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Psicologia e Diversidade Sexual - CRP sp

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onde os padrões de gênero são rígidos, do que<br />

propriamente em sociedades democráticas, de<br />

e<strong>sp</strong>írito laico, influenciadas por ideais liberais de<br />

autonomia do sujeito, que crê em sujeitos de direito<br />

capazes de decidir sobre seus próprios prazeres.<br />

Do ponto de vista da de<strong>sp</strong>atologização da homossexualidade,<br />

temos que em 1973, a Associação<br />

Americana de Psiquiatria retirou-a do Código<br />

Internacional de Doenças (CID), em 1975 foi a vez<br />

da Associação Americana de <strong>Psicologia</strong> que estabelece<br />

não ser a homossexualidade motivo para<br />

o tratamento de uma pessoa, bem como em 17 de<br />

maio (Dia Internacional de Luta contra a Homofobia),<br />

a Assembleia Geral da Organização Mundial<br />

da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade do<br />

código 302 das doenças mentais, declarando não<br />

ser a mesma nem “doença, nem distúrbio e nem<br />

perversão”. A psicologia brasileira, no entanto,<br />

em 1999 estabelecerá a conhecida resolução 1/99<br />

que normatiza a atuação da categoria em relação<br />

à conduta perante os(as) pacientes homossexuais.<br />

Apesar disso, entretanto, vemos nascerem<br />

posições contrárias a esta resolução por parte de<br />

alguns grupos evangélicos que se sentem capazes<br />

de ‘curar’ a homossexualidade, ou antes, de fazer<br />

com que pessoas que se sintam desconfortáveis<br />

com sua homossexualidade venham a se tornar<br />

heterossexual.<br />

É curioso notar, entretanto, que os psicólogos<br />

evangélicos pertencentes a estes grupos, dizem<br />

se apoiar em pesquisas e argumentos científicos<br />

do campo da psicologia. Mas como a homofobia<br />

atravessa a <strong>Psicologia</strong>? A <strong>Psicologia</strong> tende a não<br />

aceitar as teorias que se pautam exclusivamente<br />

em argumentos genéticos para explicar as<br />

orientações sexuais. De modo geral, as teorias<br />

psicológicas vigentes se pautam em argumentos<br />

sociais e histórias de vida das pessoas. Em relação<br />

a esta última, a teoria mais expoente é a da<br />

psicanálise. Para quem já leu o célebre trabalho de<br />

Kenneth Lewes, The Psychoanalytic Theory of Male<br />

Homosexuality, de 1988 (reeditado como Psychoanalysis<br />

and Male Homosexuality em 1995), deve se<br />

lembrar do apanhado geral que o autor faz sobre<br />

Para Freud, entretanto, a<br />

homossexualidade nunca foi uma<br />

patologia.<br />

pelo menos hipóteses teóricas que partem das<br />

colocações de Freud sobre as formas da sexuação<br />

e, mais e<strong>sp</strong>ecificamente, da homossexualidade<br />

masculina. De modo geral, temos que a primeira<br />

estaria relacionada ao Complexo de Castração,<br />

que faria com que o menino ao ‘ver’ que sua mãe<br />

é castrada (sem pênis), sentiria grande ansiedade<br />

em perder também o seu o que provocaria uma<br />

‘alucinação’ sobre a existência de um pênis na mãe<br />

o que, mais tarde, se transformaria em um fetiche.<br />

A segunda diz re<strong>sp</strong>eito a uma grande identificação<br />

do filho com a mãe que, narcisicamente iria nela<br />

se e<strong>sp</strong>elhar reproduzindo junto a outros homens<br />

o carinho que dela teria recebido quando criança.<br />

Na terceira, o menino assumiria uma identidade<br />

feminina e iria buscar em outros homens o amor<br />

do pai. E, por último, a inveja e o ciúme em relação<br />

à figura do pai e irmãos.<br />

Para Freud, entretanto, a homossexualidade<br />

nunca foi uma patologia. Todavia, por conta de<br />

sua crença no pensamento darwinista de que a<br />

reprodução seria o fim último da sexualidade,<br />

embora não se reduziria a esta (vide sua hipótese<br />

sobre a polimorfia sexual), irá localizar o desenvolvimento<br />

sexual na heterossexualidade, o que<br />

lhe permitirá dizer que a homossexualidade seja<br />

um atraso no desenvolvimento sexual. Isso implica<br />

em dizer que se a reprodução for a finalidade de<br />

nossa existência, portanto, a homossexualidade<br />

não nos permitirá cumprir essa finalidade, não<br />

devendo, entretanto, ser creditada a ela nenhuma<br />

tendência patológica em si.<br />

Porém, as afirmações freudianas não serão<br />

suficientes para contribuir para a desestigmatização<br />

da homossexualidade. Sua ideia a re<strong>sp</strong>eito<br />

de uma bissexualidade inata a todo(a)s nós,<br />

a qual irá tomar direções diversas a partir das<br />

fantasias inconscientes derivadas da passagem<br />

pelo Édipo, irão dar margem para se pensar que a

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