1-102 - Universidade de Coimbra

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Transmittida depois a Liguria, ás Gallias, e — em
breve tempo — á Hespanha por um navio infectado
vindo de Marselha, sabe-se que em todos estes Estados
se assignalou tristemente pelo alto numero de pestosos
que produziu.
«Em França — diz Gregorio de Tours (i) — a
mortalidade foi tão considerável que não foi possível
fixar o numero das victimas».
Em conclusão: esta epidemia tomou as proporções
históricas d'um memorável acontecimento.
Depois do século vi o flagello diminuiu um pouco.
No espaço de 800 annos a partir d'aquelle período
a Europa gosou d'uma relativa bonança, apenas
interrompida pelo alarme d'um ou outro Estado que
supportou o resquicio de tão horroroso mal.
Só a lembrança da peste antecedente — ainda de
todó não apagada da memoria dos povos, que por
tanto tempo a tinham supportado alliada a todas as
outras desgraças — vinha de quando em quando toldar
a expectativa.
Mas estes mesmos pronuncios que vinham, d'uni
ou outro ponto geralmente considerados uma simples
ameaça, ou prevenção exaggerada, nem aviso foram:
de nada serviram como lição e valeram pouco como
exemplo.
(1) Gregorii Turonensis Opera omnia, lib. ix, cap. xxn.
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