17.04.2013 Views

Políticas de Exclusión en la Educación y el Trabajo_Pablo Gentili

Políticas de Exclusión en la Educación y el Trabajo_Pablo Gentili

Políticas de Exclusión en la Educación y el Trabajo_Pablo Gentili

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

trabalho manual direto (Marx, 1978). E, ao invés do fim do valor-trabalho, po<strong>de</strong>-se constatar uma interre<strong>la</strong>ção<br />

ac<strong>en</strong>tuada das formas <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> mais valia re<strong>la</strong>tiva e absoluta, que se realiza em esca<strong>la</strong><br />

ampliada e mundializada.<br />

Estes <strong>el</strong>em<strong>en</strong>tos - aqui som<strong>en</strong>te indicados em suas t<strong>en</strong>dências mais g<strong>en</strong>éricas - não possibilitam conferir<br />

estatuto <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> às teses sobre o fim do trabalho sob o modo <strong>de</strong> produção capitalista. O que se evi<strong>de</strong>ncia<br />

ainda mais quando se constata que a maior parte da força <strong>de</strong> trabalho <strong>en</strong>contra-se <strong>de</strong>ntro dos países do<br />

chamado Terceiro Mundo, on<strong>de</strong> as t<strong>en</strong>dências anteriorm<strong>en</strong>te apontadas tem inclusive um ritmo bastante<br />

particu<strong>la</strong>rizado e difer<strong>en</strong>ciado. Restringir-se à Alemanha ou à França e, a partir daí, fazer g<strong>en</strong>eralizações e<br />

universalizações sobre o fim do trabalho ou da c<strong>la</strong>sse trabalhadora , <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando o que se passa em<br />

países como Índia, China, Brasil, México, Coréia do Sul, Rússia, Arg<strong>en</strong>tina etc, para não fa<strong>la</strong>r do Japão,<br />

configura-se como um equívoco <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> significado. Vale acresc<strong>en</strong>tar que a tese do fim da c<strong>la</strong>sse<br />

trabalhadora, mesmo quando restrita aos países c<strong>en</strong>trais é, em nossa opinião, <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong><br />

fundam<strong>en</strong>tação, tanto empírica quanto analítica. Uma noção ampliada <strong>de</strong> trabalho, que leve em conta seu<br />

caráter multifacetado, é forte exemplo <strong>de</strong>sta evidência. Isso sem m<strong>en</strong>cionar que a <strong>el</strong>iminação do trabalho e a<br />

g<strong>en</strong>eralização <strong>de</strong>sta t<strong>en</strong>dência sob o capitalismo contemporâneo - n<strong>el</strong>e incluído o <strong>en</strong>orme conting<strong>en</strong>te <strong>de</strong><br />

trabalhadores do Terceiro Mundo - suporia a <strong>de</strong>struição da própria economia <strong>de</strong> mercado, pe<strong>la</strong> incapacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> integralização do processo <strong>de</strong> acumu<strong>la</strong>ção <strong>de</strong> capital, uma vez que os robôs não po<strong>de</strong>riam participar do<br />

mercado como consumidores. A simples sobrevivência da economia capitalista estaria comprometida, sem<br />

fa<strong>la</strong>r em tantas outras consequências sociais e políticas explosivas que adviriam <strong>de</strong>sta situação. Tudo isso<br />

evi<strong>de</strong>ncia que é um equívoco p<strong>en</strong>sar na <strong>de</strong>saparição ou fim do trabalho <strong>en</strong>quanto perdurar a socieda<strong>de</strong><br />

capitalista produtora <strong>de</strong> mercadorias e — o que é fundam<strong>en</strong>tal — também não é possív<strong>el</strong> perspectivar<br />

n<strong>en</strong>huma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>el</strong>iminação da c<strong>la</strong>sse-que-vive-do-trabalho, <strong>en</strong>quanto forem vig<strong>en</strong>tes os pi<strong>la</strong>res<br />

constitutivos do modo <strong>de</strong> produção do capital6. Tal investigação assume especial importância especialm<strong>en</strong>te<br />

pe<strong>la</strong> forma pe<strong>la</strong> qual estas transformações vêm afetando o movim<strong>en</strong>to social e político dos trabalhadores<br />

