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“Eu faço perguntas que talvez quem estava aqui não<br />
fazia, porque eu trago a perspectiva <strong>de</strong> cliente”<br />
fazendo é para que a gente tenha um centro trabalhando para o nosso ecossistema<br />
<strong>de</strong> agências. Para ser mais rápido, inovador, estratégico e ter mais controle da<br />
operação. Foi uma mudança <strong>de</strong> jeito <strong>de</strong> operar. Então, vai continuar tendo a área,<br />
sim, mas é um cargo que vai estar respon<strong>de</strong>ndo para a Andréa Fernan<strong>de</strong>s (COO do<br />
Publicis Groupe). Vamos ter pessoas <strong>de</strong> marketing e comunicação, como toda agência.<br />
Essa área <strong>de</strong> marketing também vai nos ajudar a se comunicar com o cliente<br />
e com o mercado. Por isso, sim, a área <strong>de</strong> marketing continua sendo relevante e<br />
estratégica, mas que vai se reportar para operações.<br />
Por que houve concentração na área <strong>de</strong> comunicação corporativa,<br />
com a saída <strong>de</strong> profissionais das respectivas agências?<br />
O que a gente está fazendo organizacionalmente é o que o grupo fez em todos os<br />
lugares, <strong>de</strong> ter uma centralização <strong>de</strong> áreas que são comuns a todas as agências e<br />
a gente possa mostrar um serviço melhor. No fim, as agências se tornam uma unida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> negócio <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse conglomerado. A gente fez isso com RH, com finança<br />
corporativa, comunicação e marketing, e estamos fazendo isso com operações.<br />
Com isso, temos um olhar mais global do grupo, um olhar <strong>de</strong> portfólio mesmo. O<br />
que cada uma das marcas está trazendo como posicionamento; quais são os serviços<br />
que o grupo tem e o cliente não sabe; e quais são os produtos que ainda<br />
precisa <strong>de</strong>senvolver para o mercado, por exemplo. Esse olhar do centro é muito<br />
mais também para dar velocida<strong>de</strong>, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovação e conseguir respon<strong>de</strong>r<br />
às <strong>de</strong>mandas do mercado, porque elas vão continuar mudando.<br />
Depois <strong>de</strong> 25 anos <strong>de</strong> uma carreira construída em clientes, como<br />
está sendo a experiência <strong>de</strong> estar do outro lado do balcão?<br />
É muito interesante, porque estou apren<strong>de</strong>ndo muito. Estou muito feliz no grupo. O<br />
que eu vi <strong>de</strong> fora é o que eu estou vendo aqui <strong>de</strong>ntro. É um grupo que acredita em<br />
dados, acredita em tecnologia, um grupo forte <strong>de</strong> mídia e está vendo toda essa parte<br />
<strong>de</strong> criação e conteúdo <strong>de</strong> um jeito muito mais avançado, muito mais mo<strong>de</strong>rno.<br />
Estamos falando <strong>de</strong> ‘Power of one’, mas já estamos partindo para ser uma plataforma<br />
baseada em IA (inteligência artificial). E isso vai acontecer este ano. O Publicis<br />
é um grupo inovador, é um grupo empreen<strong>de</strong>dor. Somos um negócio formado <strong>de</strong><br />
gente. Encontrei muita gente talentosa que quer também ajudar nessa transformação<br />
do mercado. O saldo é muito bacana. Claro que não dá para tirar a cabeça <strong>de</strong><br />
cliente, mas que eu acho que até ajuda muitas vezes. Às vezes eu faço perguntas<br />
que talvez quem estava aqui não estava fazendo, porque eu trago a perspectiva<br />
<strong>de</strong> cliente. É um aprendizado como tudo que eu fiz na carreira. E eu mu<strong>de</strong>i muitas<br />
vezes. Talvez a mudança mais significativa tenha sido <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s corporações<br />
<strong>de</strong> consumo e ir para uma startup <strong>de</strong> tecnologia (em 2017, <strong>de</strong>ixou o posto <strong>de</strong><br />
diretora sênior <strong>de</strong> marketing global da Johnson & Johnson e assumiu como CMO da<br />
