pequeno dicionário - CCHLA - Universidade Federal da Paraíba
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gagueira foi cura<strong>da</strong> com exercícios de<br />
memorização de <strong>pequeno</strong>s trechos, sendo o<br />
mais importante deles o de boas-vin<strong>da</strong>s ao<br />
maestro Carlos Gomes. A técnica de<br />
memorização não logrou sucesso e o<br />
menino continuou gago, o que dificultou<br />
sua permanência na escola. Aos poucos, ele<br />
parara de falar e tinha acessos de choro. Por<br />
decisão do seu pai, que se afastava <strong>da</strong><br />
família para assumir um emprego em<br />
Belém, foi viver com seu avô materno o<br />
capitão Urbano Gondim, em Timbaúba,<br />
antiga prescrição do médico <strong>da</strong> família. Ao<br />
contrário dos amigos engomadinhos do<br />
Recife, seus companheiros passaram a ser<br />
os filhos dos colonos, meeiros e modestos<br />
empregados do avô, com quem partilhava<br />
uma vi<strong>da</strong> livre. Após uma tempora<strong>da</strong> no<br />
interior e de exercícios de falar sozinho, o<br />
menino ficou curado <strong>da</strong> gagueira, mas aos<br />
nove anos não sabia ler, nem escrever. A<br />
despeito dos esforços do pai, Chateaubriand<br />
era aos dez anos de i<strong>da</strong>de, um moleque de<br />
rua, a quem pouco interessavam os saraus e<br />
conversas culturais a que esse lhe submetia,<br />
como demonstra o fato de chegar a esta<br />
i<strong>da</strong>de e ain<strong>da</strong> não ter se alfabetizado. Já era<br />
quase um rapaz quando iniciou as primeiras<br />
letras com os paraibanos Manoel Távora<br />
Cavalcanti e Álvaro Rodrigues Campos, que<br />
costumavam visitar a casa <strong>da</strong> família em<br />
Dois irmãos. Os anúncios, ou “manteigas”,<br />
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como eram conhecidos, dos jornais Diário de<br />
Pernambuco e Jornal do Recife foram sua<br />
primeira cartilha. Dessa maneira informal,<br />
ain<strong>da</strong> analfabeto, passou a estu<strong>da</strong>r francês<br />
com um belga, e em pouco tempo estava<br />
arranhando francês. Após algumas<br />
mu<strong>da</strong>nças, de volta ao Recife, ele enfrentou<br />
a seleção <strong>da</strong> Escola Naval, na qual obteve<br />
desempenho sofrível em português e<br />
matemática, representado pelo<br />
“Simplesmente”, com Plenamente em<br />
geografia, francês e cosmografia do Brasil.<br />
Aos doze anos deixa de ser analfabeto.<br />
Gilberto Freyre afirma que mouro é o<br />
melhor adjetivo para Chatô, que para ele foi<br />
“um brasileiro que trabalhou como um<br />
mouro”. Provavelmente se referia ao fato<br />
de o paraibano ter começado a trabalhar ao<br />
doze anos, tão logo foi alfabetizado, em um<br />
armazém de tecidos, o Othon Mendes &<br />
Cia. Aproveitou o salário para investir em<br />
curso de línguas e em livros. Segundo<br />
Morais, o interesse do jornalista eram as<br />
leituras: “jornais, romances, revistas,<br />
ensaios, ele lia o que lhe caísse nas mãos”.<br />
Entre esses destacam-se a Reveu deux Mondes<br />
e Les Annales, periódicos franceses de grande<br />
prestígio à época, utilizados por ele para<br />
impressionar José Godói e Vasconcelos,<br />
diretor <strong>da</strong> Gazeta do Norte. Soube através<br />
dos franciscanos de uma biblioteca<br />
abandona<strong>da</strong> em um casarão <strong>da</strong> Ma<strong>da</strong>lena,