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Políticas de Exclusión en la Educación y el Trabajo_Pablo Gentili

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expressão, repres<strong>en</strong>tação e participação; assim como são dotados, em tese, <strong>de</strong> um pot<strong>en</strong>cial <strong>de</strong><br />

transformação política. Se efetivam<strong>en</strong>te repres<strong>en</strong>tativos, os cons<strong>el</strong>hos po<strong>de</strong>rão imprimir um novo formato às<br />

políticas sociais pois re<strong>la</strong>cionam-se ao processo <strong>de</strong> formação das políticas e tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.. Com os<br />

cons<strong>el</strong>hos gera-se uma nova institucionalida<strong>de</strong> pública pois <strong>el</strong>es criam uma nova esfera social-pública ou<br />

pública não-estatal. Trata-se <strong>de</strong> um novo padrão <strong>de</strong> re<strong>la</strong>ções <strong>en</strong>tre Estado e socieda<strong>de</strong> porque <strong>el</strong>es viabilizam<br />

a participação <strong>de</strong> segm<strong>en</strong>tos sociais na formu<strong>la</strong>ção <strong>de</strong> políticas sociais; e possibilitam à popu<strong>la</strong>ção o acesso<br />

aos espaços on<strong>de</strong> se tomam as <strong>de</strong>cisões políticas.<br />

A legis<strong>la</strong>ção em vigor no Brasil preconiza, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996, que para o recebim<strong>en</strong>to <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong>stinados às<br />

áreas sociais, os municípios <strong>de</strong>vem criar seus cons<strong>el</strong>hos. Isso explica porque a maioria dos cons<strong>el</strong>hos<br />

municipais surgiu após esta data (em 1998, dos 1.167 cons<strong>el</strong>hos exist<strong>en</strong>tes nas áreas da educação,<br />

assistência social e saú<strong>de</strong>, 488 <strong>de</strong>les haviam sido criados após 1997; 305 <strong>en</strong>tre 1994-96; e ap<strong>en</strong>as 73 antes<br />

<strong>de</strong> 1991).<br />

Na área da educação a lei preconiza três tipos cons<strong>el</strong>hos <strong>de</strong> gestão no nív<strong>el</strong> do po<strong>de</strong>r municipal, com caráter<br />

consultivo/<strong>de</strong>liberativo, ligados ao po<strong>de</strong>r executivo, a saber: o Cons<strong>el</strong>ho Municipal <strong>de</strong> Educação, o Cons<strong>el</strong>ho<br />

<strong>de</strong> Alim<strong>en</strong>tação Esco<strong>la</strong>r e o Cons<strong>el</strong>ho <strong>de</strong> Acompanham<strong>en</strong>to e Controle Social do Fundo <strong>de</strong> Manut<strong>en</strong>ção e<br />

Des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to do Ensino Fundam<strong>en</strong>tal e <strong>de</strong> Valorização do Magistério, FUNDEF. (No interior das esco<strong>la</strong>s<br />

temos ainda os Cons<strong>el</strong>hos <strong>de</strong> Esco<strong>la</strong>, <strong>de</strong> C<strong>la</strong>sse e <strong>de</strong> Série, mas <strong>el</strong>es são <strong>de</strong> outra natureza).<br />

Os Cons<strong>el</strong>hos Municipais são regu<strong>la</strong>m<strong>en</strong>tados por leis estaduais e fe<strong>de</strong>rais mas <strong>el</strong>es <strong>de</strong>vem ser criados por lei<br />

municipal, s<strong>en</strong>do <strong>de</strong>finidos como "órgão normativo, consultivo e <strong>de</strong>liberativo do sistema municipal <strong>de</strong><br />

<strong>en</strong>sino", criados e insta<strong>la</strong>dos por iniciativa do Po<strong>de</strong>r Executivo Municipal. Eles são compostos por<br />

repres<strong>en</strong>tantes do Po<strong>de</strong>r Executivo e por repres<strong>en</strong>tantes dos vários segm<strong>en</strong>tos da socieda<strong>de</strong> civil local<br />

<strong>de</strong>stacando-se: <strong>en</strong>tida<strong>de</strong>s e organizações não-governam<strong>en</strong>tais prestadoras <strong>de</strong> serviços ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong><br />

direitos, organizações comunitárias, sindicatos, associações <strong>de</strong> usuários, instituições <strong>de</strong> pesquisa etc. Parte<br />

dos membros dos cons<strong>el</strong>hos é <strong>el</strong>eita por seus pares e parte é escolhida p<strong>el</strong>os repres<strong>en</strong>tantes da<br />

administração pública. Todos <strong>el</strong>es <strong>de</strong>vem ser nomeados p<strong>el</strong>o prefeito municipal.<br />