idtech Unico, sendo que antes ela ficou por 17 anos da P&G). Voltei mil casinhas para<br />
trás para apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong> novo. Eu sinto aqui a mesma coisa. Tem uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio<br />
maravilhosa. É um lugar que tem um respeito enorme pelas pessoas, pelos pensamentos<br />
diferentes, que me acolheu como uma li<strong>de</strong>rança feminina.<br />
E como está a questão da diversida<strong>de</strong> no grupo?<br />
A gente tem um compromisso <strong>de</strong> melhorar a diversida<strong>de</strong> do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> trazer<br />
a socieda<strong>de</strong> brasileira para <strong>de</strong>ntro. Isso não é fácil para nenhuma corporação,<br />
mas temos programas para pessoas pretas, indígenas, tem coachings especiais,<br />
aulas <strong>de</strong> inglês, a gente foi enten<strong>de</strong>r o que precisa para que essas pessoas se <strong>de</strong>senvolvam<br />
mesmo. Porque elas estão vindo, eventualmente, <strong>de</strong> um lugar menos<br />
favorecido. Temos os grupos <strong>de</strong> afinida<strong>de</strong> que ajudam também no acolhimento.<br />
De novo, nós estamos num negócio <strong>de</strong> comunicação que impacta a socieda<strong>de</strong>, que<br />
molda a socieda<strong>de</strong>, e trazendo olhares diferentes, a gente vai ser mais criativo, vai<br />
trazer uma perspectiva diferente dos consumidores. Eu diria que é uma jornada, a<br />
gente apren<strong>de</strong> com os funcionários, apren<strong>de</strong> com os parceiros e também com os<br />
meus pares em outras empresas que estão também nessa jornada.<br />
Qual é o objetivo <strong>de</strong>ssa nova posição <strong>de</strong> CEO no Brasil? Como funciona<br />
na prática?<br />
O primeiro objetivo é trabalhar <strong>de</strong> uma maneira conjunta e com o olhar do cliente,<br />
e o segundo é fazer o negócio do Publicis no Brasil crescer como um todo. Hoje nós<br />
somos o maior país da América Latina, mas eu vejo que o grupo po<strong>de</strong> ser muito<br />
maior. Temos gran<strong>de</strong>s marcas, gran<strong>de</strong>s talentos, gran<strong>de</strong>s clientes. O Publicis Groupe<br />
tem muitas ferramentas que a gente está trazendo. Temos, por exemplo, o Prediction,<br />
que é uma ferramenta que po<strong>de</strong> prever através dos planos qual vai ser a<br />
venda daquela marca e po<strong>de</strong> ir ajustando. É uma ferramenta dinâmica, online, que<br />
eu posso ir trocando o plano. Sobre produção e personalização em escala com a IA,<br />
o grupo fez a mensagem <strong>de</strong> começo do ano personalizada para cada um dos 100 mil<br />
funcionários. E como é que a gente faz isso mais para os nossos clientes? Os nossos<br />
clientes também têm esse <strong>de</strong>safio. Junto com os clientes a gente vai puxando todas<br />
essas ferramentas que o grupo está antecipando ao mercado.<br />
Com que palavras você <strong>de</strong>finiria o seu estilo <strong>de</strong> gestão?<br />
Eu acho que a primeira coisa é que sou muito curiosa. Eu sou uma pessoa que<br />
quero primeiro enten<strong>de</strong>r. Então eu faço perguntas. Acho que sou próxima também.<br />
De novo, eu acredito que ninguém faz nada sozinho e estou vindo <strong>de</strong> um outro<br />
mundo. Para mim é muito sobre trabalhar junto e sobre apren<strong>de</strong>r. Eu acho que<br />
essa curiosida<strong>de</strong> também se reflete no que está acontecendo no mercado, o que os<br />
clientes precisam. Eu passo muito tempo conversando com as pessoas, com nossos<br />
clientes, para enten<strong>de</strong>r qual é a dificulda<strong>de</strong> do dia a dia e o que eu preciso melhorar<br />
no meu serviço. O mundo está cada vez mais dinâmico e eu preciso servir aos meus<br />
CEOs, do mesmo jeito que necessito <strong>de</strong>les para tomar as <strong>de</strong>cisões. Eu preciso <strong>de</strong>les<br />
para conectar com os clientes. Eu preciso que eles me aju<strong>de</strong>m a enten<strong>de</strong>r on<strong>de</strong> a<br />
