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Psicologia e Diversidade Sexual - CRP sp

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16<br />

de fortalecimento do próprio movimento e de<br />

que governo desse alguma re<strong>sp</strong>osta em relação<br />

à Aids, que era uma questão muito candente na<br />

comunidade naquele momento.<br />

Direitos iguais, nem mais nem menos!: a “terceira<br />

onda” do movimento<br />

No início dos anos 1990, o movimento homossexual<br />

cresceu como forma de solução para essa situação,<br />

tornando o Brasil pioneiro na re<strong>sp</strong>osta comunitária<br />

e governamental à Aids. Com base no acúmulo de<br />

experiência e no conhecimento e acesso à comunidade,<br />

os grupos passaram a coordenar projetos<br />

de prevenção financiados por programas estatais<br />

de combate à Aids, os quais permitiram que alguns<br />

grupos se organizassem no formato de organização<br />

não-governamental (ONG). A entrada das pautas<br />

do movimento nas políticas públicas não se deu,<br />

portanto, pelo reconhecimento das demandas de<br />

cidadania de LGBT ou pela criação de conselhos de<br />

direitos, mas pela política de saúde e, mais e<strong>sp</strong>ecificamente,<br />

a política de combate às DSTs e Aids.<br />

Houve um aumento do número de grupos e<br />

a expansão do movimento por todos os estados<br />

do País, acompanhado por uma diversificação de<br />

tipos de organizações: não havia apenas grupos<br />

comunitários, mas também ONGs, setoriais de partidos,<br />

grupos religiosos, acadêmicos, as chamadas<br />

igrejas inclusivas, que trabalham diretamente<br />

com a questão LGBT. Surgia, então, uma “terceira<br />

onda” do movimento.<br />

Nesse novo momento, uma das características<br />

é a diferenciação de vários sujeitos políticos internos<br />

ao movimento: lésbicas, gays, bissexuais,<br />

travestis e transexuais, com foco em demandas<br />

e<strong>sp</strong>ecíficas de cada um desses coletivos. A organização<br />

das travestis data do começo da década<br />

de 1990 e tinha como ponto de partida questões<br />

relacionadas ao impacto da questão da Aids nessa<br />

comunidade e o consequente aumento dos casos<br />

de violência contra travestis, a ponta mais visível<br />

e exposta da comunidade LGBT. Encontros nacionais<br />

de travestis passam a ocorrer ainda na primeira<br />

metade dos anos 1990 e a categoria é incorpora-<br />

Em 1995, ocorre a fundação<br />

da primeira e maior rede de<br />

organizações LGBT brasileiras, a<br />

ABGLT (Associação Brasileira de<br />

Gays, Lésbicas e Travestis).<br />

da à sigla que representa o movimento a partir de<br />

1995. As lésbicas são incluídas e<strong>sp</strong>ecificadamente<br />

apenas em 1993, apesar de estarem presentes nos<br />

grupos desde o início. Portanto, num primeiro<br />

momento, o movimento era homossexual, e por<br />

isso entendia-se que devia incluir gays e lésbicas.<br />

A organização dos grupos lésbicos no país ganha<br />

impulso com o início da organização dos Seminários<br />

Nacionais de Lésbicas, os Senales, a partir de<br />

199612 . O início da organização de transexuais se dá<br />

a partir da segunda metade dos anos 1990 e está<br />

relacionada às lutas por acesso às cirurgias experimentais<br />

de transgenitalização, que são aprovadas<br />

pelo Conselho Federal de Medicina em 1997.<br />

Em 1995, ocorre a fundação da primeira e<br />

maior rede de organizações LGBT brasileiras, a<br />

ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas<br />

e Travestis), que reúne cerca de 200 organizações<br />

e<strong>sp</strong>alhadas por todo o Brasil, sendo considerada a<br />

maior rede LGBT na América Latina. Além de um<br />

investimento sistemático de esforços no combate à<br />

Aids e variadas articulações com órgãos públicos,<br />

a ABGLT promove uma série de ações no âmbito<br />

legislativo e judicial, orientadas para acabar com<br />

diferentes formas de discriminação e violência<br />

contra a população LGBT, como é o caso das<br />

campanhas de sensibilização de parlamentares e<br />

da população em favor da aprovação de projetos<br />

de lei, como o 1151/95, que reconhece a parceria<br />

civil, e o 122/2006, que criminaliza a homofobia.<br />

A partir da fundação da ABGLT, há um processo<br />

de multiplicação de redes nacionais. Em 2007,<br />

havia sete redes: a ABGLT, a Associação Brasileira<br />

12 ALMEIDA, Guilherme de. Da invisibilidade à vulnerabilidade:<br />

percursos do “corpo lésbico” na cena brasileira face à possibilidade<br />

de infecção por DST e Aids. Tese de Doutorado. Rio de<br />

Janeiro: IMS/UERJ, 2005.

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