17.04.2013 Views

Políticas de Exclusión en la Educación y el Trabajo_Pablo Gentili

Políticas de Exclusión en la Educación y el Trabajo_Pablo Gentili

Políticas de Exclusión en la Educación y el Trabajo_Pablo Gentili

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

antigas <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s reformistas e conservadoras, ou <strong>de</strong> <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s novas criadas segundo os princípios<br />

neoliberais. A maioria <strong>de</strong>ssas <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s atua segundo a lógica do mercado, a partir <strong>de</strong> articu<strong>la</strong>ção <strong>de</strong> atores<br />

ditos "plurais", não se coloca a questão da mudança do mo<strong>de</strong>lo vig<strong>en</strong>te, ou a luta contra as formas geradoras<br />

da exclusão, atua-se ap<strong>en</strong>as sobre seus resultados. E<strong>la</strong>s não têm o mínimo interesse em trabalharem com<br />

<strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s politizadas, que exercem a militância em favor dos direitos sociais e buscam transformações<br />

sociais. Ao contrário, essas <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s atuam para incluir (no sistema econômico atual), <strong>de</strong> forma difer<strong>en</strong>ciada<br />

(leia-se, <strong>de</strong> forma precária e sem direitos sociais), os excluídos p<strong>el</strong>o mo<strong>de</strong>lo econômico. Mas <strong>de</strong>vido a crise<br />

econômica, o <strong>de</strong>semprego e a falta <strong>de</strong> iniciativas e fr<strong>en</strong>tes <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> propostas, e<strong>la</strong>s passam a ser<br />

espaços <strong>de</strong> referência aos grupos car<strong>en</strong>tes, <strong>de</strong>mandatários <strong>de</strong> b<strong>en</strong>s e serviços coletivos.<br />

As novas <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s reformistas do Terceiro Setor são organizadas m<strong>en</strong>os como lugar <strong>de</strong> acesso aos direitos<br />

<strong>de</strong> uma cidadania emancipatória e mais como lugar <strong>de</strong> exercício <strong>de</strong> uma cidadania outorgada, <strong>de</strong> cima para<br />

baixo, que promove a inclusão <strong>de</strong> indivíduos a uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> forma assist<strong>en</strong>cial. Os novos<br />

cidadãos se transformaram em cli<strong>en</strong>tes <strong>de</strong> políticas públicas administradas pe<strong>la</strong>s <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s do Terceiro Setor.<br />

No caso das cooperativas que essas <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s "ajudam" a organizar, e<strong>la</strong>s passam a "usurpar" os direitos<br />

sociais clássicos já conquistados p<strong>el</strong>os trabalhadores (piso sa<strong>la</strong>rial da categoria, horário da jornada <strong>de</strong><br />

trabalho, férias, FGTS, 13a salário etc).<br />

Finalm<strong>en</strong>te, um dos pontos mais importantes para o <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to do Terceiro Setor: a transferência <strong>de</strong><br />

fundos públicos do Estado para os programas <strong>de</strong> parceria com a socieda<strong>de</strong> civil organizada. Essa<br />

transferência apres<strong>en</strong>ta-se como parte <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> racionalização dos gastos, busca <strong>de</strong> maior<br />

eficiência, e uma resposta à urgência <strong>de</strong> cortes públicos (p<strong>en</strong>sando na redução do tamanho da burocracia<br />

estatal). Mas, <strong>de</strong> fato, não está hav<strong>en</strong>do aum<strong>en</strong>to <strong>de</strong> verbas para a área social e a transferência dos fundos<br />

som<strong>en</strong>te modifica o caminho na qual estas <strong>de</strong>spesas seguem para serem alocadas. Além disso, a<br />

transferência <strong>de</strong> fundos do Estado para <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s do Terceiro Setor altera a re<strong>la</strong>ção cidadão-Estado. Na<br />

época que o Estado alocava diretam<strong>en</strong>te verbas para setores sociais, ou at<strong>en</strong>dia a pressão organizada <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminados grupos ou movim<strong>en</strong>tos, <strong>el</strong>e estava at<strong>en</strong><strong>de</strong>ndo a sujeitos coletivos. À medida que a verba é<br />

transferida para ser ger<strong>en</strong>ciada por uma <strong>en</strong>tida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong> civil, o at<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to ocorre aos usuários na<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cidadãos individuais, cli<strong>en</strong>tes e consumidores <strong>de</strong> serviços prestados pe<strong>la</strong>s <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s do Terceiro<br />

