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Psicologia e Diversidade Sexual - CRP sp

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Homofobia e sua relação com as<br />

práticas “psi”<br />

Fernando Silva Teixeira Filho<br />

Bacharel licenciado e formado em <strong>Psicologia</strong> pela Universidade Paulista, mestre e doutor em <strong>Psicologia</strong> pela PUC-SP.<br />

Atualmente é professor da Une<strong>sp</strong>, campus de Assis, atuando na graduação e na pós-graduação. Suas linhas de pesquisa<br />

versam sobre processos de estigmatização e produção de violência; diversidades sexuais e educação de professores;<br />

parentalidades, conjugalidades e adoção; prevenção às DST-Aids; Psicanálise e Estudos de Gêneros; <strong>Sexual</strong>idades,<br />

cidadania e direitos humanos.<br />

Primeiramente, quero agradecer ao convite dos(as)<br />

organizadores(as) do Seminário e, mais e<strong>sp</strong>ecificamente,<br />

aos componentes da Comissão de <strong>Sexual</strong>idade<br />

e Gênero do <strong>CRP</strong> SP, para que eu pudesse<br />

compor este evento, o qual considero um marco<br />

importante na questão da discussão da homofobia<br />

nas práticas ‘psi’. Uma discussão que, desde a implementação<br />

da resolução 01/99, encontra poucos<br />

e<strong>sp</strong>aços para o debate junto aos profissionais da<br />

<strong>Psicologia</strong>. Trata-se, portanto, de uma discussão<br />

que não poderia ser adiada e que mereceria debates<br />

mais frequentes como este. Assim, desde já, parabenizo<br />

a iniciativa.<br />

Em segundo lugar, gostaria de iniciar minha<br />

fala historiando, resumidamente, o meu percurso<br />

neste campo. Eu comecei a trabalhar com as<br />

questões de gênero ligadas, de algum modo, às<br />

diversidades de orientações sexuais e identidades<br />

de gênero, quando comecei a trabalhar com<br />

a prevenção às DST/HIV-Aids. Neste momento<br />

ficou impossível não me colocar por inteiro. Não<br />

existiam ‘provas psicológicas’, ‘divãs’ e/ou teorias<br />

que conseguissem ‘neutralizar’ o envolvimento<br />

que a questão impunha. Enfim, nenhum anteparo<br />

entre mim e meu objeto de estudo era possível. Foi<br />

necessário que eu ‘saísse do armário’ enquanto<br />

pessoa para descobrir que a <strong>Psicologia</strong>, de algum<br />

modo, deu suporte teórico e prático, para a construção<br />

do ‘armário’ que encerra as pessoas LGBT<br />

(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais<br />

e Transgêneros). Um armário que, se por um lado<br />

‘protege’ as pessoas LGBT contra ataques homo-<br />

fóbicos advindos de diversas fontes externas (rua,<br />

escola, família, igreja, etc.), por outro, reforça a<br />

invisibilidade de suas experiências, o que as deixa<br />

muito vulneráveis a homofobia interiorizada,<br />

institucional, cordial e outras formas mais sutis<br />

de sua manifestação.<br />

Faz sentido eu falar disso aqui, até porque,<br />

para nós, psicólogos(as), sempre é um pouco<br />

estranho começar uma fala com um depoimento<br />

Mas eu me pergunto: até quando<br />

viveremos a ilusão de que um(a)<br />

pesquisador(a) é neutro(a) quando<br />

pesquisa? Isso é uma ilusão que não<br />

deve ter futuro.<br />

pessoal. Mas eu me pergunto: até quando vive-<br />

remos a ilusão de que um(a) pesquisador(a) é<br />

neutro(a) quando pesquisa? Isso é uma ilusão que<br />

não deve ter futuro. Evidentemente, cada qual tem<br />

o direito de escolher a ilusão que bem lhe couber.<br />

Mas aqui, falamos de uma questão que transcende<br />

as escolhas pessoais, que vai além, pois que é do<br />

plano de uma práxis coletiva. Vocês que estão<br />

aqui ouvirão a fala de alguém que se sente híbrido<br />

em três territórios: o científico, o acadêmico e<br />

o da militância junto ao movimento de LGBT. Eu<br />

tento ser nietzschiniano neste hibridismo, isto é,<br />

não acredito na essência das coisas, mas sim em<br />

interpretações.<br />

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CADERNOS TEMÁTICOS <strong>CRP</strong> SP <strong>Psicologia</strong> e diversidade sexual

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