Revista eMOBILIDADE+ Nº 6
A revista eMobilidade + Dedica-se, em exclusivo, à mobilidade de pessoas e bens, nos seus vários modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo), conferindo deste modo espaço aos mais proeminentes “stakeholders” do setor, sejam eles indivíduos, empresas, instituições ou entidades académicas.
A revista eMobilidade + Dedica-se, em exclusivo, à mobilidade de pessoas e bens, nos seus vários modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo), conferindo deste modo espaço aos mais proeminentes “stakeholders” do setor, sejam eles indivíduos, empresas, instituições ou entidades académicas.
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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Filipe Carvalho
estará a chegar a novos clientes, terá
novas receitas e até mesmo uma nova
presença no mercado. Poderemos então
dizer que beneficiará de uma efetiva
transição digital e não somente de uma
modernização tecnológica.
Infelizmente, as iniciativas de adoção
tecnológica em busca da disrupção nem
sempre correm bem e dão origem a
falhanços monumentais:
Nos anos 80 o célebre CEO da General
Motors, Robert Smith, investiu milhares
de milhões na robotização das linhas de
produção. Talvez tenha levado o esforço
demasiado longe porque houve relatos
de robôs a pintarem-se uns aos outros
enquanto outros instalavam o para-brisas
no banco da frente.
-chain. Resultou em excesso de stock
de alguns artigos e levou a uma perda
de 100 milhões em receita, conforme
reportado pelo seu CEO mais tarde.
Em 1999, a Toys r’us apostou fortemente
no negócio online e anunciou que
conseguia entregar todas as encomendas
desse canal até dia 10 de dezembro.
Apesar das encomendas chegarem via o
seu website, a empresa não conseguiu
de forma ágil recolher os produtos das
prateleiras do armazém, colocá-los em
caixas e expedi-los. Os processos e
sistemas dentro do armazém não acompanharam
a evolução do novo canal de
comércio eletrónico. Nesse ano, o Pai
Natal chegou depois do Ano Novo para
muitas crianças.
Para que a evolução digital seja eficaz é
preciso que as empresas de transporte e
logística estejam preparadas
formação de sistema TradeLens para o
registo da transferência de propriedade
dos contentores expedidos internacionalmente.
Era a união de parceiros
ideal e rapidamente a ideia atraiu várias
empresas interessadas em aderir ao
sistema. O consórcio alargou as suas
equipas técnicas e recebeu investimento
significativo.
No entanto, não é suficiente que uma tecnologia
seja boa para ser bem-sucedida. É
também preciso que seja útil, que resolva
problemas prementes das organizações.
Passados 4 anos, a Maersk e a IBM
anunciaram o fim do sistema por manifesta
falta de adopção do mercado 4 .
Outro exemplo em que a tecnologia
nem sempre significa melhoria para a
organização é a“Uberização” do transporte
como já escrevi aqui em 2018 5 .
Desde então surgiu a Uber Freight
(como se esperava) para implementar
o conceito que descrevi, mas não está
a correr muito bem. Só no ano passado
reportou quebras de 23% 6 e despediu
50 pessoas 7 .
Atualmente, tal robotização é bastante
elevada, mas na altura o investimento
desmesurado em tecnologia prematura
valeu-lhe o despedimento, e à GM valeu
a ultrapassagem pela Toyota e consequente
queda em bolsa.
Em 1996, a Adidas tentou lançar um
novo sistema de gestão de armazéns que
já vinha a desenvolver há 3 anos. Mas
fê-lo antes de estar realmente pronto, e
simplesmente não funcionou. Nem funcionou
o segundo sistema que tentou
lançar logo a seguir para ultrapassar o
falhanço do anterior. Isso traduziu-se
em 80% de encomendas por satisfazer
nesse mês, num volume de 50 milhões
de dólares.
Algo semelhante aconteceu à Nike em
2001, com o lançamento de um novo
sistema de planeamento de supply-
Muitas outras empresas reportaram
falhanços na adoção de tecnologias ao
longo do tempo. Isso tem servido para a
indústria se acautelar, principalmente no
que diz respeito à adoção dos novos processos
que as tecnologias permitem, mas
também na própria preparação da empresa
para desenvolver nova tecnologia.
TECNOLOGIA AVANÇADA NÃO É
SINÓNIMO DE TECNOLOGIA ÚTIL
Algumas tecnologias apresentam-se
como disruptivas e levam a que os
mais arrojados cedo invistam nelas. A
promessa de disrupção tecnológica atrai
frequentemente investidores para o seu
próprio desenvolvimento. Mais uma
vez, nem sempre bem-sucedidos.
Por exemplo, em 2018 a Maersk e a
IBM anunciaram o negócio do ano 3 . A
OLHAR PARA O PASSADO ANTES
DE FAZER PREVISÕES PARA 2024
Começamos mais um ano e mais uma
vez assistimos ao desfile de chavões
tecnológicos. A Inteligência Artificial
continua a ser o mais proeminente.
Em suma, recomendo que antes de
investir deve certificar-se de que efetivamente
necessita da tecnologia em causa
para resolver um problema que é actual,
ou que lhe permitirá fazer algo que
ainda não fazia antes no seu negócio,
ou seja, que se trata de uma verdadeira
transição tecnológica.
E, por fim, não lance as tecnologias
quando estão apenas parcialmente
prontas. Nem quando até são fantásticas,
mas é a altura errada para o seu negócio.
A história está cheia de falhanços
por estes dois motivos.
1. https://www.gartner.com/en/webinar/574585/1291322
2. https://www.supplychainmovement.com/millions-spent-on-supply-chain-technology-fail-to-deliver
3. https://www.supplychaindive.com/news/Maersk-IBM-shut-down-TradeLens/637580/
4. https://www.supplychaindive.com/news/Maersk-IBM-shut-down-TradeLens/637580/
5. https://www.eurotransporte.pt/reportagem/34/353/3-mentiras-sobre-a-uberizacao-do-transporte-de-mercadorias/
6. https://www.freightwaves.com/news/uber-freight-ebitda-continues-to-fall-revenue-drops-23-from-year-ago
7. https://finance.yahoo.com/news/uber-freight-lays-off-many-154657687.html?guccounter=1
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