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negócios &<br />
sustentabilida<strong>de</strong><br />
Alê Oliveira<br />
O <strong>de</strong>safio da<br />
comunicação<br />
ambiental<br />
Ricardo Esturaro<br />
é escritor, administrador <strong>de</strong> empresas<br />
e especialista em marketing, estratégia<br />
e sustentabilida<strong>de</strong><br />
ricardo@esturaro.com<br />
Ricardo Esturaro<br />
As empresas são continuamente bombar<strong>de</strong>adas<br />
por informações provenientes <strong>de</strong> pesquisas, palestras<br />
<strong>de</strong> especialistas e eventos que <strong>de</strong>stacam<br />
a preocupação da maioria da população com o meio<br />
ambiente e o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> contribuir para um futuro sustentável.<br />
Naturalmente, as empresas interpretam esses<br />
sinais como indicadores <strong>de</strong> um mercado promissor<br />
para os produtos ver<strong>de</strong>s.<br />
No entanto, a realida<strong>de</strong> revela uma lacuna entre o<br />
discurso e a prática, além da resistência e da falta <strong>de</strong><br />
compreensão em relação aos temas ambientais por<br />
gran<strong>de</strong> parte da população. Essa diferença representa<br />
um <strong>de</strong>safio para as empresas, que encontram dificulda<strong>de</strong>s<br />
em transformar consumidores, que se consi<strong>de</strong>ram<br />
conscientes ambientalmente, em compradores <strong>de</strong> produtos<br />
sustentáveis.<br />
Ao mesmo tempo, é interessante analisar como a<br />
crescente cobertura jornalística <strong>de</strong> eventos climáticos<br />
extremos, tais como secas, ondas <strong>de</strong> calor, enchentes,<br />
tempesta<strong>de</strong>s severas e incêndios florestais, está tornando<br />
a população brasileira mais familiarizada com termos<br />
e expressões como “mudanças climáticas”, “aquecimento<br />
global”, “ameaça ao planeta” e “risco para as futuras<br />
gerações”, entre outros. No entanto, é importante ressaltar<br />
que familiarida<strong>de</strong> não significa necessariamente<br />
compreensão das causas <strong>de</strong>sses problemas ou conhecimento<br />
suficiente para formar opiniões embasadas<br />
sobre esses assuntos.<br />
A isso se soma um aspecto importante do comportamento<br />
humano, somos biologicamente programados<br />
para nos preocuparmos com o que os outros pensam sobre<br />
nós, e, assim, nos esforçamos para a<strong>de</strong>quar o nosso<br />
comportamento ao do grupo. Nesse contexto, as pessoas<br />
geralmente evitam admitir que não enten<strong>de</strong>m ou não<br />
têm opinião sobre um assunto que, teoricamente, todos<br />
parecem compreen<strong>de</strong>r e se preocupar.<br />
Provavelmente, essa é a razão pela qual os consumidores<br />
<strong>de</strong>monstram tanta receptivida<strong>de</strong> em relação<br />
à temática ambiental nas pesquisas, mas suas palavras<br />
e intenções raramente se materializam em compras ou<br />
mudanças <strong>de</strong> comportamento no mundo real.<br />
Outro <strong>de</strong>safio está relacionado à percepção <strong>de</strong> que<br />
um estilo <strong>de</strong> vida sustentável é impraticável e inconveniente.<br />
Uma pesquisa realizada pela consultoria Deloitte<br />
no Reino Unido, em 2022, revelou que a associação com<br />
um estilo <strong>de</strong> vida sustentável vai contra um aspecto que<br />
o consumidor mais valoriza: a praticida<strong>de</strong>. Os principais<br />
obstáculos i<strong>de</strong>ntificados em relação ao estilo <strong>de</strong> vida<br />
sustentável estão ligados ao seu custo elevado, à falta<br />
<strong>de</strong> interesse no assunto, à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso à informação<br />
e à crença <strong>de</strong> que pequenas ações não fazem<br />
diferença significativa. Essas barreiras são seguidas por<br />
outras que reforçam a percepção negativa em relação<br />
à praticida<strong>de</strong>, como a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a vida sustentável<br />
<strong>de</strong>manda muito esforço, é difícil, não é acessível, exige<br />
muito tempo e <strong>de</strong>dicação.<br />
Nesse contexto, é crucial que as estratégias <strong>de</strong> comunicação<br />
encontrem formas inovadoras e eficazes <strong>de</strong><br />
superar essas barreiras e tornar a sustentabilida<strong>de</strong> mais<br />
atraente para o consumidor. A educação, a informação<br />
acessível e as abordagens que enfatizem benefícios<br />
tangíveis e práticos são fundamentais para quebrar<br />
os estereótipos negativos associados ao estilo <strong>de</strong> vida<br />
sustentável.<br />
Portanto, ao adotar uma abordagem que alia consciência<br />
ambiental e praticida<strong>de</strong>, é possível estimular uma<br />
mudança gradual <strong>de</strong> comportamento, incentivando assim<br />
o consumo <strong>de</strong> produtos ver<strong>de</strong>s. Essa mudança não<br />
apenas beneficia o meio ambiente, mas também é o<br />
melhor caminho para se criar um mercado <strong>de</strong> consumo<br />
<strong>de</strong> massa sustentável.<br />
28 3 <strong>de</strong> <strong>julho</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark