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Políticas de Exclusión en la Educación y el Trabajo_Pablo Gentili

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foram pre<strong>en</strong>chidos p<strong>el</strong>os imigrantes, como os gastarbeiters na Alemanha, o <strong>la</strong>voro nero na Itália, os chicanos<br />

nos EUA, os <strong>de</strong>kaseguis no Japão etc. Mas hoje, sua expansão atinge também os trabalhadores<br />

especializados e remanesc<strong>en</strong>tes da era taylorista-fordista; 3) viv<strong>en</strong>cia-se um aum<strong>en</strong>to significativo do<br />

trabalho feminino, qua atinge mais <strong>de</strong> 40% da força <strong>de</strong> trabalho nos países avançados, e que tem sido<br />

prefer<strong>en</strong>cialm<strong>en</strong>te absorvido p<strong>el</strong>o capital no universo do trabalho precarizado e <strong>de</strong>sregu<strong>la</strong>m<strong>en</strong>tado; 4) há um<br />

increm<strong>en</strong>to dos assa<strong>la</strong>riados médios e <strong>de</strong> serviços, o que possibilitou um significativo increm<strong>en</strong>to no<br />

sindicalismo <strong>de</strong>stes setores, ainda que o setor <strong>de</strong> serviços já pres<strong>en</strong>cie também níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego<br />

ac<strong>en</strong>tuado; 5) há exclusão dos jov<strong>en</strong>s e dos idosos do mercado <strong>de</strong> trabalho dos países c<strong>en</strong>trais: os primeiros<br />

acabam muitas vezes <strong>en</strong>grossando as fileiras <strong>de</strong> movim<strong>en</strong>tos neonazistas e aqu<strong>el</strong>es com cerca <strong>de</strong> 40 anos ou<br />

mais, quando <strong>de</strong>sempregados e excluídos do trabalho, dificilm<strong>en</strong>te conseguem o reingresso no mercado <strong>de</strong><br />

trabalho; 6) há uma inclusão precoce e criminosa <strong>de</strong> crianças no mercado <strong>de</strong> trabalho, particu<strong>la</strong>rm<strong>en</strong>te nos<br />

países <strong>de</strong> industrialização intermediária e subordinada, como nos países asiáticos, <strong>la</strong>tino-americanos etc.<br />

7) há uma expansão do que Marx chamou <strong>de</strong> trabalho social combinado (Marx, 1978), on<strong>de</strong> trabalhadores <strong>de</strong><br />

diversas partes do mundo participam do processo <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> serviços. O que, é evi<strong>de</strong>nte, não caminha<br />

no s<strong>en</strong>tido da <strong>el</strong>iminação da c<strong>la</strong>sse trabalhadora, mas da sua precarização e utilização <strong>de</strong> maneira ainda mais<br />

int<strong>en</strong>sificada. Em outras pa<strong>la</strong>vras: aum<strong>en</strong>tam os níveis <strong>de</strong> exploração do trabalho.<br />

Portanto, a c<strong>la</strong>sse trabalhadora fragm<strong>en</strong>tou-se, heterog<strong>en</strong>eizou-se e complexificou-se ainda mais (Antunes,<br />

1998). Tornou-se mais qualificada em vários setores, como na si<strong>de</strong>rurgia, on<strong>de</strong> houve uma re<strong>la</strong>tiva<br />

int<strong>el</strong>ectualização do trabalho, mas <strong>de</strong>squalificou-se e precarizou-se em diversos ramos, como na indústria<br />

automobilística, on<strong>de</strong> o ferram<strong>en</strong>teiro não tem mais a mesma importância, sem fa<strong>la</strong>r na redução dos<br />

inspetores <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, dos gráficos, dos mineiros, dos portuários, dos trabalhadores da construção naval<br />

etc. Criou-se, <strong>de</strong> um <strong>la</strong>do, em esca<strong>la</strong> minoritária, o trabalhador "polival<strong>en</strong>te e multifuncional" da era<br />

informacional, capaz <strong>de</strong> operar com máquinas com controle numérico e <strong>de</strong>, por vezes, exercitar com mais<br />

int<strong>en</strong>sida<strong>de</strong> sua dim<strong>en</strong>são mais int<strong>el</strong>ectual. E, <strong>de</strong> outro <strong>la</strong>do, há uma massa <strong>de</strong> trabalhadores precarizadados,<br />

sem qualificação, que hoje está pres<strong>en</strong>ciando as formas <strong>de</strong> part-time, emprego temporário, parcial, ou <strong>en</strong>tão<br />

viv<strong>en</strong>ciando o <strong>de</strong>semprego estrutural. Estas mutações criaram, portanto, uma c<strong>la</strong>sse trabalhadora mais<br />

heterogênea, mais fragm<strong>en</strong>tada e mais complexificada, dividida <strong>en</strong>tre trabalhadores qualificados e<br />

