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Edição de 27 de setembro de 2021

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eyOnd the line<br />

Mark Fletcher-Brown/Unsplash<br />

O novo – e nobre –<br />

papel das empresas<br />

O capitalismo selvagem parece estar dando<br />

lugar ao capitalismo consciente, empático<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

Benemerência e filantropia existem <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

sempre. Muitas empresas já adotam essas<br />

práticas há tempos. Mas, com o crescimento<br />

da valorização da atuação empresarial em<br />

torno dos princípios ESG (Enviromental/<br />

Meio ambiente, Social/Responsabilida<strong>de</strong><br />

social, Governance/Governança), mesmo as<br />

empresas mais ávidas pelo lucro e pragmáticas<br />

quanto sua atuação empresarial, focada<br />

na agressivida<strong>de</strong> e resultado, reveem sua estratégia,<br />

procurando reservar parte do lucro<br />

para ações em benefício da socieda<strong>de</strong>, e não<br />

só seus acionistas.<br />

Não que o lucro seja algo “pecaminoso”,<br />

ao contrário, ele continua sendo a essência<br />

do capitalismo e a garantia <strong>de</strong> perenida<strong>de</strong><br />

das empresas. A diferença é que o capitalismo<br />

selvagem parece estar dando lugar ao<br />

capitalismo consciente, empático, bom para<br />

todos os stakehol<strong>de</strong>rs.<br />

Se o fazem puramente por nobres princípios<br />

ou simplesmente para se a<strong>de</strong>quar à<br />

onda <strong>de</strong> valorização <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> menos<br />

sovina, o importante é que cada vez mais<br />

empresas incluem nos seus planos ações sintonizadas<br />

aos princípios ESG.<br />

É previsível que as empresas que permanecerem<br />

insensíveis às <strong>de</strong>mandas da socieda<strong>de</strong><br />

e só pensarem no seu lucro, ten<strong>de</strong>m a<br />

ser preteridas por consumidores cada vez<br />

mais atentos e engajados na luta por um<br />

mundo mais empático e solidário.<br />

O que me faz acreditar na consistência<br />

<strong>de</strong>ssa nova onda <strong>de</strong> ações empresariais positivas<br />

para a socieda<strong>de</strong> são os exemplos que<br />

vêm das maiores premiações <strong>de</strong> marketing e<br />

comunicação do mundo.<br />

Já enfatizei, aqui mesmo, a característica<br />

predominante dos cases mais premiados<br />

no Cannes Lions <strong>2021</strong>, <strong>de</strong>stacando ações<br />

em benefício <strong>de</strong> pessoas com algum tipo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência ou aquelas voltadas à proteção<br />

do meio ambiente ou ainda as iniciativas<br />

contra o preconceito e em benefício da inclusão<br />

social.<br />

Agora, acabo <strong>de</strong> julgar os prêmios máximos<br />

do AME New York Festivals, competição<br />

internacional, da qual fiz parte do júri. E<br />

o que vejo por lá é uma continuida<strong>de</strong> do que<br />

presenciamos no Cannes Lions e <strong>de</strong>mais festivais<br />

internacionais: cases que geram “positive<br />

impact” na socieda<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacando na<br />

premiação. A concepção mais sensível e engajada<br />

<strong>de</strong> produtos, como o caso da Crayola,<br />

empresa americana <strong>de</strong> lápis e canetas, que<br />

criou a linha Colors of the World, com um estojo<br />

<strong>de</strong> lápis com uma paleta <strong>de</strong> cores muito<br />

mais ampla, para que crianças negras, mulatas<br />

e amarelas se i<strong>de</strong>ntificassem ao se retratar<br />

em <strong>de</strong>senhos com os lápis da empresa.<br />

Não seria nada <strong>de</strong>mais, não fosse a campanha<br />

emocionante, colocada no ar pela empresa,<br />

mostrando crianças felizes, <strong>de</strong> etnias<br />

diferentes, por se verem respeitadas nas cores<br />

dos lápis.<br />

O Cannes Lions <strong>2021</strong> já tinha premiado<br />

com dois Grand Prix a iniciativa da empresa<br />

Woojer, que criou um colete que vibra com<br />

música, ajudando crianças com fibrose cística<br />

a eliminar o muco dos seus pulmões <strong>de</strong><br />

forma agradável e divertida.<br />

O mesmo festival, em 2019, havia atribuído<br />

Grand Prix à loja <strong>de</strong> móveis e <strong>de</strong>coração<br />

Ikea, que criou uma linha <strong>de</strong> acessórios para<br />

adaptar seus móveis a pessoas com diferentes<br />

tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência física. Alguns po<strong>de</strong>rão<br />

argumentar que essas empresas estão<br />

simplesmente ampliando suas linhas <strong>de</strong> produtos<br />

para ven<strong>de</strong>r mais.<br />

E aí é que está o ponto: ven<strong>de</strong>r mais e lucrar<br />

não é pecado. O que há <strong>de</strong> novo é o pensamento<br />

empático, <strong>de</strong>dicado a minorias e a<br />

grupos menos favorecidos <strong>de</strong> consumidores,<br />

em vez <strong>de</strong> o grupo dominante. Não é benemerência,<br />

é uma nova forma <strong>de</strong> pensar seus<br />

negócios.<br />

Como, por exemplo, a Starbucks brasileira<br />

que abriu suas portas a pessoas trans,<br />

ajudando-as no processo <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> nome.<br />

Essa postura po<strong>de</strong> até gerar controvérsia<br />

e afastar alguns mais conservadores, mas as<br />

empresas estão impelidas a se posicionar e<br />

ter uma atitu<strong>de</strong> concreta e corajosa em benefício<br />

da socieda<strong>de</strong>, como um todo.<br />

São atitu<strong>de</strong>s assim que vão criar um mundo<br />

melhor. Devemos todos valorizar essas<br />

empresas sensíveis e empáticas! Quanto a<br />

mim, faço parte do coletivo Criativista, que<br />

visa <strong>de</strong>stacar e apoiar essas iniciativas. Vamos<br />

juntos!<br />

Alexis Thuller Pagliarini é presi<strong>de</strong>nte-executivo da<br />

Ampro (Associação <strong>de</strong> Marketing Promocional)<br />

alexis@ampro.com.br<br />

18 <strong>27</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2021</strong> - jornal propmark

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