Revista eMOBILIDADE+ Nº 6
A revista eMobilidade + Dedica-se, em exclusivo, à mobilidade de pessoas e bens, nos seus vários modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo), conferindo deste modo espaço aos mais proeminentes “stakeholders” do setor, sejam eles indivíduos, empresas, instituições ou entidades académicas.
A revista eMobilidade + Dedica-se, em exclusivo, à mobilidade de pessoas e bens, nos seus vários modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo), conferindo deste modo espaço aos mais proeminentes “stakeholders” do setor, sejam eles indivíduos, empresas, instituições ou entidades académicas.
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
OPINIÃO
João Reis Simões
Alguns anos mais tarde elaborei, por
encomenda da Auditoria Ambiental do
Ministério dos Transportes, uma atualização
do RGCEST, que nunca foi publicada.
A principal alteração proposta foi
a substituição da fórmula de cálculo da
redução mínima de 5%, relativamente
ao ano anterior, do consumo específico,
para o Plano de Racionalização de 3
anos a realizar. Essa alteração implicava
a utilização da Intensidade Energética
como consumo específico e da Taxa de
Ocupação como variável independente.
Como demonstrei no meu livro “Gestão
Técnica de Frotas Rodoviárias – Na
busca do desenvolvimento sustentável”,
editado pela Ordem dos Engenheiros
em 2014, a Taxa de Ocupação – relação
percentual entra a produção realizada
num dado período e a produção potencial
que poderia ter sido realizada – é o
principal fator que influencia a Intensidade
Energética – relação entre a energia
consumida (gep – grama de equivalente
petróleo) e a produção realizada (expressa
em passageiro-km para o transporte
de passageiros e tonelada-quilómetro
para o transporte de mercadorias).
No meu livro mais recente, “Gestão
Económica de Frotas Rodoviárias – A
formação do preço no transporte de
mercadorias, editado em 2021 pela
Ordem dos Engenheiros, volto ao tema
para demonstrar que o preço a propor
ao cliente não deve ser obtido através de
uma tabela de duas entradas – escalões
de toneladas e escalões de quilómetros
– pois o combustível, geralmente o
gasóleo, que é a principal componente
GRÁFICO 1 - CURVA DE CORRELAÇÃO DA INTENSIDADE
ENERGÉTICA COM A TAXA DE OCUPAÇÃO
de custo do transporte, não depende,
isoladamente, das toneladas ou dos
quilómetros, mas sim da produção e,
portanto, da Taxa de Ocupação.
Esta questão é importante na determinação
do custo que as Autarquias irão
suportar quando contratam um Operador
para realizar o serviço de transportes
(Gráfico 1).
Nesta colaboração com a Euro Transporte
proponho-me divulgar um conjunto de
ações, e demonstrar a sua importância,
que podem contribuir para a racionalização
do consumo de energia nas Empresas
de Transporte de Passageiros, que era um
tema da Conferência referida.
1. ÂMBITO DE ATUAÇÃO DA
EMPRESA DE TRANSPORTES
1.1. Especificação dos autocarros
O Caderno de Encargos da aquisição
estabelece todas as especificações que
a Empresa Transportadora pretende
ter nos novos veículos. Nos pontos
seguintes são destacados alguns determinantes
para a obtenção de reduções
do consumo de energia.
1.1.1. Relação de transmissão do eixo
traseiro
Um dos valores mais importantes, na
especificação dos autocarros é a relação
de transmissão do eixo traseiro.
Esta relação é criada por engrenagens
que alteram a velocidade angular
(rpm) do veio de saída da caixa de
velocidades e a transforma na velocidade
angular das rodas do autocarro.
Como o consumo
específico de energia do
motor não é constante
ao longo de todos os
valores da velocidade
angular em que pode ser
utilizado, mas sim uma
curva em forma de U, a
relação de transmissão
do diferencial deve ser
tal que, para a velocidade
máxima em que o
autocarro é utilizado, o
motor esteja a trabalhar
na rotação em que aquele
consumo específico
(g/kWh) é mínimo.
Como se mostra no
GRÁFICO 2 – CURVA DE CONSUMO
ESPECÍFICO DO MOTOR
Gráfico 2, essa velocidade angular é bem
inferior à velocidade máxima em que o
motor pode trabalhar.
A relação de transmissão do eixo traseiro
deverá ser, portanto, diferente para autocarros
que operam em meio urbano, em
estrada nacional ou em auto-estrada.
1.1.2. Tara
A tara é um peso que está sempre presente
na movimentação de um autocarro
e, portante, contribui para o seu
consumo de energia. Aquando da especificação
para aquisição de autocarros a
redução da sua tara deve ser discutida.
Para permitir uma melhor compreensão
do valor da intensidade energética de
cada autocarro, pode considerar-se o
valor da tara no cálculo da produção e
da produção potencial (o exemplo dos
Gráficos 3 e 4 é de veículos de recolha
de resíduos sólidos urbanos).
Verifica-se que na primeira opção a
curva tende para infinito quando a TO
é muito baixa e se aproxima do zero
(percurso em vazio) e que na segunda
quando o percurso é em vazio, o mínimo
da TO é igual a T/PB (41,3 %) e a IE
é máxima (40,4 L/1.000 t.km total).
1.1.3. Coeficiente de resistência aerodinâmica
(Cx)
O Coeficiente de resistência aerodinâmica
de uma dada forma, no caso presente
a frente de um autocarro, que se desloca
na atmosfera permite compreender qual
o valor da força resistente que se opõe
à deslocação do autocarro e que, por
consequência, origina um maior consumo
de energia. O valor do Cx é mais
importante para as deslocações com
elevadas velocidades de circulação e, em
50 e-MOBILIDADE