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Políticas de Exclusión en la Educación y el Trabajo_Pablo Gentili

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apropriarem <strong>de</strong> espaços nas esferas inter-governam<strong>en</strong>tais, na gestão <strong>de</strong> políticas públicas. Como exemplos<br />

citamos, <strong>en</strong>tre outras iniciativas, no p<strong>la</strong>no da socieda<strong>de</strong> política, as políticas sociais da "Bolsa-Esco<strong>la</strong>", as<br />

experiências <strong>de</strong> Orçam<strong>en</strong>to Participativo em muitas cida<strong>de</strong>s brasileiras, e outras experiências <strong>de</strong> cons<strong>el</strong>hos<br />

gestores que atuam junto a administrações públicas, a serem tratadas mais adiante. Na socieda<strong>de</strong> civil<br />

<strong>de</strong>stacam-se as campanhas <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>: contra a fome, as dirigidas aos atingidos pe<strong>la</strong> seca no nor<strong>de</strong>ste<br />

etc.; a criação e o <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to <strong>de</strong> várias ONGs voltadas para o <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to social, as cooperativas<br />

<strong>de</strong> produção coletivas, as campanhas <strong>de</strong> alfabetização e <strong>de</strong> <strong>en</strong>sino à distância, as jornadas <strong>de</strong> resgate da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural dos negros, a luta pe<strong>la</strong> <strong>de</strong>marcação das terras indíg<strong>en</strong>as, a construção <strong>de</strong> fóruns <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>bates sobre direitos humanos e cidadania, a institucionalização da política <strong>de</strong> cons<strong>el</strong>hos: crianças e<br />

adolesc<strong>en</strong>tes, mulheres, idosos, esco<strong>la</strong>res; o surgim<strong>en</strong>to <strong>de</strong> inúmeras <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s ambi<strong>en</strong>talistas voltadas para<br />

a <strong>de</strong>fesa dos animais, preservação e restauração do meio ambi<strong>en</strong>te, e do patrimônio histórico e cultural da<br />

socieda<strong>de</strong> como um todo.<br />

Os exemplos todos <strong>en</strong>unciam a construção <strong>de</strong> uma nova cultura política no país e apontam para um c<strong>en</strong>ário<br />

em que, a <strong>de</strong>speito da crise econômica e social, <strong>de</strong>monstram- nos que a socieda<strong>de</strong> civil ainda consegue<br />

ree<strong>la</strong>borar sua ag<strong>en</strong>da <strong>de</strong> práticas sociais. As gran<strong>de</strong>s mobilizações que conferiram vitalida<strong>de</strong> nos anos 80<br />

aos grupos e movim<strong>en</strong>tos sociais organizados, principalm<strong>en</strong>te no setor urbano, per<strong>de</strong>ram visibilida<strong>de</strong>, mas<br />

surgiram novas formas <strong>de</strong> fazer política. Os setores organizados da socieda<strong>de</strong> civil tiveram que requalificar<br />

sua participação, nos termos <strong>de</strong> um agir estratégico, voltado para a construção <strong>de</strong> seu próprio caminho, em<br />

parceria com os que lhe dão apoio, em práticas sociais mais propositivas do que reivindicativas, sem<br />

permanecer mais à espera das eternas promessas não realizadas. Os cons<strong>el</strong>hos gestores – a serem tratados<br />

adiante – serão um dos espaços <strong>de</strong> busca <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>sses espaços inter-institucionais. O Orçam<strong>en</strong>to<br />

Participativo é outro.<br />

No campo do associativismo e do cooperativismo, duas áreas estratégicas dos projetos emancipatórios e<br />

igualitários, algumas novida<strong>de</strong>s surgiram nos anos 90 e estão ganhando força graças a estímulos <strong>de</strong> algumas<br />

políticas sociais <strong>de</strong> cunho reformista.. Parafraseando E<strong>de</strong>r Sa<strong>de</strong>r, "novos atores <strong>en</strong>traram em c<strong>en</strong>a" na<br />

socieda<strong>de</strong> civil. Desta vez, esses novos atores coletivos passaram a constituir uma figura jurídica nova:<br />

privado sem fins lucrativos, voltado para áreas <strong>de</strong> interesse público. Trata-se do chamado "Terceiro Setor",<br />

conjunto heterogêneo <strong>de</strong> <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s composto <strong>de</strong> organizações, associações comunitárias e fi<strong>la</strong>ntrópicas ou<br />

caritativas, alguns tipos específicos <strong>de</strong> movim<strong>en</strong>tos sociais, fundações, cooperativas, e até algumas<br />

empresas auto<strong>de</strong>nominadas como cidadãs. No pólo associativista as novas ONGs do Terceiro Setor se<br />

