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Políticas de Exclusión en la Educación y el Trabajo_Pablo Gentili

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estatuto que regu<strong>la</strong>m<strong>en</strong>tasse as re<strong>la</strong>ções <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>mocrática, e a maioria dos cargos e funções<br />

da estrutura esco<strong>la</strong>r era feita, em sua maioria, por indicações do po<strong>de</strong>r político regional.<br />

A re<strong>la</strong>ção dos sindicatos dos profissionais da educação com os governos sempre foi conflituosa nas duas<br />

últimas décadas. Na maioria das vezes, a postura do Estado, através dos sucessivos governos, apres<strong>en</strong>tou<br />

facetas ambíguas. De um <strong>la</strong>do, este formu<strong>la</strong>va um discurso que sistematicam<strong>en</strong>te <strong>de</strong>c<strong>la</strong>rava a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> negociação e, <strong>de</strong> outro, fazia persistir, nos mom<strong>en</strong>tos <strong>de</strong> negociação, a intransigência em re<strong>la</strong>ção às<br />

reivindicações postas p<strong>el</strong>os professores. Essa postura foi motivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>f<strong>la</strong>gração <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte das greves<br />

ocorridas. No c<strong>en</strong>ário, a greve se tornava a única forma <strong>de</strong> impor a negociação em torno das <strong>de</strong>mandas, que<br />

não seriam consi<strong>de</strong>radas sem este recurso (Canesin, 1993: p. 131).<br />

A greve foi um dos instrum<strong>en</strong>tos básicos <strong>de</strong> pressão e mobilização daqu<strong>el</strong>e período, visando pressionar o<br />

governo por m<strong>el</strong>hores condições <strong>de</strong> trabalho e salário, estatuto do magistério, concursos públicos, <strong>el</strong>eições<br />

<strong>de</strong> diretores etc. A organização dos professores constituí-se, <strong>en</strong>tre 1979 a 1986, juntam<strong>en</strong>te com outras<br />

<strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s e organizações da socieda<strong>de</strong> civil, uma força política impulsionadora <strong>de</strong> mudanças sociais. As<br />

greves <strong>en</strong>volveram conflitos que ultrapassaram as reivindicações <strong>de</strong> trabalho e foram espaços <strong>de</strong> construção<br />

da própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da categoria dos professores. Entretanto, após 1986, dado a sua freqüência e<br />

int<strong>en</strong>sida<strong>de</strong>, a greve, progressivam<strong>en</strong>te, foi per<strong>de</strong>ndo sua força como instrum<strong>en</strong>to <strong>de</strong> mobilização e eficácia<br />

política. As alterações políticas ocorridas nos anos 90, assina<strong>la</strong>das anteriorm<strong>en</strong>te, levaram aos sindicatos<br />

novos problemas, <strong>de</strong>safios e dilemas, <strong>en</strong>tre esses últimos <strong>de</strong>staca-se, continuar <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volver a educação <strong>de</strong><br />

seus militantes e afiliados sindicais, na linha da formação sindical – com um conteúdo e forma mais políticos,<br />

ou reestruturar-se para <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volver também a formação profissional, <strong>de</strong>mandada pe<strong>la</strong>s empresas, discursos<br />

e diretrizes governam<strong>en</strong>tais. No caso dos sindicatos filiados à C<strong>en</strong>tral Única dos Trabalhadores (CUT), como é<br />

o caso da APEOESP, o <strong>de</strong>s<strong>en</strong>ro<strong>la</strong>r da conjuntura política resolveu o conflito. "...o <strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to com as ações<br />

concretas <strong>de</strong> Formação Profissional tornou-se mais marcante e <strong>de</strong>cisivo com a liberação dos recursos do FAT,<br />

a partir <strong>de</strong> 1996, quando a C<strong>en</strong>tral teve a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ger<strong>en</strong>ciam<strong>en</strong>to daque<strong>la</strong>s verbas públicas" (Souza,<br />

