Psicologia e Diversidade Sexual - CRP sp
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Travestis, transexuais e<br />
transgêneros:<br />
novas imagens e expressões da<br />
subjetividade<br />
Wiliam Siqueira Peres<br />
Psicólogo, Professor do Departamento de <strong>Psicologia</strong> Clínica, da Faculdade de Ciências e Letras de Assis, da Universidade<br />
Estadual Paulista (Une<strong>sp</strong>), Líder do GEPS/CNPq – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre as <strong>Sexual</strong>idades. Tem estudado<br />
a <strong>Psicologia</strong> das Diferenças, orientado pelos Estudos de Gêneros e <strong>Sexual</strong>idades, dialogando com a Esquizoanálise e<br />
Estudos Queer, voltados para Estratégia Saúde da Família e à população Travesti Brasileira. Entre as últimas publicações<br />
destaca-se a co-autoria dos livros Subjetividad y Contexto: matar a la muerte (2009), pela Editora Madres de Plaza de<br />
Mayo – Argentina e <strong>Diversidade</strong> <strong>Sexual</strong> na Educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas (2009), pelo<br />
Ministério da Educação do Brasil.<br />
Lívia Gonsalves Toledo<br />
Psicóloga, Membro do GEPS/CNPq – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre as <strong>Sexual</strong>idades, Mestre em <strong>Psicologia</strong> e<br />
Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em <strong>Psicologia</strong> pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita<br />
Filho” – FCL de Assis-SP.<br />
A emergência da visibilidade de novas identidades<br />
sexuais e de gêneros na contemporaneidade<br />
tem provocado um grande “cisma” nos discursos<br />
e referências que norteiam os padrões sociais,<br />
políticos e culturais, bem como de conceituação<br />
teórica e científica. Trata-se de uma reversão do<br />
platonismo que desestrutura as lógicas binárias e<br />
de referências que se orientam pela biomedicina<br />
e fundamentação essencialista.<br />
Uma verdadeira sopa de letrinhas, como já foi<br />
apontado por Regina Facchini (2005), tais como<br />
LGBTTT – lésbicas, gays, bissexuais, travestis,<br />
transexuais e transgêneros – embaralha os códigos<br />
de inteligibilidade e apavora os viciados em<br />
identidades e desejosos de normas. Uma sigla que<br />
ganha sentido e se insere na agenda internacional<br />
de defesa dos direitos sexuais e humanos, agre-<br />
gando outras letras de acordo com as demandas<br />
da organização social e política de cada país, que<br />
pede reconhecimento e emancipação para suas<br />
diversidades, como é o caso da inclusão da letra<br />
“i”, para intersexo, ou ainda da letra “q”, para a<br />
expressão “queer”.<br />
Neste recorte que apresentamos vamos nos<br />
limitar a problematizar as letras “TTT”, que nos<br />
remetem às expressões sexuais, de gêneros e<br />
existenciais das chamadas travestis, transexuais<br />
e transgêneros.<br />
Embora possamos associar a generificação do<br />
feminino que se materializa nos corpos construídos<br />
por uma cadeia de delineamentos presentes<br />
no di<strong>sp</strong>ositivo, apresentado por Gilles Deleuze<br />
(1989) como sendo um emaranhado de linhas e<br />
por uma complexidade de fatores que participam