<strong>de</strong>squalificados, do mercado formal e informal, jov<strong>en</strong>s e v<strong>el</strong>hos, hom<strong>en</strong>s e mulheres, estáveis e precários,<br />

imigrantes e nacionais, brancos e negros etc, sem fa<strong>la</strong>r nas divisões que <strong>de</strong>correm da inserção difer<strong>en</strong>ciada<br />

dos países e <strong>de</strong> seus trabalhadores na nova divisão internacional do trabalho.<br />

Ao contrário, <strong>en</strong>tretanto, daqu<strong>el</strong>es que <strong>de</strong>f<strong>en</strong><strong>de</strong>m o "fim do pap<strong>el</strong> c<strong>en</strong>tral da c<strong>la</strong>sse trabalhadora" no mundo<br />

atual, o <strong>de</strong>safio maior da c<strong>la</strong>sse-que-vive-do-trabalho, nesta viragem do século XX para o XXI, é soldar os<br />

<strong>la</strong>ços <strong>de</strong> pert<strong>en</strong>cim<strong>en</strong>to <strong>de</strong> c<strong>la</strong>sse exist<strong>en</strong>tes <strong>en</strong>tre os diversos segm<strong>en</strong>tos que compre<strong>en</strong><strong>de</strong>m o mundo do<br />

trabalho. E, <strong>de</strong>sse modo, procurando articu<strong>la</strong>r <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aqu<strong>el</strong>es segm<strong>en</strong>tos que exercem um pap<strong>el</strong> c<strong>en</strong>tral no<br />

processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> troca, até aqu<strong>el</strong>es segm<strong>en</strong>tos que estão mais à margem do processo<br />

produtivo, mas que, pe<strong>la</strong>s condições precárias em que se <strong>en</strong>contram, constituem-se em conting<strong>en</strong>tes sociais<br />

pot<strong>en</strong>cialm<strong>en</strong>te reb<strong>el</strong><strong>de</strong>s fr<strong>en</strong>te ao capital e suas formas <strong>de</strong> (<strong>de</strong>s)sociabilização (Bihr: 1998). A lógica<br />

societal, em seus traços dominantes, é dotada, portanto, <strong>de</strong> uma aguda <strong>de</strong>strutivida<strong>de</strong>, que no fundo é a<br />

expressão mais profunda da crise que asso<strong>la</strong> a (<strong>de</strong>s)sociabilização contemporânea, condição para a<br />

manut<strong>en</strong>ção do sistema <strong>de</strong> metabolismo social do capital, conforme expressão <strong>de</strong> Mészáros (1995) e seu<br />

circuito reprodutivo. Neste s<strong>en</strong>tido, <strong>de</strong>sregu<strong>la</strong>m<strong>en</strong>tação, flexibilização, terceirização, downsizing, "empresa<br />

<strong>en</strong>xuta", bem como todo esse receituário que se esparrama p<strong>el</strong>o "mundo empresarial", são expressões <strong>de</strong><br />

uma lógica societal on<strong>de</strong> tem-se a prevalência do capital sobre a força humana <strong>de</strong> trabalho, que é<br />

consi<strong>de</strong>rada som<strong>en</strong>te na exata medida em que é imprescindív<strong>el</strong> para a reprodução <strong>de</strong>ste mesmo capital. Isso<br />

porque o capital po<strong>de</strong> diminuir o trabalho vivo, mas não <strong>el</strong>iminá-lo. Po<strong>de</strong> int<strong>en</strong>sificar sua utilização, po<strong>de</strong><br />

precarizá-lo e mesmo <strong>de</strong>sempregar parce<strong>la</strong>s im<strong>en</strong>sas, mas não po<strong>de</strong> extinguí-lo.<br />

Estas consequências no interior do mundo do trabalho evi<strong>de</strong>nciam que, sob o capitalismo, não se constata o<br />

fim do trabalho como medida <strong>de</strong> valor, mas uma mudança qualitativa, dada, por um <strong>la</strong>do, p<strong>el</strong>o peso<br />

cresc<strong>en</strong>te da sua dim<strong>en</strong>são mais qualificada, do trabalho multifuncional, do operário apto a operar com<br />

máquinas informatizadas, da objetivação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s cerebrais (Lojkine, 1995). Por outro <strong>la</strong>do, pe<strong>la</strong><br />

int<strong>en</strong>sificação levada ao limite das formas <strong>de</strong> exploração do trabalho, pres<strong>en</strong>tes e em expansão no novo<br />

proletariado, no subproletariado industrial e <strong>de</strong> serviços, no <strong>en</strong>orme leque <strong>de</strong> trabalhadores que são<br />

explorados cresc<strong>en</strong>tem<strong>en</strong>te p<strong>el</strong>o capital, não só nos países subordinados, mas no próprio coração do sistema<br />

capitalista. Tem-se, portanto, cada vez mais uma cresc<strong>en</strong>te capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho socialm<strong>en</strong>te combinada,<br />

que se converte no ag<strong>en</strong>te real do processo <strong>de</strong> trabalho total, o que torna, segundo Marx, absolutam<strong>en</strong>te<br />

indifer<strong>en</strong>te o fato <strong>de</strong> que a função <strong>de</strong> um ou outro trabalhador seja mais próxima ou mais distante do

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