O Cons<strong>el</strong>ho Municipal compõe, em conjunto com os outros dois cons<strong>el</strong>hos, a re<strong>de</strong> das esco<strong>la</strong>s propriam<strong>en</strong>te<br />

dita, e a Secretaria Municipal da Educação (órgão executivo), o Sistema Municipal <strong>de</strong> Ensino. Segundo a<br />

legis<strong>la</strong>ção, o município <strong>de</strong>ve também e<strong>la</strong>borar um P<strong>la</strong>no Municipal <strong>de</strong> Ensino que estab<strong>el</strong>eça metas<br />

objetivando obter, progressivam<strong>en</strong>te, a autonomia das esco<strong>la</strong>s, à medida que e<strong>la</strong>s forem capazes <strong>de</strong> e<strong>la</strong>borar<br />

e executar seu projeto pedagógico, garantido a gestão <strong>de</strong>mocrática do <strong>en</strong>sino público.<br />

Registre-se ainda que os cons<strong>el</strong>hos na área da educação articu<strong>la</strong>m-se, necessariam<strong>en</strong>te com outros<br />

cons<strong>el</strong>hos da esfera municipal, criados também rec<strong>en</strong>tem<strong>en</strong>te. Como exemplo citamos o Cons<strong>el</strong>ho Municipal<br />

<strong>de</strong> Direitos da Criança e do Adolesc<strong>en</strong>te (CMDCA) e os Cons<strong>el</strong>hos Tute<strong>la</strong>res. A Secretaria Estadual <strong>de</strong><br />

Educação promulgou uma normatização instruindo que o aluno que tiver um número superior a x <strong>de</strong> faltas<br />

<strong>de</strong>ve ser <strong>en</strong>caminhado para o cons<strong>el</strong>ho tute<strong>la</strong>r da cida<strong>de</strong>. Este fato têm sobrecarregado esses cons<strong>el</strong>hos<br />

<strong>de</strong>notando dois problemas: o da ausência, em si, dos alunos das sa<strong>la</strong>s <strong>de</strong> au<strong>la</strong>s; e o da transferência <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong>s para um órgão que tem outras atribuições importantes, sobre problemas <strong>de</strong> natureza<br />

gravíssima no universo das crianças e adolesc<strong>en</strong>tes tais como drogas, abuso sexual, agressões e outros tipos<br />

<strong>de</strong> violência, exploração do trabalho infantil etc.<br />

Os cons<strong>el</strong>hos criam condições para um sistema <strong>de</strong> vigilância sobre a gestão pública e implicam numa maior<br />

cobrança <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> contas do po<strong>de</strong>r executivo, principalm<strong>en</strong>te no nív<strong>el</strong> municipal. Por isso, certas<br />

questões são muito r<strong>el</strong>evantes no <strong>de</strong>bate atual sobre a criação e implem<strong>en</strong>tação dos cons<strong>el</strong>hos gestores, tais<br />

como: a repres<strong>en</strong>tativida<strong>de</strong> qualitativa dos difer<strong>en</strong>tes segm<strong>en</strong>tos sociais, territoriais e forças políticas<br />

organizadas em sua composição; o perc<strong>en</strong>tual quantitativo, em termos <strong>de</strong> parida<strong>de</strong>, <strong>en</strong>tre membros do<br />

governo e membros da socieda<strong>de</strong> civil organizada que o compõe; o problema da capacitação dos<br />

cons<strong>el</strong>heiros-morm<strong>en</strong>te os advindos da socieda<strong>de</strong> civil; o acesso às informações (e sua <strong>de</strong>codificação) e a<br />

publicização das ações dos cons<strong>el</strong>hos; a fiscalização e controle sobre os próprios atos dos cons<strong>el</strong>heiros; o<br />

po<strong>de</strong>r e os mecanismos <strong>de</strong> aplicabilida<strong>de</strong> das <strong>de</strong>cisões do cons<strong>el</strong>ho p<strong>el</strong>o executivo e outros etc.<br />

As questões da repres<strong>en</strong>tativida<strong>de</strong> e da parida<strong>de</strong> constituem problemas cruciais para serem m<strong>el</strong>hor <strong>de</strong>finidos<br />

nos cons<strong>el</strong>hos gestores <strong>de</strong> uma forma geral. Os problemas <strong>de</strong>correm da não existência <strong>de</strong> critérios que<br />

garantam uma efetiva igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições <strong>en</strong>tre os participantes pois, como nos <strong>de</strong>monstra Davies, "os<br />

Cons<strong>el</strong>hos <strong>de</strong> Fiscalização do FUNDEF, por sua vez, têm eficácia muito limitada por serem mais estatais do<br />

que sociais", nos âmbitos fe<strong>de</strong>ral e estatais. No âmbito municipal, formalm<strong>en</strong>te, "têm caráter mais social que

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