Santana & D<strong>el</strong>uiz, 1999: pp. 132-133).<br />

A opção pe<strong>la</strong> formação profissional, na CUT, com verbas do FAT, implicou em conflitos com seu projeto<br />

educacional mais amplo, <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa da esco<strong>la</strong> unitária, <strong>de</strong> base ci<strong>en</strong>tífica, tecnológica e politécnica, t<strong>en</strong>do o<br />

trabalho como princípio educativo, organizador do Sistema Nacional <strong>de</strong> Ensino, da estrutura esco<strong>la</strong>r, <strong>de</strong> seus<br />

currículos e métodos.<br />

Buscar a re<strong>la</strong>ção sindicato x governo faz parte das estratégias para am<strong>en</strong>izar os impactos das reformas junto<br />

aos seus <strong>de</strong>stinatários. Segundo Cheibub (1999) quando a estratégia <strong>de</strong> disp<strong>en</strong>sa <strong>de</strong> funcionários não for<br />

bem sucedida, existe a estratégia <strong>de</strong> <strong>en</strong>fatizar o <strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to dos sindicatos no processo e nas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong><br />

cortar os custos.<br />

Buscar a participação dos sindicatos nas negociações ou t<strong>en</strong>tar neutralizá-los/isolá-los pe<strong>la</strong> adoção <strong>de</strong><br />

técnicas ger<strong>en</strong>ciais ‘participativas’, que buscam a fom<strong>en</strong>tar a a<strong>de</strong>são individual dos trabalhadores em<br />

<strong>de</strong>trim<strong>en</strong>to <strong>de</strong> suas repres<strong>en</strong>tações coletivas. [...] Já foi cr<strong>en</strong>ça corr<strong>en</strong>te, baseada em análises do setor<br />

privado, que locais <strong>de</strong> trabalho sindicalizados, ou a atuação dos sindicatos nos locais <strong>de</strong> trabalho,<br />

dificultavam a administração <strong>de</strong> recursos humanos, a<strong>de</strong>quados aos novos mo<strong>de</strong>los produtivos: administração<br />

mais flexív<strong>el</strong>, trabalho em time, <strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to dos trabalhadores etc. No <strong>en</strong>tanto, nas análises mais rec<strong>en</strong>tes<br />

prevalece a visão <strong>de</strong> que a inclusão dos sindicatos nos processos <strong>de</strong> reestruturação administrativa e ger<strong>en</strong>cial<br />

das empresas têm conseqüências b<strong>en</strong>éficas para os objetivos ger<strong>en</strong>ciais, tanto no setor público, como no<br />

privado (Cheibub, 1999: p. 18).<br />

O sindicato dos professores do <strong>en</strong>sino oficial do Estado <strong>de</strong> São Paulo (APEOESP) Ao lermos o material atual<br />

da APEOESP7, a respeito da reorganização das esco<strong>la</strong>s estaduais, ou das reformas <strong>de</strong> uma maneira geral, um<br />

outro universo se <strong>de</strong>scortina e s<strong>en</strong>timos como se estivéssemos mudado <strong>de</strong> país. A tônica é totalm<strong>en</strong>te outra.<br />

Assim, em 1997 a APEOESP s<strong>en</strong>t<strong>en</strong>ciava: Essa reorganização, executada a partir do segundo semestre <strong>de</strong><br />

1995, provocou o fecham<strong>en</strong>to <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 120 esco<strong>la</strong>s, a disp<strong>en</strong>sa ou redução <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 20 mil professores<br />

(número que o próprio governo admite) e trouxe inúmeros transtornos para os alunos e suas famílias, sem<br />

que se t<strong>en</strong>ha observado o cumprim<strong>en</strong>to das promessas <strong>de</strong> m<strong>el</strong>horias anunciadas para a re<strong>de</strong>. Poucos meses<br />

<strong>de</strong>pois, quando o governo instituiu o chamado Programa <strong>de</strong> Ação <strong>de</strong> Parcerias (Decreto 40.673/96), ficou<br />

c<strong>la</strong>ro que o maior objetivo da reorganização das esco<strong>la</strong>s estaduais seria facilitar a municipalização das quatro<br />

primeiras séries do <strong>en</strong>sino fundam<strong>en</strong>tal, uma das metas prioritárias da Secretaria da Educação naqu<strong>el</strong>e<br />

mom<strong>en</strong>to. O governo estadual, seguindo a mesma lógica do Governo Fe<strong>de</strong>ral, trabalha com a tese segundo a<br />

qual, para resolver os problemas do <strong>en</strong>sino fundam<strong>en</strong>tal, seria necessário que os municípios passassem a

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