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edição de 3 de julho de 2023

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mkt<br />

Alê Oliveira<br />

Self-checkout<br />

“Mas com gente é diferente”.<br />

“Disparada”, Geraldo Vandré<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

fmadia@madiamm.com.br<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

É<br />

essa a <strong>de</strong>nominação que muitas empresas da nova<br />

economia vem adotando, fazendo, praticando.<br />

Demissão pelo digital, a distância, <strong>de</strong> forma seca,<br />

dura, gelada, <strong>de</strong>vastadora. Como cantou Vandré em<br />

“Disparada”, “porque gado a gente marca, tange, ferra,<br />

engorda e mata, mas com gente é diferente...”. Era!<br />

Agora é pior do que com gado.<br />

Cada empresa escolhe como proce<strong>de</strong>r em relação<br />

ao seu principal capital, seu capital humano. A empresa<br />

que adota o self-checkout está acionando uma bomba<br />

relógio que ao eclodir manda sua marca – mais que merecidamente<br />

– para o quinto dos infernos. Até anos atrás<br />

o capital humano, o People <strong>de</strong> nossa Madia Marketing<br />

Matrix, era constituído exclusivamente das pessoas que<br />

trabalhavam na empresa.<br />

Hoje, na SEKS, Knowledge Society e Sharing Economy,<br />

o capital humano das empresas – em verda<strong>de</strong> seu capital<br />

principal, <strong>de</strong>sdobra-se em 3 dos 13 “Ps” <strong>de</strong> nossa<br />

Matrix: People, os que continuam trabalhando <strong>de</strong>ntro; +<br />

Partners, os parceiros externos; e + Provi<strong>de</strong>rs, os fornecedores.<br />

Todos, sem exceção, <strong>de</strong>veriam continuar sendo<br />

selecionados, escolhidos, treinados e tratados com respeito<br />

e carinho, e maior admiração. A pão <strong>de</strong> ló. Jamais,<br />

como os gados são citados na canção <strong>de</strong> Vandré.<br />

Mas, na nova economia, e em seu episódio mais<br />

sórdido e burro, “Com Gente Não É Mais Diferente”. É<br />

como gado! Algumas das empresas da nova economia<br />

tangem, ferram, engordam e matam seu People, a parte<br />

mais importante e sensível <strong>de</strong> todo o negócio. Marcando<br />

na pele, coração e alma os que até ontem eram valorizados,<br />

e plantando uma semente <strong>de</strong> preocupação, angústia<br />

e medo, nos provisoriamente sobreviventes.<br />

Em matéria da melhor qualida<strong>de</strong> e importância, assinada<br />

por Carolina Nalin, em O Globo, a pratica embainhada<br />

com requintes <strong>de</strong> cruelda<strong>de</strong> e sangue jorrando por<br />

todos os lados: “A <strong>de</strong>missão por vi<strong>de</strong>ochamada em grupo<br />

não é mais caso isolado. Vem sendo adotada e praticada<br />

em empresas <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> diferentes países. A<br />

modalida<strong>de</strong> self-checkout, em que o próprio funcionário<br />

se <strong>de</strong>sliga da empresa sem merecer um telefonema ou<br />

reunião, já é consi<strong>de</strong>rada praxe em muitas <strong>de</strong>ssas empresas.<br />

Até o último dia 9 <strong>de</strong> junho, mais <strong>de</strong> 8 mil <strong>de</strong>missões<br />

aconteceram nesse formato em empresas da nova<br />

economia aqui no Brasil...”<br />

A tal da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> não significa abandono e<br />

<strong>de</strong>sconexão dos valores essenciais. Esses não apenas<br />

permanecem e, agora, mais que em qualquer outro<br />

momento, megavalorizados. Tudo o mais é passível<br />

<strong>de</strong> recuperação. Corrigem-se os erros <strong>de</strong> planejamento,<br />

as práticas do dia a dia, proce<strong>de</strong>-se a uma revisão<br />

no portfólio <strong>de</strong> produtos e serviços, muda-se a se<strong>de</strong>,<br />

abrem-se e fecham-se filiais, renovam-se parcerias e,<br />

especialmente, <strong>de</strong>scartam-se velhas plataformas e<br />

tecnologias trocando por novas e mais eficazes; repito,<br />

tudo o mais é passível <strong>de</strong> recuperação. Respeito, consi<strong>de</strong>ração<br />

e empatia são princípios ativos essenciais para<br />

empresas que preten<strong>de</strong>m alcançar um mínimo <strong>de</strong> vida<br />

e sustentabilida<strong>de</strong>. Sem esses valores básicos po<strong>de</strong>-se<br />

até mesmo atenuar os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong> curto prazo,<br />

e até mesmo atenuar os prováveis resultados negativos<br />

do balanço, mas equivale a ministrar cicuta recorrente<br />

às empresas.<br />

Cicuta? Designação vulgar <strong>de</strong> plantas herbáceas do<br />

gênero Conium e da família das umbelíferas... A cicuta<br />

– conium maculatum – é planta aromática, com caules<br />

cilíndricos, frequentemente manchadas <strong>de</strong> vermelho...<br />

com alto potencial tóxico para animais e seres humanos.<br />

Isso posto, totalmente <strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong> inteligência<br />

social, muitas das empresas da nova economia não se<br />

<strong>de</strong>ram conta, ainda, e <strong>de</strong>pois não adiantará mais, que ao<br />

adotarem o self-checkout, <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> mesmo, o que estão<br />

fazendo é praticarem o “shoot yourself in the foot”,<br />

atirando, mais que contra os próprios pés, contra seus<br />

cérebros tecnológicos infinitamente menores e <strong>de</strong>sprezíveis<br />

do que das minhocas. Mesmo porque, jamais conseguiriam<br />

atirar contra o que não têm. Coração.<br />

38 3 <strong>de</strong> <strong>julho</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark

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