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Alê Oliveira<br />
As MBAs...<br />
“Sou humil<strong>de</strong>, mas não mo<strong>de</strong>sto. Modéstia é falsida<strong>de</strong>”.<br />
Washington Olivetto<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
Um dia os japoneses da Busicom 1968 entraram na<br />
Intel. Precisavam <strong>de</strong> uma pecinha para aposentar<br />
lápis, papel e borracha. Dois anos <strong>de</strong>pois, a Intel<br />
entregou a primeira das memórias.<br />
Fim <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1986. Washington volta <strong>de</strong> Cannes,<br />
vai à DPZ e pe<strong>de</strong> a <strong>de</strong>missão. O mercado estava num<br />
grau <strong>de</strong> nervosismo absurdo diante dos boatos que circulavam.<br />
E a partir das 12 horas, no Manhattan, restaurante<br />
do Zé Victor Oliva, começam a chegar os convidados<br />
para o almoço/coletiva. Abri a coletiva anunciando a<br />
novida<strong>de</strong>: W/GGK. Alguns jornalistas passaram por mim<br />
e diziam: “Madia, simplesmente ridículo. Vai dar merda.”<br />
Não <strong>de</strong>u. Mudou a história da propaganda brasileira.<br />
Para melhor, para muito melhor.<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
fmadia@madiamm.com.br<br />
O Microship 4004. Gordon Moore, emocionado, ao entregar,<br />
disse: “Este microchip vai dobrar <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> a<br />
cada 18 meses e ter seu preço reduzido pela meta<strong>de</strong>”. No<br />
mínimo ingênuo, a multiplicação da capacida<strong>de</strong> é quase<br />
infinita e os preços bateram no chão.<br />
Fevereiro <strong>de</strong> 1984. Vou almoçar no Ro<strong>de</strong>io, na porta<br />
Washington Olivetto. Conheci o Washington em 1971, na<br />
Lince Publicida<strong>de</strong>, do Berco Udler, estagiava com o Sergio<br />
Graciotti. Ele e o saudoso Clovis Calia. Os dois usavam<br />
batas e cabelos cumpridos, e tamancos. Tempos <strong>de</strong> Woodstock.<br />
“Madia, tudo bem...?”<br />
Aperto <strong>de</strong> mão, abraço, e ele pergunta, uma vez mais:<br />
“quando você vai me ajudar a montar minha agência?”<br />
Conversa vai e conversa vem, me conta <strong>de</strong> um comercial<br />
que acabara <strong>de</strong> criar à procura <strong>de</strong> um anunciante.<br />
Câmera aberta, praia, um homem correndo e um lindo<br />
cão correndo atrás, música. Aproxima-se, e, nhac... dá<br />
uma mordida no homem...<br />
Finalmente, início <strong>de</strong> 1986, Washington diz: “Madia, se<br />
você não montar minha agência vou procurar outro consultor”.<br />
De janeiro a maio daquele ano, no apartamento<br />
do Washington, na Haddock Lobo, uma vez por semana,<br />
nos reuníamos para um café e <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> uma agência<br />
inusitada. Que ia ter em seu comando um profissional<br />
<strong>de</strong> criação.<br />
Mo<strong>de</strong>lo pronto, visitei os principais grupos <strong>de</strong> comunicação,<br />
brasileiros e internacionais, no Brasil. Todos<br />
foram unânimes: “enlouqueceu, uma agência sob o<br />
comando <strong>de</strong> um criativo”. A última da lista era a GGK. E<br />
on<strong>de</strong> trabalhava o Javier Llusa.<br />
Os anos <strong>de</strong> ouro da propaganda brasileira vão <strong>de</strong><br />
1980 a 2010. Nesse meio tempo trabalhamos em outros<br />
projetos, como Talent, Expressão, AlmapBBDO, Agência-<br />
Click, DM9DDB, Loducca, Full Jazz, Giovanni, Lew’Lara, Propeg,<br />
Newcommbates e Neogama.<br />
Por obra das circunstâncias, Madia foi a empresa <strong>de</strong><br />
arquitetura e projetos da nova propaganda brasileira.<br />
Que chegou ao fim em 2010, <strong>de</strong>pois no naufrágio da Publicis,<br />
que comprou muitas das novas agências que foram<br />
<strong>de</strong>finhando pelo caminho, com a partida <strong>de</strong> seus lí<strong>de</strong>res.<br />
Na década passada, tentativas oportunistas e zero<br />
consistência como <strong>de</strong> uma IBM, ou Accenture, que rapidamente<br />
ou emu<strong>de</strong>ceram, ou tiraram o time <strong>de</strong> campo<br />
por absoluta irrelevância.<br />
Uma gran<strong>de</strong> safra, mais para pan<strong>de</strong>mia, das chamadas<br />
agências digitais que rapidamente per<strong>de</strong>rão o<br />
sentido e razão <strong>de</strong> ser, dando lugar para a inteligência<br />
artificial. Não sobrará pedra sobre pedra...<br />
Finalmente, e a partir do ano que vem, começam a<br />
nascer as verda<strong>de</strong>iras substitutas das velhas e boas<br />
agências <strong>de</strong> propaganda. Neste momento, na Madia, estamos<br />
encubando cinco, e muitas outras nascerão em<br />
todos os próximos anos.<br />
As MBAs – As agências <strong>de</strong> marketing e branding... As<br />
agências que resgatam o melhor da criativida<strong>de</strong> das<br />
agências dos anos <strong>de</strong> ouro da propaganda brasileira, e a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecer contribuições estratégicas relevantes<br />
e <strong>de</strong>cisivas para seus clientes.<br />
Que jamais esperam pelo briefing. Conhecem as<br />
empresas em profundida<strong>de</strong>, os territórios on<strong>de</strong> atuam,<br />
e antecipam-se. Certificadas pela Abramark. E que adotam<br />
o mantra <strong>de</strong> Drucker: “A melhor forma <strong>de</strong> prever o<br />
futuro é construí-lo...”<br />
jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 47