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Psicologia e Diversidade Sexual - CRP sp

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28<br />

se transformou, pelo seu próprio desejo, em um<br />

homem e casou com uma mulher. Um casamento<br />

heterossexual. Um homem e uma mulher, certo? A<br />

mulher não pode engravidar, mas o casal quer ter<br />

um filho. Ele, que tem genitália e órgãos sexuais<br />

internos femininos, diz: “Meu bem, fazemos a<br />

inseminação artificial, eu gero o nosso filho”. E<br />

está aí o homem grávido!<br />

Isto é fantástico, porque são as possibilidades<br />

que o admirável mundo novo nos apresenta hoje em<br />

dia. A gente não pode mais parar nesse binarismo,<br />

homem e mulher, nós já estamos muito à frente<br />

disso. Algo que era só pensamento está virando<br />

realidade. Eu lembro muitos anos atrás, outra situação<br />

semelhante: quando a mulher toma muito<br />

hormônio masculino é muito comum aparecer calvície,<br />

e lá estava o rapaz careca, um baita homem<br />

e na época, há muitos anos, o repórter perguntava<br />

para ele: “Mas tu tens ainda vagina, útero, ovários,<br />

podes engravidar”, e ele dizia: “De forma alguma,<br />

eu estou tão cheio de hormônios masculinos que<br />

eu não vou engravidar, já perdi essa função”, e a<br />

gente vê agora nesse caso bem recente, que o rapaz,<br />

apesar dos hormônios, não perdeu essa função. A<br />

criatura está lá, é um homem e está grávido!<br />

Sobre a prática sexual, podemos dizer sem susto<br />

que nem sempre a prática sexual combina com<br />

a identidade de gênero. Por exemplo, o caso de um<br />

rapaz que se travestia, era uma travesti e, a partir<br />

de um determinado momento, assume a identidade<br />

de gênero feminina, ou seja, é uma mulher. Esta<br />

travesti se prostituía, fazia ponto numa esquina,<br />

e conheceu uma mulher também prostituta que<br />

fazia ponto na mesma esquina. Desenvolveram<br />

uma forte amizade e a travesti se apaixonou pela<br />

mulher. O que nós vamos pensar? Que elas passaram<br />

a ter uma relação lésbica, não é verdade? Se<br />

ela é uma travesti, se identifica como mulher e tem<br />

uma relação afetiva e sexual com outra mulher,<br />

ambas estão vivendo um relacionamento lésbico.<br />

Não, não são lésbicas. A travesti reassumiu sua<br />

identidade masculina, cortou os cabelos, tirou a<br />

saia, pôs calças compridas; casaram-se e hoje são<br />

um casal heterossexual bem comum.<br />

As possibilidades são muitas, as voltas são<br />

muitas, às vezes e<strong>sp</strong>iraladas, às vezes para cima,<br />

às vezes para baixo. Enfim, os caminhos são os<br />

mais variados que possamos imaginar. Hoje, na<br />

verdade, quase tudo o que nós quisermos imaginar<br />

pode se transformar em realidade, a gente inventa<br />

e faz, tem esse e<strong>sp</strong>aço da possibilidade.<br />

Pensar que homens que se dizem heterossexuais<br />

vão necessariamente transar com uma<br />

mulher, não é bem assim. No Brasil, inclusive,<br />

tem essa coisa que o machismo construiu, que<br />

o homem é o garanhão, não pode perder uma<br />

oportunidade de transar, o garanhão pode e deve<br />

transar com todas as mulheres e, quiçá, com o<br />

“viado”. Na hora que o garanhão transa com<br />

outro homem, ele não deixa de se sentir macho.<br />

É uma relação completamente homossexual, mas<br />

ele acha que ele é o homem porque ele é ativo na<br />

relação sexual. Então, as caixinhas estão completamente<br />

deslocadas, precisamos criar novas<br />

ou, quem sabe, acabar com todas e misturar todo<br />

mundo no mesmo caldeirão. Eu acho que hoje<br />

o caldo é o lugar para onde estamos realmente<br />

nos dirigindo, estamos construindo esse lugar<br />

da mistura.<br />

Sobre a prática sexual, podemos<br />

dizer sem susto que nem sempre<br />

a prática sexual combina com a<br />

identidade de gênero.<br />

Em relação às políticas de saúde, vamos ver<br />

que algumas demandas são comuns a todas as pessoas<br />

LGBT. Todas as letrinhas têm alguma necessidade<br />

comum, e outras, mais e<strong>sp</strong>ecíficas. Porém, a<br />

necessidade do auxílio para a superação do sofrimento<br />

mental está em todas essas categorias LGBT.<br />

Esse é um ponto comum a todas essas pessoas,<br />

porque estar “dentro do armário” traz sofrimento<br />

para si; “sair do armário” também, porque gera<br />

preconceito e discriminação. Em qualquer lugar<br />

que estejamos, dentro ou fora, estamos de alguma<br />

forma sofrendo pressão, ou de nós mesmos ou da

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