Políticas de Exclusión en la Educación y el Trabajo_Pablo Gentili
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um <strong>la</strong>do hom<strong>en</strong>s e mulheres <strong>de</strong> todos os níveis <strong>de</strong> qualificação vêem-se int<strong>en</strong>sam<strong>en</strong>te expostos à gangorra<br />
social e profissional, por outro as formas <strong>de</strong> inserção que precisam emergir não passam necessariam<strong>en</strong>te<br />
pe<strong>la</strong> submissão pessoal e direta à organização do capital.<br />
Em que medida o Estado exercerá uma função redistributiva, sua amplitu<strong>de</strong> e características, é algo que<br />
ainda não está c<strong>la</strong>ro. No que concerne à re<strong>la</strong>ção qualificação, status e r<strong>en</strong>da a sua <strong>de</strong>sconexão já vem se<br />
dando progressivam<strong>en</strong>te, po<strong>de</strong>ndo-se supor que o mesmo é verda<strong>de</strong> para a re<strong>la</strong>ção <strong>en</strong>tre r<strong>en</strong>da e<br />
contruibuição produtiva. A gran<strong>de</strong> interrogação se coloca na equação custos re<strong>la</strong>tivam<strong>en</strong>te estáveis e<br />
t<strong>en</strong>dência à precarização em <strong>la</strong>rga esca<strong>la</strong>, nos mecanismos <strong>de</strong> gestão do <strong>de</strong>semprego e das re<strong>la</strong>ções<br />
emprego / ativida<strong>de</strong> / r<strong>en</strong>da/ proteção social. O <strong>de</strong>smonte <strong>de</strong>sta última, ao <strong>la</strong>do da <strong>de</strong>sconstrução da<br />
normatização do trabalho, certam<strong>en</strong>te vem <strong>en</strong>contrando mais barreiras nos meios jurídicos do que nos meios<br />
políticos e aqu<strong>el</strong>es po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>semp<strong>en</strong>har um importante pap<strong>el</strong> na preservação <strong>de</strong> conquistas tradicionais.<br />
Por isso mesmo, o conflito <strong>en</strong>tre os <strong>de</strong>mais po<strong>de</strong>res e o judiciário – e mais especificam<strong>en</strong>te a justiça do<br />
trabalho – tem se colocado <strong>de</strong> forma c<strong>la</strong>ra mesmo num país intermediário como o Brasil. No <strong>en</strong>tanto, da<br />
mesma maneira como medidas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> impacto - como seria o acionam<strong>en</strong>to g<strong>en</strong>eralizado da r<strong>en</strong>da<br />
mínima – parecem não ver ainda a sua hora, partidos políticos e movim<strong>en</strong>tos/organizações sociais ainda não<br />
<strong>en</strong>contraram formas r<strong>en</strong>ovadas <strong>de</strong> manifestação e propostas c<strong>la</strong>ras, <strong>de</strong>monstrando perplexida<strong>de</strong> fr<strong>en</strong>te à<br />
realida<strong>de</strong> em transformação. Po<strong>de</strong>-se fazer a suposição <strong>de</strong> que instrum<strong>en</strong>tos tradicionais como greves, terão<br />
pouco efeito no futuro; o mesmo, porém, não se po<strong>de</strong> dizer <strong>de</strong> distúrbios <strong>de</strong> variada amplitu<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
manifestações <strong>de</strong> anomia e <strong>de</strong>sobediência civil.<br />
Qualificação e inserção alternativa no mundo do trabalho<br />
As novas condições <strong>de</strong> inserção no mundo do trabalho dos que estão buscando emprego pe<strong>la</strong> primeira vez ,<br />
<strong>de</strong> reinserção dos que foram exp<strong>el</strong>idos do mercado em função <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> adaptação e não lograram<br />
reingressar ou dos que optaram por abdicar do trabalho formalizado - os colocam fr<strong>en</strong>te a uma nova maneira<br />
<strong>de</strong> <strong>en</strong>focar e <strong>de</strong> viv<strong>en</strong>ciar f<strong>en</strong>ôm<strong>en</strong>os sociais diversos. Os sofrim<strong>en</strong>tos ligados a dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conquistar (ou<br />
à perda <strong>de</strong>) status socio-profissional, as profundas mudanças na vida diária, os riscos associados ao<br />
<strong>de</strong>semprego e ao sub-emprego são conhecidos. Por isso mesmo, as transformações por que passa o mundo<br />
contemporâneo estão a <strong>de</strong>mandar novas e maiores forças psíquicas e virtu<strong>de</strong>s pessoais (Paiva, 1997),<br />
necessárias à vida num mundo em que a concorrência se acirrou. São atributos que transc<strong>en</strong><strong>de</strong>m as<br />
