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edição de 4 de março de 2024

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mercado<br />

Jovens trocam smartphones por<br />

featurephones para proteção<br />

da saú<strong>de</strong> mental e segurança<br />

Privacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dados também está entre<br />

os fatores que explicam movimento,<br />

turbinado ainda pela onda vintage<br />

Em 148 anos <strong>de</strong> evolução, o telefone fascinou a humanida<strong>de</strong>, revolucionando a forma como as pessoas se comunicam, mas hoje a mesma tecnologia sinaliza riscos à saú<strong>de</strong><br />

Janaina Langsdorff<br />

A<br />

primeira transmissão elétrica <strong>de</strong><br />

voz foi realizada pelo cientista<br />

escocês Alexan<strong>de</strong>r Graham Bell<br />

no dia 10 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1876, data eternizada<br />

como o Dia Mundial do Telefone. A<br />

empresa fundada à época, a The Bell Telephone<br />

Company, daria origem à American<br />

Telephone and Telegraph Company<br />

(AT&T), gigante norte-americana das<br />

telecomunicações, com receita <strong>de</strong> US$<br />

32 bilhões no quarto trimestre <strong>de</strong> 2023.<br />

A invenção transformou para sempre a<br />

forma como as pessoas se comunicam,<br />

movimentando inovações que culminariam<br />

no surgimento do celular, em 1973.<br />

Essa foi outra revolução, que chamaria<br />

usuários e o mercado para negócios<br />

e possibilida<strong>de</strong>s nunca imaginadas.<br />

Pagar contas, trabalhar, fazer compras,<br />

pedir comida, mandar mensagens para<br />

amigos, tirar fotos, acessar re<strong>de</strong>s sociais,<br />

aplicativos e chat bots que resolvem<br />

quase todas as questões do dia a<br />

dia estão entre os atrativos dos smartphones,<br />

sem esquecer da sua função<br />

original, as ligações.<br />

Mas hoje, as pessoas começam a reconhecer<br />

os efeitos perniciosos da vida<br />

conectada o tempo todo. A ansieda<strong>de</strong><br />

é um <strong>de</strong>les. Os sinais <strong>de</strong> fadiga digital<br />

apontam para um movimento <strong>de</strong> retomada<br />

dos featurephones, especialmente<br />

entre os jovens. “Parece, sim, estar existindo<br />

uma conscientização crescente sobre<br />

os riscos dos celulares, mais especificamente<br />

das mídias sociais, <strong>de</strong> vício, das<br />

implicações no dia a dia”, confirma André<br />

Miceli, professor <strong>de</strong> MBAs da FGV.<br />

A situação é agravada por <strong>de</strong>ep fakes,<br />

uso <strong>de</strong> inteligência artificial e algoritmos<br />

que, aos poucos, pren<strong>de</strong>m cada vez mais<br />

a atenção das pessoas. “Esse movimento<br />

parece ser uma resposta à ansieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pressão,<br />

distúrbio do sono e problemas<br />

<strong>de</strong> autoimagem. Há muitas questões que<br />

acabam sendo influenciadas pelos smartphones,<br />

e há uma parcela da população<br />

querendo ficar distante disso”, ratifica o<br />

professor.<br />

Conhecidos como “dumbphones” (celulares<br />

burros, em tradução livre), os featurephones<br />

entregam o básico, a exemplo<br />

do antigo “tijolão”. Com visual retrô,<br />

eles têm teclado numérico, preços mais<br />

acessíveis, duração maior <strong>de</strong> bateria, e<br />

realizam chamadas <strong>de</strong> voz. A tela não é<br />

sensível ao toque e possui pouca resolução.<br />

Esses celulares não comportam<br />

aplicativos. Mas alguns aceitam Whats-<br />

App, Facebook e YouTube, além <strong>de</strong> acesso<br />

a re<strong>de</strong>s móveis e wi-fi. A capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> armazenamento e memória é reduzida<br />

e, para mandar mensagens, só mesmo<br />

por SMS. Muitos têm o <strong>de</strong>sign em flip,<br />

outra característica que <strong>de</strong>sperta a febre<br />

<strong>de</strong> ímpetos nostálgicos.<br />

“O <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sintoxicação digital, re-<br />

“Movimento<br />

parece ser<br />

resposta à<br />

ansieda<strong>de</strong>”<br />

dução <strong>de</strong> exposição às mídias sociais, um<br />

entendimento melhor sobre as implicações<br />

que os smartphones trazem na vida<br />

das pessoas e o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ficar afastado<br />

estão entre os fatores que justificam a<br />

busca por simplicida<strong>de</strong>”, insiste Miceli.<br />

O resgate <strong>de</strong> celulares sem re<strong>de</strong>s<br />

sociais e apps também indica a preocupação<br />

com privacida<strong>de</strong> e segurança. “A<br />

pessoa fica muito mais exposta quando<br />

usa um smartphone”, compara Miceli. O<br />

professor percebe ainda a busca por um<br />

28 4 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2024</strong> - jornal propmark

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