<strong>de</strong>stacam, compondo uma dim<strong>en</strong>são social tida como pública não-estatal. No pólo do cooperativismo, as<br />

cooperativas <strong>de</strong> trabalhadores compõem uma dim<strong>en</strong>são coletiva, privada não-individual. O trabalho<br />

voluntário, combinado com o trabalho assa<strong>la</strong>riado dos dirig<strong>en</strong>tes das <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s do Terceiro Setor, passou a<br />

ser a nova tônica dos programas sociais. Ele foi re<strong>de</strong>finido como pert<strong>en</strong>c<strong>en</strong>te ao campo <strong>de</strong> uma nova<br />

economia social, compon<strong>en</strong>te fundam<strong>en</strong>tal das re<strong>la</strong>ções do Terceiro Setor e do mercado informal <strong>de</strong> trabalho.<br />

O Terceiro Setor tem sido consi<strong>de</strong>rado como uma das fontes <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> apr<strong>en</strong>dizagem em espaços<br />

públicos coletivos em questões do tipo: raça, gênero, etnia, direitos humanos, <strong>de</strong>fesa do meio ambi<strong>en</strong>te,<br />

fases <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> da vida (crianças, jov<strong>en</strong>s e idosos); e métodos alternativos <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> r<strong>en</strong>da em<br />

comunida<strong>de</strong>s organizadas para suprirem necessida<strong>de</strong>s socioeconômicas e culturais básicas, em programas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to sust<strong>en</strong>táv<strong>el</strong> (Rifkin, Fernan<strong>de</strong>s & outros, 1997).<br />

Entretanto, o Terceiro Setor é também contraditório. Ele ganhou espaço nos anos 90 porque passou a<br />

<strong>de</strong>semp<strong>en</strong>har o pap<strong>el</strong> <strong>de</strong> intermediação <strong>en</strong>tre o Estado e a socieda<strong>de</strong>, antes ocupado p<strong>el</strong>os movim<strong>en</strong>tos<br />

sociais popu<strong>la</strong>res, sindicatos e ONGs combativas. Só que <strong>el</strong>e assume aqu<strong>el</strong>e espaço numa nova conjuntura e<br />

corre<strong>la</strong>ção <strong>de</strong> forças: agora é para implem<strong>en</strong>tar e executar políticas sociais, <strong>de</strong>sativadas nas instâncias <strong>de</strong><br />

execução pert<strong>en</strong>c<strong>en</strong>tes aos órgãos estatais, transferidas para a socieda<strong>de</strong> civil organizada em parcerias <strong>en</strong>tre<br />

o setor público e o público não estatal. O <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to sobre a construção <strong>de</strong>sses espaços se insere na<br />

dinâmica da luta social, a reestruturação das políticas públicas está no c<strong>en</strong>tro da questão. Isso porque essa<br />

reestruturação alterou a forma <strong>de</strong> gestão dos fundos públicos, passando as verbas orçam<strong>en</strong>tárias a serem<br />

geridas por novos cons<strong>el</strong>hos gestores. A primeira vista trata-se <strong>de</strong> uma conquista da socieda<strong>de</strong> civil<br />

organizada pois esses cons<strong>el</strong>hos <strong>de</strong>vem contar, necessariam<strong>en</strong>te, com a participação <strong>de</strong> repres<strong>en</strong>tantes <strong>de</strong><br />

<strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s, associações e movim<strong>en</strong>tos sociais. Mas essa é a aparência imediata do f<strong>en</strong>ôm<strong>en</strong>o e uma <strong>de</strong> suas<br />

dim<strong>en</strong>sões. De fato, para que se concretize as exigências que estão nas leis e nos <strong>de</strong>cretos, são necessários<br />

muitos outros passos e dispositivos, tais como a própria organização da popu<strong>la</strong>ção.<br />

A expansão do campo <strong>de</strong> atuação do Terceiro Setor nos últimos anos em áreas <strong>de</strong> atuação on<strong>de</strong> se trabalha<br />

em parceria com órgãos públicos possibilitou a criação <strong>de</strong> novas <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s e programas sociais oriundos <strong>de</strong>

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