />

da AlmapBBDO, AKQA, GUT,<br />

R/GA, Crispin Porter + Boguski,<br />

VMLY&R, Wun<strong>de</strong>rman Thompson<br />

e FCB, por exemplo. A concorrência<br />

<strong>de</strong>ve ser no sentido <strong>de</strong><br />

um puxar o outro. Mercado com<br />

uma agência só não é criativo. A<br />

força do Brasil é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

agências premiadas que nos coloca<br />

na 3ª posição do ranking <strong>de</strong><br />

criativida<strong>de</strong> global. Temos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

a criativida<strong>de</strong> para evitar a<br />

perda <strong>de</strong> talentos.<br />

O que é mais nocivo?<br />

A distância faz com que algumas<br />

agências achem que só elas<br />

“criativo<br />

Pensa nos<br />

Problemas<br />

Para gerar<br />

soluções”<br />

fazem a diferença no mercado<br />

brasileiro. Não acredito em um<br />

formato único <strong>de</strong> agência.<br />

O que é motivo <strong>de</strong> orgulho?<br />

Do trabalho que fazemos com<br />

a Central Única das Favelas (Cufa)<br />

com movimentos como o Panela<br />

Cheia. Levar mais público para<br />

o MAM e trazer cultura para fora<br />

das pare<strong>de</strong>s. A Escola Africa treina<br />

e prepara estudantes para a<br />

indústria da comunicação. Pessoalmente,<br />

fazer parte do conselho<br />

do Hospital Pequeno Príncipe,<br />

especializado em câncer infantil.<br />

Estamos entrando com projeto<br />

para apoio dos transsexuais. Nossa<br />

indústria precisa enten<strong>de</strong>r que<br />

há diferença entre ganhar prêmio<br />

e ser prestigiado.<br />

jornal propmark - <strong>27</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2021</strong> 15

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