(n<strong>el</strong>e incluído o movim<strong>en</strong>to sindical), particu<strong>la</strong>rm<strong>en</strong>te em países que se difer<strong>en</strong>ciam dos países capitalistas<br />

c<strong>en</strong>trais, como é o caso do Brasil, on<strong>de</strong> há traços particu<strong>la</strong>res bastante difer<strong>en</strong>ciados da crise viv<strong>en</strong>ciada nos<br />

países c<strong>en</strong>trais. Se estas transformações são eivadas <strong>de</strong> significados e consequências para a c<strong>la</strong>sse<br />

trabalhadora e seus movim<strong>en</strong>tos sociais, sindicais e políticos, nos países capitalistas avançados, também o<br />

são em países intermediários e subordinados, porém dotados <strong>de</strong> r<strong>el</strong>evante porte industrial, como o Brasil. O<br />

<strong>en</strong>t<strong>en</strong>tim<strong>en</strong>to abrang<strong>en</strong>te e totalizante da crise que atinge o mundo do trabalho passa, portanto, por este<br />

conjunto <strong>de</strong> problemas que incidiram diretam<strong>en</strong>te no movim<strong>en</strong>to operário, na medida que são complexos que<br />

afetaram tanto a economia política do capital, quando as suas esferas política e i<strong>de</strong>ológia. C<strong>la</strong>ro que esta<br />

crise é particu<strong>la</strong>rizada e singu<strong>la</strong>rizada pe<strong>la</strong> forma pe<strong>la</strong> qual estas mudanças econômicas, sociais, políticas e<br />

i<strong>de</strong>ológicas afetaram mais ou m<strong>en</strong>os direta e int<strong>en</strong>sam<strong>en</strong>te os diversos países que fazem parte <strong>de</strong>ssa<br />

mundialização do capital que é, como se sabe, <strong>de</strong>sigualm<strong>en</strong>te combinada. Para uma análise <strong>de</strong>talhada do que<br />

se passa no mundo do trabalho, o <strong>de</strong>safio é buscar essa totalização analítica que articu<strong>la</strong>rá <strong>el</strong>em<strong>en</strong>tos mais<br />

gerais <strong>de</strong>ste quadro, com aspectos da singu<strong>la</strong>rida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>stes países. Mas é <strong>de</strong>cisivo perceber que<br />

há um conjunto abrang<strong>en</strong>te <strong>de</strong> metamorfoses e mutações que vem afetado a c<strong>la</strong>sse trabalhadora, nesta fase<br />

<strong>de</strong> transformações no mundo produtivo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um universo on<strong>de</strong> predominam <strong>el</strong>em<strong>en</strong>tos do<br />

neoliberalismo.<br />

Bibliografia<br />

Amin, Ash (ed.) (1996) Post-Fordism a Rea<strong>de</strong>r (Oxford: B<strong>la</strong>ckw<strong>el</strong>l).<br />

Antunes, Ricardo (1998) A<strong>de</strong>us ao Trabalho? Ensaio sobre as Metamorfoses e a C<strong>en</strong>tralida<strong>de</strong> do Mundo do<br />

Trabalho (São Paulo: Cortez).<br />

Beynon, Huw (1995) "The Changing Practices of Work", em International C<strong>en</strong>tre for Labour Studies<br />

(Manchester).<br />

Bihr, A<strong>la</strong>in (1998) Da Gran<strong>de</strong> Noite À Alternativa (O Movim<strong>en</strong>to Operário Europeu em Crise) (São Paulo:<br />

Boitempo).<br />

Chesnais, François (1996) A Mundialização do Capital (São Paulo: Xãma).<br />

Gounet, Thomas (1991) "Luttes Concurr<strong>en</strong>ti<strong>el</strong>les et Stratégies D’accumu<strong>la</strong>tion dans L’industrie Automobile",<br />

em Etu<strong>de</strong>s Marxistes (Bruxe<strong>la</strong>s) Nº 10.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!