gente está indo bem e on<strong>de</strong> não está.<br />
E qual é a sua visão sobre o mercado <strong>de</strong> agências no Brasil?<br />
É um mercado que está se transformando, passou por uma gran<strong>de</strong> fragmentação.<br />
Essa especialização ocorreu e hoje para categoria do marketing tem uma agência.<br />
Mas eu sinto também que essa especialização é necessária porque agora é muito<br />
mais difícil compor um plano <strong>de</strong> comunicação, mas ao mesmo tempo está muito<br />
mais fluido. Toda digitalização que a gente viu nos últimos anos provocou essa<br />
transformação. Acho que agora criar é a nova internet. O mesmo impacto que a internet<br />
teve quando começou vai ser igual com a IA. Todos nós temos <strong>de</strong> reapren<strong>de</strong>r,<br />
tem <strong>de</strong> pensar como é que a gente opera com a IA. Isso é até um dos temas que<br />
temos falado muito no grupo e vamos testar em alguns países. A IA está transformando<br />
a velocida<strong>de</strong> da criação e trazendo a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escalar, <strong>de</strong> melhorar<br />
a operação. Eu acho que a IA vai possibilitar termos pessoas mais estratégicas e<br />
menos operação. O grupo está investindo 300 milhões <strong>de</strong> euros em IA para fazer<br />
essa transformação.<br />
A união das agências num único en<strong>de</strong>reço no Brasil <strong>de</strong>ve ocorrer<br />
neste ano?<br />
Espero que sim. Queremos estar num único en<strong>de</strong>reço porque acreditamos que a<br />
proximida<strong>de</strong>, a troca e estar com todas as especialida<strong>de</strong>s e as agências trabalhando<br />
colaborativamente po<strong>de</strong>m acelerar as soluções. O fato <strong>de</strong> estar todo mundo<br />
<strong>de</strong>baixo do mesmo teto ajuda. A gente não está fazendo nada diferente do que<br />
o grupo já fez em outros lugares. Estamos trabalhando ainda no mo<strong>de</strong>lo híbrido,<br />
mas o espaço físico tem um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> conexão e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a cultura do grupo.<br />
Tem alguma fusão à vista <strong>de</strong> agências?<br />
Não está no nosso plano. O plano é muito mais tirar o melhor <strong>de</strong> cada uma das<br />
agências e resgatar a sua unicida<strong>de</strong>. O olhar é muito mais <strong>de</strong> fortalecer as agências.<br />
Qual é a sua opinião sobre a importância das premiações para o<br />
mercado?<br />
Eu acho que é superimportante, porque a criativida<strong>de</strong> move os negócios. Nós vamos<br />
participar <strong>de</strong> prêmios relevantes para a criativida<strong>de</strong> neste ano. Acho que a<br />
<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> quem vai e qual agência vai se inscrever, vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r muito também<br />
da relevância do trabalho criativo. Os festivais <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> estão cada vez mais<br />
sendo lugares <strong>de</strong> inspiração e <strong>de</strong> conexão com os clientes. É muito interessante<br />
que os clientes estão cada vez mais participando para apren<strong>de</strong>r. Eu digo a gente<br />
tem <strong>de</strong> estar on<strong>de</strong> o cliente está. E os festivais <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> são também esses<br />
lugares, mas a gente também precisa estar nos locais <strong>de</strong> inovação, nos eventos,<br />
porque a tecnologia está influenciando o mundo e também temos <strong>de</strong> beber <strong>de</strong> outros<br />
lugares. Muitas vezes você vê uma inovação que está ocorrendo em outro setor<br />
e se inspira para o nosso mercado. Mas os clientes, cada vez mais, têm apostado na<br />
criativida<strong>de</strong> como um motor <strong>de</strong> negócio e isso para nós é muito bom.<br />
jornal propmark - 4 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2024</strong> 11