possibilida<strong>de</strong>s do sistema educacional, a aquisição <strong>de</strong> qualificação ou <strong>de</strong> competências.<br />
As dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> hoje são <strong>en</strong>caradas como algo mais coletivo e geral, o que reduz o estigma do fracasso e<br />
po<strong>de</strong> empurrar para a busca <strong>de</strong> soluções. Valoriza-se a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> v<strong>en</strong>cer as dificulda<strong>de</strong>s através <strong>de</strong><br />
iniciativas pessoais e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s alternativas, o que implica em esforço redobrado. Nesta busca as<br />
ativida<strong>de</strong>s se fragm<strong>en</strong>tam e diversificam, com perdas evi<strong>de</strong>ntes e, ao mesmo teoricam<strong>en</strong>te, com ganhos<br />
possíveis em liberda<strong>de</strong> para a organização do tempo e para a vida pessoal, além <strong>de</strong> maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
escolha, sempre que as mudanças sejam vividas sem gran<strong>de</strong>s traumas psicológicos. Na competição<br />
int<strong>en</strong>sificada os segm<strong>en</strong>tos profissionais mais preparados, int<strong>el</strong>ectual e pessoalm<strong>en</strong>te são mais capazes <strong>de</strong><br />
sair ganhando financeiram<strong>en</strong>te ou em outros aspectos da vida. E na mo<strong>de</strong>rna combinação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s firmas<br />
e pequ<strong>en</strong>os produtores in<strong>de</strong>p<strong>en</strong><strong>de</strong>ntes (<strong>de</strong> produtos ou <strong>de</strong> serviços), as vantag<strong>en</strong>s possíveis dos que ficaram<br />
<strong>de</strong> fora do mercado formal <strong>de</strong>p<strong>en</strong><strong>de</strong>m cada vez mais do conhecim<strong>en</strong>to e da qualificação.<br />
Na medida em que parce<strong>la</strong> substantiva das ocupações escapem aos ditames "sistêmico-organizacionais" das<br />
firmas e à lógica estrita e direta da maquinária industrial, parece haver maior espaço para que a qualificação<br />
real mol<strong>de</strong> as formas sociais <strong>de</strong> inserção. Do mesmo modo, para o bem ou para o mal, o nív<strong>el</strong> <strong>de</strong> qualificação<br />
e <strong>de</strong> conhecim<strong>en</strong>tos da popu<strong>la</strong>ção t<strong>en</strong><strong>de</strong>rá a influir na reorganização das políticas sociais e trabalhistas a que<br />
vamos assistir. Em um panorama nebuloso em re<strong>la</strong>ção às profissões, disposições e virtu<strong>de</strong>s adquirem mais<br />
peso que a proficiência específica; não basta conhecim<strong>en</strong>to, mas interesse, motivação, criativida<strong>de</strong>. Não se<br />
trata ap<strong>en</strong>as <strong>de</strong> qualificar para o trabalho em si, mas para a vida na qual também se insere o trabalho, com<br />
uma flexibilida<strong>de</strong> e um alcance sufici<strong>en</strong>tes para <strong>en</strong>fr<strong>en</strong>tar o emprego, o <strong>de</strong>semprego e o auto-emprego e para<br />
circu<strong>la</strong>r com <strong>de</strong>s<strong>en</strong>voltura em meio a muitas "ida<strong>de</strong>s" <strong>de</strong> tecnologia, com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>en</strong>t<strong>en</strong><strong>de</strong>r e usar<br />
as máquinas mais mo<strong>de</strong>rnas e <strong>de</strong> fazer face a suas inúmeras conseqüências na vida social e pessoal. Po<strong>de</strong>-se<br />
dizer que estamos diante <strong>de</strong> maiores e difer<strong>en</strong>tes exigências educacionais e que as clássicas funções dos<br />
sistemas <strong>de</strong> educação estão em questão. Ao invés <strong>de</strong> se <strong>en</strong>fatizar o pap<strong>el</strong> das chances educacionais como<br />
<strong>el</strong>em<strong>en</strong>to <strong>de</strong> redução das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais e como fator capaz <strong>de</strong> propiciar mobilida<strong>de</strong> horizontal e<br />
vertical, t<strong>en</strong><strong>de</strong>-se hoje a reconhecer que é cada vez mais difícil quebrar a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> cumu<strong>la</strong>tiva ao longo<br />
da biografia individual. Se se reconhece que a educação se tornou um programa para toda a vida, também<br />
se conclui que os problemas clássicos do que se consi<strong>de</strong>rava como uma educação perman<strong>en</strong>te (reabilitação,