1-102 - Universidade de Coimbra

87
escreveu na occasião (i). Aquella, desde que a 28 de
Setembro ultrapassou o cordão, communicou a todo
o paiz o pavor d'uma conflagração maior; e então a
expectativa, successivamente nublada, deixou antever
maiores calamidades.
Estas mais se accentuaram com o desastre de
Camara-Pestana, que a 21 de Setembro sentiu os primeiros
effeitos do mal, aliaz facilmente attenuados pelos
soccorros immediatos.
A 11 d'Outubro voltou ao norte na tenção formal
de alargar os seus conhecimentos. Parece que procurava
o ensejo de pesquisar anatomo-pathologicamente
as lesões produzidas nos pestíferos.
E n'esta missão que o vemos empenhado quando,
mortalmente inficionado por uma inoculação accidentalmente
feita no decorrer de uma autopsia, a realisa
até final com a assistência de alguns collegas. Foi a
6 de Novembro.
Nos dias 7 e 8 ainda trabalhou, catalogando casos
e colligindo apontamentos.
A g regressou a Lisboa e n'esse mesmo dia communicou
a um amigo intimo a suspeita da moléstia.
Ainda ordenou e distribuiu trabalhos, mas com a tarde
chegou a plena certeza da doença, que após um curto
prazo de cruciantissimo padecimento tinha de victima-lo.
A 1 5 do mez de Novembro morreu Luiz da Camara-Pestana,
e com elle uma das promessas mais
brilhantemente esperançosas da Bacteriologia Portugueza.
(1) Vej. Coimb. Med; Med. Contemp; Gazeta Med. do Porto;
e Medic. Modern. ann. 1899-900.