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o negro na universidade

O Negro na Universidade - Universidade Estadual de Londrina

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Dora Lucia de Lima Bertulioescravocratas, assunto de real importância no segundo quarto do séculoXIX, para preservação do sistema e produção de lucro. Assim, o papelde ama de leite que as mulheres escravas domésticas exerciam via deregra tinha como conseqüëncia a perda de seu próprio filho – órfãos,então e freqüentemente, encaminhados para os reservatórios (Casas deCorreção) do Governo. Este papel tor<strong>na</strong>-se duplo com o fim dotráfico, uma vez que os ventres escravos são requeridos para produzirescravos e caberá às mulheres também criá-los até a idade produtiva.Veja-se, a seguir, como a Lei do Ventre Livre deixou bem explícito talinteresse escravista.Essa linha de pensamento deve ser referencial como ambientesocial no exame do racismo brasileiro, máxime em se tratando dainterferência das relações raciais racistas <strong>na</strong> sociedade brasileira em facedas relações e conflitos de gênero, bem como da violência contra amulher negra resultante de ambos os conflitos, de gênero e raça.Invariavelmente superpostos, estes fenômenos apresentam resultadosnegativos para todos os indivíduos <strong>negro</strong>s, mas significativamente maisseveros para a qualidade de vida das mulheres negras e, por certo,sobre todos os indivíduos <strong>negro</strong>s:Libertar escravos <strong>na</strong>scidos é manumissão (manumissio), como sediz em Direito Romano; é alforria, como melhor se diz em DireitoBrasileiro. Também é manumissão e alforria libertar escravos aindanão <strong>na</strong>scidos, mas já concebidos no ventre materno. Libertar,porém, escravos nem <strong>na</strong>scidos, nem ainda concebidos no ventrematerno, que ato será, que nome deve ter? Libertação do ventre éo nome desse ato novo, dessa delicada criação jurídica, que nãosabemos por quem foi pela primeira vez escrito ou pronunciado.[...]Esse germe nos ensinou unicamente a ver uma mulher livre noseu ventre livre, a ver uma mulher escrava no seu ventre escravo;porém, nós elevamos ainda mais a onipotência das Leis, pois quevemos de futuro um ventre livre de mulher escrava![...]58

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