Psicologia e Diversidade Sexual - CRP sp
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manos ricos mantinham frequentemente instrutores,<br />
escravos e jovens meninos para seu prazer sexual, e a<br />
prostituição masculina e feminina era legalizada. Os<br />
romanos da Antiguidade podiam ter relações sexuais<br />
com seus escravos masculinos ou femininos sem ter<br />
de temer a marginalização social ou a censura. O<br />
importante para o amor-próprio de um romano era<br />
manter a aparência de uma masculinidade ativa que,<br />
por essência, significava que ele tinha a preferência<br />
de ser “sempre aquele que penetra” mais do que o que<br />
é penetrado. Os homens romanos eram preocupados<br />
em manter uma aparência pública da masculinidade<br />
que era fundada sobre o poder da penetração do pênis.<br />
Assim, que o parceiro sexual fosse masculino ou<br />
feminino, não era problema. A homossexualidade não<br />
era tecnicamente punida desde que ela não violasse<br />
as estritas estruturas de classe ou os papéis sociais.<br />
Não tão filosóficos quanto os gregos em relação<br />
ao homoerotismo masculino, a regra principal era<br />
que um cidadão romano, maduro, não poderia se<br />
deixar penetrar ou praticar sexo oral. A passividade<br />
e a sodomia eram imediatamente associadas<br />
ao feminino. Smalls complementa: “tal como<br />
na Grécia, era também inconveniente para um<br />
cidadão romano potencial ou confirmadamente<br />
A passividade e a sodomia eram<br />
imediatamente associadas ao<br />
feminino.<br />
se submeter à penetração anal ou vir a praticar o<br />
sexo oral; esses eram atos reservados às mulheres<br />
(que civilmente não eram consideradas como cidadãos),<br />
aos escravos e aos prostitutos masculinos<br />
e femininos. O tabu contra a relação sexual anal<br />
era assim tão forte que, contrariamente à sua<br />
prática na Grécia Antiga, a pederastia era estritamente<br />
interditada em Roma” (Idem, p. 36). Por ser<br />
ainda uma sociedade que valoriza o masculino,<br />
mais propriamente que o prazer, pode-se inferir<br />
que o sexismo e o machismo romano até hoje se<br />
encontram presentes na nossa sociedade. Dele,<br />
acreditamos nascer a aversão, o asco, o repúdio<br />
É difícil de aceitar, mas a pena de<br />
morte punindo os atos homossexuais<br />
masculinos e femininos persistiram<br />
no Código Civil até o século XVIII<br />
na maioria dos países Europeus do<br />
Ocidente<br />
ou a sensação de estranhamento não só por parte<br />
de alguns homossexuais, mas também de heterossexuais<br />
em relação aos homens efeminados. Ou<br />
seja, a associação desses à figura da mulher é um<br />
fator de desvalorização, entendido aqui como um<br />
demérito que precisa ser evitado.<br />
Entretanto, isso irá mudar com a chegada do<br />
Império Romano no qual veremos a liberação das<br />
práticas sexuais entre os homens. Entretanto,<br />
ainda assim, essa liberação ficou restrita aos Imperadores<br />
– basta-nos lembrar dos casos de Nero,<br />
Augusto e Hadria.<br />
Com o declínio do Império romano, o qual<br />
coincide com a legalização do catolicismo em<br />
Roma no século IV pelo Imperador Constantino<br />
(274-338), as regras e valores em relação às práticas<br />
homoeróticas mudam e endurecem cada vez<br />
mais até chegarmos ao período conhecido como<br />
Idade Média.<br />
Na Idade Média<br />
A religião católica se torna a religião oficial do<br />
Império Romano em 381 sob o reinado de Teodoro<br />
o Grande3 (346-365). Já com os Imperadores Constantino<br />
e Constante, e reafirmado pelo código de<br />
Teodoro de 390, os atos homossexuais se tornam<br />
puníveis de morte na fogueira. Do mesmo modo,<br />
a lesbianidade foi proscrita por lei de 287 D.C.,<br />
imposta por Diocletino (245-313) e Maximiano. É<br />
difícil de aceitar, mas a “pena de morte punindo<br />
os atos homossexuais masculinos e femininos<br />
3 Cf. Warren Johanson e William A Percy. Homosexuality. Em Vern<br />
L Bullough e James A Brundage (eds) Handbook of Medieval<br />
<strong>Sexual</strong>ity. New York, Garland Publishing Inc., 1996, pp. 160-161.<br />
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CADERNOS TEMÁTICOS <strong>CRP</strong> SP <strong>Psicologia</strong> e diversidade sexual