Setor, que ocorrerá o at<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to. A mudança altera, portanto, a natureza e o caminho por on<strong>de</strong> as<br />

<strong>de</strong>mandas são formu<strong>la</strong>das e organizadas. Outras alterações <strong>de</strong>corr<strong>en</strong>tes são: <strong>en</strong>quanto agências <strong>de</strong><br />

consumidores, as <strong>de</strong>mandas passarão a se dirigir à justiça social, no caso <strong>de</strong> litígios, e não mais aos órgãos<br />

da administração estatal. Com isso há uma redução do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> negociação dos usuários. Como resultado<br />

final se tem, não uma ampliação do espaço público dos cidadãos, mas um retraim<strong>en</strong>to, hav<strong>en</strong>do uma perda<br />

das fronteiras <strong>en</strong>tre o público e o privado que, no limite, po<strong>de</strong>rá a levar a perdas <strong>de</strong> direitos sociais já<br />

conquistados.<br />

A Educação no Brasil <strong>en</strong>tre 1995-99<br />

As novas diretrizes: pressupostos e novo perfil<br />

A educação ganha importância na nova conjuntura da era da globalização porque o <strong>el</strong>evado grau <strong>de</strong><br />

competitivida<strong>de</strong> ampliou a <strong>de</strong>manda por conhecim<strong>en</strong>tos e informação. A educação ganha também<br />

c<strong>en</strong>tralida<strong>de</strong> nos discursos e políticas sociais porque <strong>el</strong>es <strong>en</strong>fatizam que competirá à e<strong>la</strong> ser um instrum<strong>en</strong>to<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização, num mercado <strong>de</strong> escolhas e oportunida<strong>de</strong>s. À esco<strong>la</strong>, como à cida<strong>de</strong>, é atribuído o<br />

espaço para o exercício da <strong>de</strong>mocracia, e conquista <strong>de</strong> direitos, da mesma forma que a fábrica foi o espaço<br />

<strong>de</strong> luta e conquista dos direitos sociais dos trabalhadores. O número <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> esco<strong>la</strong>rização associado a<br />

qualida<strong>de</strong> da educação recebida é apres<strong>en</strong>tado como fator <strong>de</strong>terminante para o acesso ao mercado <strong>de</strong><br />

trabalho, nív<strong>el</strong> <strong>de</strong> r<strong>en</strong>da a ser auferido etc.<br />

Segundo Garretón, a atual abordagem dada à educação leva a uma visão distorcida da educação e a uma<br />

simplificação da realida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> "mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> é igual a mo<strong>de</strong>rnização; educação é igual a sistema esco<strong>la</strong>r e<br />

preparação para o mercado <strong>de</strong> trabalho; <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to é igual a crescim<strong>en</strong>to econômico, treinam<strong>en</strong>to<br />

para aquisição <strong>de</strong> conhecim<strong>en</strong>to; e justiça, a igualda<strong>de</strong> socioeconômica e pluralismo sociocultural" (Garretón,<br />

1999: p. 88). Sabe-se que a economia globalizada tem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> profissionais com perfil <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>semp<strong>en</strong>ho difer<strong>en</strong>te do tradicional, impondo a exigência <strong>de</strong> incorporação <strong>de</strong> novas habilida<strong>de</strong>s e<br />

capacida<strong>de</strong>s, atribuindo ao setor educacional realizar este "mi<strong>la</strong>gre". Nos novos códigos a educação <strong>de</strong>ve<br />

contribuir para gerar um trabalhador que t<strong>en</strong>ha habilida<strong>de</strong>s e domínio <strong>de</strong> conhecim<strong>en</strong>tos tecnológicos,<br />

habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gestão e que saiba ser criativo, <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volv<strong>en</strong>do re<strong>la</strong>cionam<strong>en</strong>tos estratégicos (saudáveis e<br />

produtivos), e com habilida<strong>de</strong> nos re<strong>la</strong>cionam<strong>en</strong>tos intergrupais, que saiba apr<strong>en</strong><strong>de</strong>r a apr<strong>en</strong><strong>de</strong>r. Mas tudo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!